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Ruínas dos Jesuítas

Ruínas dos Jesuítas

As ruínas estão localizadas onde era a grande Fazenda Araçatiba, que se estendia da primeira cachoeira do Rio Jucu, em Viana até a foz na Barra do Jucu, chegando na Ponta da Fruta.

Araçatiba foi uma fazenda administrada por jesuítas a partir de 1716, onde já existia uma residência “inaciana”, fundada em 1556 pelo Padre Brás Lourenço ajudado pelo Cacique Piraogib. Este cacique era da tribo Tupiniquim, embora, naquela época, fosse comum índios da tribo Botocudos e/ ou Aimorés nesta região.

Hoje, Araçatiba é um bairro de Viana, que tem este nome em virtude da citada fazenda. Esta possuía cerca de 850 serviçais, entre negros, escravos e índios, sendo um dos quatro locais para catequese de índios do Espírito Santo.

Especulou-se por muito tempo ser nas Ruínas do Rancho Forte, localizada na Fazenda de Araçatiba, uma capela, chamada de “Capela Jaguarussú”, Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, tendo como orago São João Batista, onde inclusive conforme registro paroquial, foram realizados inúmeros batizados pelos jesuítas.

Com o passar dos anos, descobriram resquícios em Camboapina (zona rural de Vila Velha), que na verdade seria a citada capela. Deduziu-se então que, aquele local era um ponto estratégico para manter contato, através de tochas, com o Convento da Penha, Morro da Fonte Grande e com a sede da Fazenda.

Canal dos Jesuítas

Pelo fato das Ruínas estarem localizadas à beira do Rio Jucu, as mercadorias como cana-de-açúcar, desciam pelo rio passando por um canal que ligava o Rio Marinho chegando até o Mercado da Vila Rubim. Este canal, chamado Canal dos Jesuítas, foi o primeiro construído no Brasil, com aproximadamente 300 metros, datado de 1740. O canal foi uma obra projetada pelos Jesuítas e construído pelos índios, além da retificação do Rio Marinho viabilizando o acesso a Baía de Vitória.

Esta grande obra vinha facilitar o transporte que anteriormente era feito por burros até Cariacica, seguindo por barcaças chegando a Vila Rubim e/ou pelo próprio Rio Jucu. Como o Rio Jucu mais perigoso, além de mais longo, foi feito o canal.

Posteriormente, a Fazenda Araçatiba foi dividida em outras como: Tanque e Borba, Fazenda Jucu e Fazenda Jucuruaba. Esta última, provavelmente, detinha as Ruínas Jesuíticas do Rancho Forte, abrangendo as regiões: Água Branca, Pedra da Mulata, Boa Esperança, Pau Lavrado e adjacências, propriedade do tesoureiro geral da província.

O Príncipe

Vários relatos foram arquivados desde a visita do príncipe Maxmiliano Weid Newvied, notável naturalista alemão, à Fazenda Araçatiba em 1815.

O príncipe hospedado na Barra do Jucu viajava quase que diariamente dali para Araçatiba, seduzido pelas imponentes florestas, explorando durante dois meses e colhendo raríssimos exemplares zoológicos e botânicos, os quais ainda hoje, existem no Museu Americano de História em Nova York, adquirida através dos descendentes de Maximiliano em 1870.

Dona Ambrosina

Conversas informais com Dona Ambrosina, de 90 anos de idade, antiga moradora das Ruínas Jesuíticas do Rancho Forte, indicaram que naquele local era mantido um pequeno porto atracadouro, que funcionava dia e noite, com subida e descida de mercadorias.

Curiosidades

 Os pescadores da Barra do Jucu costumavam subir o rio utilizando o Canal dos Jesuítas para venda (escambo) do pescado na Vila Rubim...

 Kleber Galvêas diz que naquele ponto, à beira do Rio Jucu, eram realizados encontros de “Rodas de Congo”...

 Ouvem-se lendas de descobertas de tesouros enterrados ou escondidos nas colunas das casas pelos próprios jesuítas em sua expulsão (1759)...

 Populares e apreciadores de história de Cobilândia contam que na fuga, os jesuítas transportaram seus pertences (inclusive tesouros) e aconteceu uma enchente que provocou o naufrágio de uma de suas caravelas no Rio Marinho que nunca foi encontrada...

 Lilico, um dos diretores da ABAPA (Associação Brasileira dos Passos de Anchieta), afirma que o Padre José de Anchieta, administrador da Catequese de Reritiba, em Anchieta, alternava seus caminhos e passava muitas vezes por lá...

 É fato, que a Coroa Portuguesa bloqueou as estradas, proibiu a construção de novas, visando evitar o contrabando das riquezas das Minas Gerais pela Capitania do Espírito Santo tornando os rios como única via. Por estas e outras razões, segundo antigos ribeirinhos da região, o Rio Jucu era movimentado como uma grande avenida...

 A descida ecológica do Rio Jucu sempre teve como ponto principal de parada o local onde encontram-se as Ruínas.

 Com certeza sempre teremos mais a acrescentar; onde histórias e estórias, realidades e lendas, crenças e sabedorias populares estão e continuarão valorizando o que gira em torno das Ruínas Jesuíticas do Rancho Forte... .

Como chegar às Ruínas:

As Ruínas encontram-se no Rancho Forte, um espaço que desenvolve diversas atividades agroturísticas, dentre elas: restaurante de comida típica da roça servida “a la carte”, passeios a cavalo e de charrete, hotel para cavalos, floresta de seringueiras, criação de gado e o turismo arqueológico.

Para chegar: pegar a Rodovia do Sol sentido Vila Velha x Guarapari e entrar a direita após o Aeroclube da Barra do Jucu, seguindo 6 km.

Horário de funcionamento: sábados, domingos e feriados nacionais de 9 às 18h. Segunda à sexta de 9 às 16h com agendamento prévio.

Maiores informações: 

Val Lisbôa
Sócia-proprietária - Rancho Forte 
(27) 99239-8070

w w w . r a n c h o f o r t e . c o m . b r

 

Fontes de Pesquisa e Colaboradores

Roberto Abreu – Pesquisador
Prof. Celso Perota – Historiador e Arqueólogo
Heribaldo Lopes Balestreiro - A obra dos Jesuítas no Espírito Santo, Viana, 1979 e O Povoamento do Espírito Santo
Prof. Miguel Kill
José Teixeira de Oliveira - História do Estado do Espírito Santo, 1975
Kleber Galvêas - Artista Plástico
Elmo Luis Campos Dall´orto – Engenheiro, ex-diretor do DNER.
Dona Ambrozina, moradora da Ruína em 1912. 
Prof. Dra. Amélia Portugal.
Túlio Von Rondon, pesquisador dos registros Jesuíticos do arquivo Público Estadual.



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