Antigos festejos de Vila Velha
Nota do site: Em meados dos anos 20, havia no Morro do Moreno um posto semafórico, em que bandeiras hasteadas em cores diferentes serviam para orientar os navios na entrada da Baía de Vitória. O Chefe do posto era o Sr. Clementino de Barcellos, figura ilustre de Vila Velha, homenageado no livro Krikati, Tio Clê e o Morro do Moreno.
No Morro do Moreno, nós, bem pequeninos, dormíamos enrolados nas bandeiras que orientavam os navios e embaladas pelo conjunto harmonioso de afinadas vozes. Vozes daqueles que já partiram e que só podemos ouvir pela recordação que nos deixaram.
Em volta da fogueira assavam-se batatas e canas. Soltavam-se fogos, balões e ainda à meia noite passava-se descalço sobre as brasas da fogueira.
Os jovens tiravam sortes com o copo d’água, onde se colocaram papeizinhos com nomes de rapazes ou moças: o que viesse à tona seria seu esposo ou esposa. A sorte do espelho constava do seguinte: a moça debaixo da cama, olhava um espelho novo. À meia noite o espelho estalaria e, se aparecesse uma noiva, seria casamento; um caixão, seria morte e, às vezes, apareciam um jovem, que seria o futuro marido.
Em épocas mais recentes, na década de 30, os cateretês, muito embora nunca tivessem desaparecido de todo, foram revividos e muito mais animados por diversas famílias que aproveitavam os aniversários de seus membros, ocorridos no mês de junho.
De modo que, anualmente, essas festas juninas se repetiam quase nas mesmas residências: dia 12, na da Sra. Rosinha Caldeira, festejava-se a data natalícia de sua filha Lourdes; no dia 13, na casa do Sr. Alexandrino Cruz, aniversário de seu filho Antônio, 20 e 25, na residência do Sr. Adolfo Barcelos, quando aniversariavam suas filhas Adília e Pepenha, respectivamente; dia 24, na casa do Sr. Clementino Barcelos, aniversário de seu filho João. Dia 29, era a vez da residência do Sr. Pedro Silva, pois era a data natalícia do chefe da família; e, como estas, outras famílias realizavam seus cateretês, festejando os aniversários e o mês das festas juninas.
Ao terminar uma festa, os presentes já estavam convidados para a próxima. E assim, durante todo o mês, num ambiente da mais pura amizade, as famílias se divertiam e homenageavam os santos do mês.
Como era simples a boa a nossa gente! Boa, ainda o é, porém a simplicidade, este dom tão acolhedor e agradável, não existe mais.
Livro: VilaVelha de Outrora, 1990
Autora: Maria da Glória de Freitas Duarte
Compilação: Walter de Aguiar Filho, julho/2012
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