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Ano de 1590 e 1591 - Por Basílio Daemon

Convento da Penha - Expedição de Hartt, 1870

1590. Tendo em 1577, a 11 de maio, sido nomeado por carta régia de el-rei D. Sebastião para o lugar de primeiro prelado e administrador eclesiástico do Rio de Janeiro, com jurisdição nesta capitania, o presbítero do hábito de São Pedro, padre Bartolomeu Simões Pereira, é neste ano concedida pelo mesmo prelado que aqui viera para esse fim a administração da Ermida de Nossa Senhora da Penha aos religiosos franciscanos, sendo pelos mesmos que aqui se achavam aceita a dita posse e mais tarde passada a escritura, indo logo ali residir frei Nicolau Afonso, que converteu logo a ermida em uma capela com maiores proporções, sendo nessa obra muito coadjuvado por Brás Pires e Amador Gomes.(117)

1591. É neste ano passada, a 6 de dezembro, a escritura de posse e entrega da Capela de Nossa Senhora da Penha, com aprovação do prelado da diocese, padre Bartolomeu Simões Pereira,(118) e anuência e combinação com D. Luíza Grinalda, que então governava a capitania, fazendo esta não só doação da capela, como de parte da colina onde a mesma se achava, ficando desde essa data pertencendo aquele monumento religioso à Ordem Franciscana.(119) Mais tarde para ali se passaram frei Antônio dos Mártires e frei Antônio das Chagas, os quais deram princípio ao convento do lado de terra, isto é, ao lado onde existe a sacristia, o pequeno refeitório, salas e quartos. É preciso notar que frei Pedro Palácios só fez uma ermida, hoje a capela-mor edificada por frei Nicolau Afonso que fez também o corpo da igreja, e coadjuvado por outros; frei Antônio das Chagas e frei Antônio dos Mártires é que fizeram mais tarde a parte do lado de terra que serviu por muito tempo de convento, com celas, refeitório e cozinha, sendo, pois, construído aquele grande monumento por partes, como se vê.

Idem. É fundado neste ano, nesta hoje capital, o convento e igreja dos frades franciscanos por frei Antônio dos Mártires e frei Antônio das Chagas, com a invocação de São Francisco das Chagas, às expensas de esmolas, doações, produto de trinta escravos e 90$ anuais com que concorreu até finalizar-se a obra a Fazenda Real.(120) Residiram os frades, durante o tempo em que se fizeram as ditas obras, em uma pequena casa religiosa, construída no princípio da ladeira que vai dar naquele convento, no local do lado da Lapa, e onde se vêem ainda as ruínas dessa casa e pequena capela, que ali existiu; seguiam-se depois as senzalas dos escravos, para o lado da montanha da Lapa, o que deu lugar à denominação que ainda hoje conserva. Mais tarde mudaram-se os religiosos para cima, e ali se estabeleceram prosseguindo as obras até sua conclusão. Na capelinha de que falamos foi estabelecida uma devoção pelos escravos do convento, sob a invocação de São Benedito, depois foi recolhida a imagem ao convento e dali tirada em princípios deste século e colocada na Capela de Nossa Senhora do Rosário.

Idem. Chega neste ano a esta capitania a fazer nela residência o prelado administrador Bartolomeu Simões Pereira, que tinha, como dissemos, nela jurisdição, por a mesma ter sido desanexada da prelazia da Bahia por breve de Gregório XIII, datado de 19 de julho de 1576. Este prelado viera refugiar-se das perseguições que lhe moveram os povos do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas, e aqui residiu seis anos, vindo a falecer, dizem que envenenado, nesta então vila da Vitória, em 1597, no mesmo ano e meses depois que morrera o venerável padre José de Anchieta, tendo até assistido às pomposas exéquias feitas ao mesmo na Igreja de São Tiago.121

 

Notas

 

117 “Frei Nicolau Afonso converteu a ermida a choupana do missionário...” [Machado de Oliveira, Convento, p. 126]

118 “...como efetuaram por escrituras celebradas no ano de 1591, que mereceram a aprovação do prelado administrador do Rio de Janeiro, Bartolomeu Simões Pereira.” [Pizarro, Memórias, II, p. 13]

119 (a) “Faz parte deste convento a pequena capela de Nossa Senhora da Penha por convenção das câmaras da Vitória e Espírito Santo, e aprovação de D. Luíza Grinalda que governava a província por morte de seu marido Fernandes Coutinho. Esta convenção foi feita em 6 de dezembro de 1591.” [Rubim, F. A. Notas, p. 263] (b) Escritura de doação da capela de Nossa Senhora da Penha pela governadora Luísa Grinalda aos religiosos menores capuchos, 1591, transcrita na íntegra por Röwer. [Convento, p. 34-8] (c) “D. Luiza Grinalda e as câmaras das vilas do Espírito Santo e Vitória fizeram doação do cume do morro e capelinha de Nossa Senhora da Penha aos religiosos menores capuchos (6 de dezembro).” [Rubim, B. C., Notícia, p. 338] (d) “...como efetuaram por escrituras celebradas no ano de 1591, que mereceram a aprovação do prelado administrador do Rio de Janeiro, Bartolomeu Simões Pereira.” [Pizarro, Memórias, II, p. 13] (e) “…e no mesmo ano [1591] aprovou a escritura de doação da capela da Senhora da Penha da capitania do Espírito Santo aos padres capuchos como ali referi.” [Pizarro, Memórias, II, p. 219-20, nota 36]

120 (a) Machado de Oliveira, Convento, p. 127. (b) Nery, Carta pastoral, p. 26-7, nota 2.

121 “...não consta o ano que faleceu, e supõe-se ter sido depois de 1597.” [Rubim, B. C., Memórias, p. 165]

 

Nota: 1ª edição do livro foi publicada em 1879
Fonte: Província do Espírito Santo - 2ª edição, SECULT/2010
Autor: Basílio Carvalho Daemon
Compilação: Walter de Aguiar Filho, outubro/2019


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