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Ponto final: Paul

O Bonde passando sob o viaduto da Estação Leopoldina, situada no bairro Argolas

O ponto final de bonde, em Paul, por ser um local de espera para embarque e desembarque, ensejava ali e em suas adjacências a existência de um pequeno comércio. Além do barzinho, havia cerca de meia dúzia de barraquinhas toscas de madeira e cobertas de zinco e vendedores ambulantes, que também tiravam proveito do local. Ali compravam-se bananas, laranjas e outras frutas.

A cana caiana era vendida de um modo muito engenhoso. Depois de descascada e cortada, suas rodelas eram espetadas na própria casca da cana. Essa casca era preparada em tiras largas e cuidadosamente aberta em várias lascas sem que a sua base fosse atingida. Da base, que servia para segurar, se abriam cinco tiras com as pontas afiadas onde se esperavam as rodelas descascadas da cana, formando com essa disposição uma espécie de buquê. Ao invés de flores, as saborosas rodelas, macias e doces que nem açúcar.

A estudantada, na espera do bonde, vindo de bote ou de barca até Paul, era grande consumidora desse produto, como também das laranjas Bahia, pêra e seleta.

Foi nessa época, na década de 40, que surgiu a máquina de descascar laranja. Com ela os laranjeiros aumentaram consideravelmente a venda dessas frutas. Com essa máquina descascavam laranjas com presteza e uniformidade, tirando fitas finas e deixando-as sem nenhum ferimento nos seus gomos, produzindo um bagaço inteiriço depois de chupadas. Com esse bagaço a meninada desocupada ou mesmo os ambulantes que mantinham ali o seu ponto faziam embaixadas, controlando-o com um dos pés descalços, disputando quem mais vezes nele batia sem deixar cair no chão, como se fora uma bola.

Nesse comércio ambulante uma guloseima muito festejada eram as cocadas vendidas em tabuleiros. A nossa preferida tinha o sabor de laranja, um paladar de que até hoje não encontramos iguais. O amendoim torrado, o bolo de aipim, o cuscuz, tudo fazia do ponto de espera um meio para satisfazer o nosso apetite voraz de criança, de adolescente mesmo, e estimular o gasto das nossas parcas economias em tostões. Até os passes escolares, nesse mercado da comilança, viravam moeda.

 

Fonte: Ecos de Vila Velha, ano 2001
Autor: José Anchieta de Setúbal
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2010

Bonde

O Bondinho de Cachoeiro

O Bondinho de Cachoeiro

Nas ruas apertadas, calçadas de paralelepípedos, o bondinho (que até nem era grande), atravancava o trânsito, rangendo, gingando, provocando barulhenta estática nos rádios receptores das residências, entrando em disputa com as carroças, caminhões, alguns poucos fordecos e chevrolets, de passeio, na primazia da passagem

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