Ano de 1534 – Por Basílio Daemon
1534. No dia 1º de junho deste ano faz el-rei D. João III doação a Vasco Fernandes Coutinho da capitania do Espírito Santo, contadas cinquenta léguas desde o rio Cabapuana (nome indígena derivado de caba, vespa, puane, em pé, e que por corrupção é hoje conhecido por Itabapoana, de ita, pedra, e puane, em pé), até o rio Mucuri (que julgamos derivado de mu, depois, e curi, irmão ou primo do homem). Eram contadas as cinquenta léguas, segundo a primeira divisão, desde a ponta do sul do rio Mucuri onde finalizava a donataria de Pedro Campos Tourinho até o rio Itabapoana, julgando ser esta área demarcada por Cristóvão Jaques, quando veio correr a costa brasílica em 1503 e verificá-la em 1526, levantando cartas e marcando pontos topográficos, pois de outra forma não podiam ser feitas as divisas desta doação.(9) Vasco Fernandes Coutinho fora homem de guerra e valoroso, estivera na Índia com o velho e aguerrido Afonso de Albuquerque, onde prestou serviços importantes e chegou ao posto de capitão de navio e mais tarde ao de alcaide-mor, retirando-se da Índia em 1522, indo residir em seu solar no Alenquer, tendo, como fidalgo que era, filho segundo de Jorge de Melo Lage(10) e D. Branca Coutinho, uma tença de moradia de 100$000, 3$500 como cavalheiro fidalgo, e mais uma segunda tença dada por D. João III em recompensa dos seus serviços prestados na Índia. Recebida a doação, Vasco Fernandes Coutinho vendeu o seu solar, fez cessão de suas tenças ao Estado a troco de um navio, contraiu diversos empréstimos, assalariou companheiros, proveu-se de todo o necessário e preparou-se assim para vir para sua capitania.(11)
Idem. A 6 de outubro deste ano é passada a carta régia a Vasco Fernandes Coutinho, concedendo el-rei D. João III, além de outras regalias, o direito de homizio àqueles que, em crimes não infamantes, viessem para a dita capitania do Espírito Santo, de que muitos se aproveitaram, e o mesmo Vasco Coutinho trouxe alguns refugiados da Bahia em sua volta de Portugal, quando tocou em Porto Seguro.(12)
Idem. A 7 de outubro deste mesmo ano foi passado, com todas as solenidades prescritas, o foral confirmando a doação da capitania do Espírito Santo a Vasco Fernandes Coutinho,(13) seu primeiro donatário, e no qual lhe foram concedidas as regalias de que podia gozar como grande senhor que era de jure e herdade, mas com certas e determinadas prescrições, como na mesma carta de doação e foral se lê.
9 (a) A FBN possui cópia dessa carta, assim como da de foral. Teixeira de Oliveira transcreve os dois documentos [HEES, p. 16-21 e 32-5], informando que “Em Évora, a primeiro de junho de 1534, D. João III apôs sua real assinatura à carta de doação…” [HEES, p. 23] (b) “Mapa explicativo do terreno em litígio entre os Estados do Espírito Santo e Minas demonstrando o direito que tem o Estado do Espírito Santo pela carta régia, de 1º de junho de 1534 de Dom João III a Vasco Coutinho”.
10 Teixeira de Oliveira usa Lágio em vez de Lages, mas em nota informa que o visconde de Lagoa escreve Lages. [Grandes e humildes, II, 162 e 174, apud Oliveira, HEES, p. 26, nota 8]
11 (a) Teixeira de Oliveira cita Pedro de Azevedo: “A quinta de Alenquer foi certamente vendida nessa ocasião, mas sem que o documento aqui transcrito e já do conhecimento de Varnhagen mencione essa venda, como pretendeu inadvertidamente o eminente historiador.” [Primeiros donatários, p. 200, apud Oliveira, HEES, p. 28, nota 26] (b) “Tendo liquidado os recursos de que podia dispor…” [Rocha Pombo, HB, p. 117]
12 “Faço saber que vendo eu como muitas pessoas de meus Reinos e Senhorios andam continuamente homiziados com temor de minhas justiças por delitos que cometem e a maior parte dos ditos homiziados se ausentam e vão viver a outros reinos e porque hei por melhor e mais serviço de Deus e meu que os sobreditos fiquem antes em terra de meus Senhorios e vivam e morram nela especialmente na capitania da terra do Brasil que ora fiz mercê a Vasco Fernandes Coutinho fidalgo da minha casa para que ajudem a morar, povoar e aproveitar a dita terra…” [Carta régia a Vasco Fernandes Coutinho, concedendo el-rei D. João III, além de outras regalias, o direito de homizio, in Rubim, B. C., Memórias, p. 19]
13 Transcrição em Teixeira de Oliveira [HEES, p. 32-5] e em Brás Rubim [Memórias, p. 21-8].
Nota: 1ª edição do livro foi publicada em 1879
Fonte: Província do Espírito Santo - 2ª edição, SECULT/2010
Autor: Basílio Carvalho Daemon
Compilação: Walter de Aguiar Filho, maio/2019
Festa antonina (Santo Antônio) realizada no dia 13 de junho de 1937, em Aribiri (Vila Velha), na chácara onde residia o Dr. Armando Azevedo, aqui nos versos tratado como "cumpade".
Ver ArtigoConfira a transcrição de matéria publicada no jornal A Gazeta em 27 de junho de 1961, sobre a festa do dia 17 de junho de 1961: Festa Junina no Ginásio "São José"
Ver ArtigoA Policia Militar jamais suscitou tanta evidência, seja na imprensa ou no seio da comunidade cultural, como neste ano em que comemora 150 anos de existência
Ver ArtigoO Norte da Província: uma região estratégica
Ver ArtigoO Reis foi introduzido em Vila Velha pelo Padre Antunes de Sequeira. Filho de Vitória, onde nascera a 3 de fevereiro de 1832
Ver Artigo