A Prainha do meu tempo – Por Seu Dedê

Não existia o uso do termo Prainha por quem residisse onde hoje diziam ser a Prainha. Quando se falava vamos à Prainha era para pescar, mariscar, tomar banho de mar, ir à casa de um dos moradores da orla ou simplesmente ver a chegada dos pescadores do alto mar com o pescado (papa-terra, garoupa, vermelho, catuá, guaibira, sarda, peroá, boca de velho, roncador, pargo etc).
Nas pedras, pescador dos pesqueiros Ucharia, Queixo de Burro, Caturé, Ilha da Forca, Melo e outros, conseguia fisgar algum burdião, batata, sargo de dente ou de beiço, samendoara, baiacau, pinta no cabo, piaba, agulha, caramuru e outros.
Quando chegava a noite, a prainha ficava iluminada aqui e ali pelos fachos acesos dos catadores de camarões nas algas verdes trazidas dos arrecifes à praia, pelas ondas da maré cheia.
As ondas da prainha, conhecidas como marolas, por serem muito pequenas, permitiam que até as crianças pudessem afundar suas mãos na areia do fundo à cata de burdigão.
Existiam dois cais, o dos Padres, nas Timbebas, e o das Pedrinhas ao pé do Morro do Cruzeiro, conhecido também como Pedra de Nossa Senhora. O Cais dos Padres data do tempo do primeiro donatário (Vasco Fernandes Coutinho), e nele funcionou a alfândega da Província. Foi de grande importância para a história de Vila Velha; ali desembarcaram os principais viajantes nacionais e estrangeiros dos séculos passados que estiveram em visita ao Convento da Penha. Dali partiu a primeira viagem da imagem da Virgem da Penha em visita à Vitória, em 1669, e a segunda, cem anos depois, na grande seca de 1769.
Presenciou o desembarque dos holandeses na Prainha, em 1653, na ocasião em que se deu o grande saque ao Convento da Penha.
Finalizando, ali aconteceu o início da Colonização do solo espírito-santense.
O Cais das Pedrinhas, também conhecido como Cais do Anselmo Cruz, mais tarde Cais de Dona Celeste, foi muito utilizado para o transporte de mercadorias de Vitória, para abastecer o comércio de Vila Velha. Era um dos pontos ideais para mergulho na maré cheia.
Os moradores da periferia, em relação ao Centro de Vila Velha, diziam: “Vamos lá embaixo? Tem festa lá embaixo!”. Lá em baixo se referia à Igreja do Rosário com suas praças, comércio e a enseada da Prainha.
Ao sair da beira mar, o pedestre vinha subindo até à Avenida Jerônimo Monteiro e, ao ultrapassar a linha de bonde, descia até a Toca dos Coelhos e daí em plano ia atravessando valões e alagados até alcançar o cômoro da praia de Itapõa ou Itaparica.
As famílias de maior recurso residiam no trecho compreendido entre a Prainha (centro) e a linha de bondes na Avenida Jerônimo Monteiro.
Nota: O autor era carinhosamente conhecido por Seu Dedê
Fonte: Memória do Menino... e de sua Vila Velha – Casa da Memória Instituto Histórico e Geográfico de Vila Velha-ES, 2014.
Autor: Edward Athayde D’ Alcântara
Compilação: Walter de Aguiar Filho, junho/2020
O geólogo canadense Charles Frederick Hart, visitou Vila Velha no ano de 1865
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