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Piúma, a cidade das conchas

Enseada de Anchieta, onde também são catadas as conchas para artesanato da região

As pernas cansadas revelam marcas do árduo trabalho desenvolvido por Marco Antônio Serafim dos Anjos, de 68 anos, um dos moradores mais antigos de Piúma, no litoral no Sul do Espírito Santo. Como catador de conchas, ele contribui para o crescimento do balneário e ajuda a torná-lo conhecido nacionalmente.

Seu Marco é um dos que ainda sobrevive das carapaças protetoras de moluscos marinhos na cidade das conchas.

Ele conta ainda que iniciou a atividade na praia quando criança. “Meus país catavam conchas aqui para sobreviverem. Eu e meus irmãos aprendemos com eles esse humilde trabalho. Há 20 anos, abandonei o meu comércio e resolvi viver somente de vendas de conchas”, relatou.

"Antes, tínhamos muitos sacos de conchas, mas hoje a produção diminuiu. Mesmo assim, tenho encomendas para toda a região Sudeste do Brasil", disse ainda.

Cabeça de passarinho, budigão, concha de pó e até asa de anjo. Esses são alguns nomes de tipos de conchas existentes nas praias de Piúma.

Com o material, pode-se encontrar cinzeiros, cortinas, luminárias, brincos, chinelos e saboneteiras.

Na década de 1980, o município era responsável por 85% do artesanato de conchas do Brasil.

Atualmente, mais de 200 famílias da cidade ainda vivem desse tipo de artesanato, que é exportado para vários países da América do Sul, para os Estados Unidos e para a Europa.

Segundo a artesã Josephina Guimarães, 62, os moradores mais antigos relatam que até mulheres de autoridades do município faziam a arte.

Jô, como é conhecida, é filha de Dona Carmem Muniz, considerada pioneira no ramo de artesanato em conchas.

"Minha mãe é referência quando se fala no artesanato em conchas na cidade. Ela faleceu há 20 anos, em março de 1996, e deixou um legado reconhecível. Hoje eu sigo a arte dela, fazendo as belíssimas flores em conchas que já foram para diversos países", contou Josephina.

Atualmente, o artesanato local continua sendo produzido em fundo de quintais, com mão de obra familiar, contribuindo para a geração de emprego e renda no município.

Jóias feitas com casca de sururu

A criação do Núcleo da Concha, que teve o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Prefeitura de Piúma, foi um avanço para diversificar o trabalho dos artesãos no município.

Foi através de uma das oficinas do Sebrae que o artesão Dirceu Aparecido Borreio, de 55 anos, viu que poderia mudar de vida fazendo jóias de prata com casca de sururu e conchas.

Designer de jóias há 26 anos, Dirceu decidiu mudar o rumo de sua produção nos últimos oito meses, depois de receber uma consultoria.

Durante uma oficina de produção e criação de jóias, o consultor Renato Ambrósio, do Sebrae, incentivou o artesão a criar peças com matéria-prima da região.

Foi a partir daí que Dirceu começou a desenvolver brincos, colares, pingentes e pulseiras com a casca do sururu.

"Fiz os primeiros testes e fomos vender em Anchieta e em algumas feiras. O último evento que participamos foi a Feira Nacional de Negócios e Artesanato, em Olinda, Pernambuco. Vendemos todos os materiais que fizemos, não sobrou nada. Saí de lá com muitos pedidos", contou.

O artesão é responsável por toda a produção, desde o recolhimento da casca do sururu na praia, até o processo para derreter a prata. "As oficinas me ajudaram muito", destacou Dirceu.

Arte na Itália e nos EUA

Atualmente em Piúma, na região Sul do Espírito Santo, existem cerca de 200 famílias que vivem do artesanato em conchas, segundo a Associação dos Artesãos de Piúma (Asapi). Obras feitas por lá já foram parar em vários estados brasileiros e diversos países da América Latina, além dos Estados Unidos e da Itália.

A artesã mineira Jusimar Cristina de Paula Eler, que é casada com um capixaba, se encantou pelo balneário. Desde quando chegou, há 15 anos, cata conchas para fazer umas obras de arte com a matéria-prima da região.

Jusimar revela que conta com a ajuda do marido e da filha de 15 anos. "Já vendi peças para a Itália e, em breve, vou enviar uma leva de obras para os Estados Unidos. Além disso, temos uma produção enorme para atender os mercados de Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e de Minas Gerais", salientou.

"O artesanato me deu uma nova vida e ajudo dentro de casa com as minhas vendas. Temos um trabalho em família", destacou a artesã.

SAIBA MAIS

Sebrae dá apoio a artesãos

O PROGRAMA SEBRAE de Artesanato atende grupos de artesãos que utilizam matéria-prima residual e/ou abundante na natureza. No caso de Piúma, são anchas e escamas de peixe.

PARA SE FORMALIZAR, o Sebrae orienta que o interessado procure o Programa Estadual de Artesanato — na Secretaria de Estado de Trabalho Desenvolvimento e Assistência Social, em Barro Vermelho, Vitória — para tirar a Carteira Nacional de Artesão. A média salarial do artesão é de R$ 1.600.

O ARTESÃO também deve procurar a Federação das Associações do Estado do Espírito Santo para se filiar a alguma associação de artesãos.

PARA ABRIR empresa, o artesão deve buscar o Sebrae mais próximo e se formalizar como Microempreendedor Individual (MEI) ou Microempresa de Artesanato.

 

Fonte: A Tribuna, Caderno Regional, 28/08/2016
Autor: Vinícius Rangel
Compilação: Walter de Aguiar Filho, setembro/2016

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