Porto de Vitória
Semana
passada foi comemorado os 100 anos do Porto de Vitória.
Vimos vários especiais nos jornais locais contando
a história do porto. Nós do site Morro do Moreno
gostaríamos de relembrar personagens da história
canela-verde que foram de vital importância para as
atividades portuárias da Grande Vitória, como
João Moreno e Clementino de Barcellos.
João Moreno
No início da Colonização do Espírito
Santo, em 1535, João Moreno foi um dos colonos trazidos
por Vasco Fernandes Coutinho. João Moreno usava as
terras do morro para o cultivo e também exercia a função
de vigia. Do alto do Morro, ele observava a aproximação
de embarcações estranhas, e avisava ao donatário
para que este e sua equipe pudessem se precaver de eventuais
invasões.
Clementino de Barcellos
Clementino nasceu na última década do século
XIX, em Vila Velha, a 4 de maio de 1891. Nessa época
surgiram as primeiras ruas em substituição aos
caminhos então existentes. Vila Velha era um verdadeiro
poema composto por lindas manhãs ensolaradas e pelo
murmúrio do mar nas areias da desaparecida “Prainha”.
Nesse cenário cresceu Clementino. Já rapaz,
em 14 de novembro de 1914 – aos 23 anos de idade - assumiu
por nomeação do Governo Federal o cargo de sinalizador
do posto semafórico localizado no Morro do Moreno,
à entrada da Baía de Vitória, em substituição
ao seu falecido pai.
Esse posto tinha por finalidade identificar, por meio de uma
luneta de longo alcance, os navios ainda em alto-mar e verificar,
com antecedência de várias horas, se os mesmos
iriam ao Porto de Vitória, se vinham do sul ou do norte,
fornecendo detalhes, como o nome do navio, da companhia a
que pertencia, etc.
Um sistema de sinalização visual de auxílio
à navegação foi implantado entre o Moreno
e o maciço do Péla Macaco, chamado depois de
Atalaia (que significa guardião) e situado na baía
de Vitória. Ambos foram dotados de mastro encimado
por cruzeta. Cada haste da cruzeta recebia uma bandeira de
determinada cor.
Assim, por exemplo, a da esquerda, voltada para norte, recebia
bandeira vermelha indicando a aproximação de
navio no horizonte norte. A da direita, votada para o sul,
recebia bandeira azul indicando a chegada de navio procedente
do sul e a haste superior recebia bandeira branca informando
a vinda de barco do alto mar ou do leste. O posto de observação
do Péla Macaco repetia o mesmo sinal do Moreno, como
uma estação repetidora, e em conseqüência
disso passou chamar-se Atalaia, quando, na verdade, o verdadeiro
atalaia era o Moreno.
O intervalo dentre cada sinal de navio à vista e sua
chegada na boca da barra era de cerca de uma hora em viagem
de aproximação. Esses sinais terminavam em terra,
tanto na capitania do porto, como nos trapiches das empresas
de navegação, que ultimavam os preparativos
de carga e descarga por meio de alvarengas ou barcaças
que eram levadas por pequenas lanchas para serem atracadas
aos navios, já que o porto de Vitória ainda
não tinha berço suficiente de atracação.
Os dois postos eram dotados de cabana para abrigo do sinaleiro,
com cama de capanha e pequeno fogareiro.
O
posto do Moreno contava também com luneta de longo
alcance, necessária na identificação
das embarcações, das banderias ou outras informações,
como o prosseguimento de viagem sem escala em Vitória,
principalmente nos dias de mau tempo. Mais tarde, quando necessário,
podia a autoridade do porto falar por telefone direto com
o sinaleiro do Moreno, como também com o posto da praticagem,
que foi instalado na ilha dos Práticos, depois chamada
ilha da Baleia.
Foi nessa atividade que, em 1914, Clementino teve oportunidade
de avistar a aproximação do primeiro avião
que desceu em Vitória. Eram os almirantes portugueses
Gago Coutinho e Sacadura Cabral realizando a primeira travessia
aérea do Atlântico.
Em 1937, o Posto do Morro do Moreno foi extinto. Clementino
então passou a exercer a chefia de linhas dos Correios
e Telégrafos.
No livro Krikati Tio Clê e o Morro do Moreno, que será
lançado em maio de 2006 com patrocínio da CHOCOLATES
GAROTO, o escritor Walter de Aguiar Filho resgata toda a magia
de Vila Velha numa aventura infanto juvenil, abordando fatos
marcantes da nossa história, dentre eles, o posto semafórico
que funcionava no topo do Morro do Moreno.
Fontes
de pesquisa:
Jair
Santos (Fragmentos de uma História)
Dijairo Gonçalves Lima (Vila Velha, seu passado e sua
gente)
LINKS
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Krikati, Tio Clê e o Morro do Moreno
Clementino
de Barcellos
João
Moreno
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