A Baixa Grande - Por Adelpho Monjardim

Fora da barra, não mui distante, como famintos tubarões as baixas — Grande, Pequena e Cavalo, formam um triângulo irregular, com o vértice virado para terra e não muito afastado da Ponta de Santa Luzia. A Baixa Grande e a Pequena são os perigosos catetos. O óbice maior é a Grande, seguindo-se-lhe a Pequena. Consiste aquela em traiçoeira laje, submersa, com cem metros de comprimento e quarenta de largura. Nas marés altas acoberta-se sob dezoito pés de água e doze nas baixas. É extremamente temida pelos homens do mar. Não há quem a defronte sem medo e sem pavor. O seu acervo de naufrágios é respeitável. Entre os principais o do “Nápoles”, navio italiano, com carregamento de mármore e o inglês “Glenorchy”. A sua história é um rosário de sinistros, uma seqüência de mortes, de luto e de desespero.
Paciente o monstro espera o navegante incauto que se vai estralejar nas suas agudas e afiadas arestas e sepultar-se num túmulo de rochas e de algas.
Muitos pescadores do antigo Porto das Pedreiras encontraram a morte naquelas sinistras paragens. Em uma única noite uma família inteira de pescadores pereceu nas suas águas. Ali o mar é sempre agitado. Nas marés baixas ondas gigantescas rolam sobre as rochas com espantoso fragor, levando o pânico ao coração mais animoso. É uma reprodução do Inferno de Plogoff, na Ponta do Raz, onde não se passa sem medo e sem pavor. Tudo ali é pérfido, tudo ali é traiçoeiro, águas assassinas. De súbito o mar se agita, alteia e se encrespa em vagalhões, montanhas rolantes que se despenham na baixa, porejando em volta a branca espuma, na sua fúria epiléptica.
À sua passagem os mais curtidos marinheiros rezam, implorando a proteção da Santa da Penha.
Ouvimos, de encanecidos pescadores, que nas escuras noites invernais, quando ali é mais tempestuoso o mar, ou, vem-se, do profundo pélago, gemidos dos que pereceram no abismo das suas águas.
“Rugem na vaga as cóleras do oceano,
Saem das ondas doloridas notas
E, então, a espuma é o pensamento humano;
Palpita, aqui; desfaz-se além, em mágoas,
E nós passamos míseras gaivotas,
Mas aí não cessa o soluçar das águas”.
(Augusto de Carvalho Aranha)
Fonte: O Espírito Santo na História, na Lenda e no Folclore, 1983
Autor: Adelpho Poli Monjardim
Compilação: Walter de Aguiar Filho, outubro/2015
Consiste a interessante formação em compacto bloco de granito, sofrivelmente oval, superposto a outro menor, em perfeito equilibro
Ver ArtigoDefrontando o antigo Forte de São João, sede atual do “Clube de Regatas Saldanha da Gama”, ergue-se o Penedo
Ver ArtigoJunto ao mar, na encosta rochosa, abre-se uma gruta. A entrada é pouco alta e estreita, porém, ela se estende a profundezas desconhecidas
Ver ArtigoSituada na embocadura de importante rio, na orla marítima, possuidora de magnífico e extenso litoral, cedo desenvolveu-se, tornando-se próspera povoação, com intenso comércio com a Bahia
Ver ArtigoRaciocinando chega-se à conclusão que a escolha do espanhol tivera justo motivo. Pois da propriedade do mesmo não se avista a torre da igreja?
Ver ArtigoQuando vivia era hábito seu percorrer, à noite, os dormitórios para providenciar algo se preciso. Assim procedeu até aos últimos dias
Ver ArtigoNo município de Viana, a poucos quilômetros da capital, situa-se a lagoa de Jabaeté
Ver ArtigoEntretanto o Destino costuma ser caprichoso. Por uma noite de lua cheia, um forasteiro, vindo não se sabe de onde, passava pelas imediações do Forte
Ver ArtigoEntão como pode ser lobisomem o filho do Coronel Pitombo? Não é filho único?
Ver ArtigoRezam as crônicas que fugiram por uma passagem subterrânea, que ia sair no antigo Porto dos Padres
Ver ArtigoAs cavidades motivaram o nome popular de Pedra dos Olhos, embora o geográfico seja Frei Leopardi
Ver ArtigoNesse bucólico recanto, caprichosa a fantasia criou sombria história capaz de apavorar aos mais valentes. A ela prende-se o nome da região
Ver ArtigoUma enorme bola de fogo, partindo Pedra da Vigia, ia sumir-se na crista do Penedo
Ver ArtigoSó quem conhece a velha mansão pode avaliar o quanto se presta para cenário dessa natureza
Ver ArtigoSobre as lendas e crendices do Espírito Santo, pouco se tem escrito, embora, vastíssimo, o campo se encontre aberto à curiosidade dos pesquisadores do fenômeno
Ver ArtigoCorria como certo que, todos os dias, a alma de um frade sentava-se numa grande laje assinalada por uma cruz, talhada não se sabe por quem
Ver Artigo