A Cruz das Almas – Por Adelpho Monjardim
No litoral vilavelhense, pouco abaixo das ruínas de antiga fábrica, em direção a Vitória, sobre pequeno e arredondado cabeço de pedra, à flor das águas, ergue-se uma cruz cimentada na rocha, caiada, como as que se encontram nos cemitérios. Pouco afastado da margem, o rochedo mergulha em águas profundas.
Era hábito, quando ali passávamos, observar a solitária cruz que tanto nos intrigava. Antigo morador de Jaburuna contou-nos a sua história. Há muitos anos, às tardes, um frade costumava pescar naquele rochedo. Lançada a linha, paciente esperava o peixe engolir a isca ajustada ao anzol.
Naquela hora costumeira da tarde, o bom frade não retornou ao Convento. Um atraso, coisa natural, não dava para preocupar, porém, noite e Frei Francisco não aparecia. A coisa mudou de figura e as apreensões cresceram. Amanheceu e nada de aparecer o pescador. Não restavam mais dúvidas, ele se afogara. O batelão lá estava junto à pedra. Certamente ao fisgar o peixe, num arranco mais brusco, desequilibrara-se, caindo ao mar. Lugar profundo e ele não sabia nadar.
Dias depois o corpo boiava nas imediações do Penedo. Fora a sua última pescaria.
Oficiada a missa de sétimo dia, começaram os boatos: todas as noites o finado surgia no local do sinistro. Trepado na pedra, lamentosamente pedia que o tirassem dali. Os que à noite freqüentavam aquelas paragens confirmavam o fato. Hoje, movimentadíssimo, o Porto de Vitória não tem mais lugar para assombrações. O fantasma da Cruz das Almas caiu no olvido.
Fonte: O Espírito Santo na História, na Lenda e no Folclore, 1983
Autor: Adelpho Poli Monjardim
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2015
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