O Coronelismo
Além do nome oficial, o que mais mudou com o advento da República?
Para as chamadas populares, pouca coisa – ou nada. Era hora de esquecer o discurso agressivo dos panfletos e folhetins da campanha republicana que falavam em “defender os interesses do povo” ou em “ideais democráticos”. “O povo”, como resumiu o articulista Aristides Lobo do jornal O Paiz do Rio de Janeiro, “assistiu bestificado à Proclamação da República, não entendeu nada”. Obviamente não entendeu porque não participou.
No entanto, para a elite política e econômica capixaba, mudanças significativas aconteceram. Com a consolidação do novo regime político, a antiga província do Espírito Santo, agora chamada Estado, passou a ser governada pelos membros da própria elite local.
Pela primeira vez, em toda a sua história, o Espírito Santo seria governado por espírito-santenses, escolhidos por eleições diretas. De acordo com o princípio republicano, os estados federados têm certa independência administrativa em relação ao governo central.
Todavia é preciso que fique claro que a Constituição Federal de 1891 estabeleceu que somente os homens alfabetizados com mais de 21 anos teriam, direito de votar. O voto, por sua vez, não era secreto, dando margem para que as lideranças políticas locais – os chamados coronéis – manipulassem a escolha dos eleitores: era o “voto de cabresto”.
Cada vila ou cidade passou a ter seus coronéis. Cada coronel, que na maioria dos casos era um grande fazendeiro ou um comerciante influente, tinha o seu “curral eleitoral” sob controle. Em razão de compromissos assumidos ou em troca de favores pessoais concedidos pelo coronel, o eleitor só votava no candidato indicado por ele.
Teremos, portanto, literalmente, uma República dos Coronéis.
Fonte: Livro História do Espírito Santo - uma abordagem didática e atualizada 1535 - 2002
Autor: José P. Schayder
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2014
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