Assoreamento compromete as cidades - São Mateus
A bacia do rio São Mateus enfrenta, em toda sua extensão, problemas graves de assoreamento, desmatamento de margens e lançamento de esgoto “in natura”.
Um dos maiores exemplos de problemas provocados pelo assoreamento do rio é a “invasão” das águas do mar no bairro de pescadores da Bugia, em Conceição da Barra.
Dentre os fatores que contribuem para a erosão marítima está também a construção desordenada muito próxima à praia, o que comprometeu principalmente a vegetação de restinga.
Estudiosos do problema – que já destruiu casas e praticamente todo o calçadão próximo à orla, afastando os turistas –, avaliam que o rio São Mateus está assoreado e, por isso, não tem forças pra empurrar as correntes marinhas. Dessa forma, essas correntes levam para o alto mar sedimentos.
Outro fator determinante seria o fato da foz do rio ser móvel, o que a movimenta “para cima” da cidade, ajudando no processo de erosão.
Após uma infinidade de recursos terem sido gastos em vão, o Instituto de Pesquisas Hidroviárias, do Rio de Janeiro, que passou a analisar o problema no ano passado, deve apresentar, nos próximos dias, ao governo do Estado, uma proposta para conter o avanço do mar.
Renato Pirola, diretor do Ceunes de São Mateus, centro vinculado à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), relembra a época em que a viagem Vitória/São Mateus era feita por meio de navio.
“Aquela época o rio era completamente navegável e utilizado em escala comercial, o que hoje é impraticável devido ao assoreamento”, contou.
Segundo Pirola, é preciso refletir para a importância que tem as bacias dos rios São Mateus e Itaúnas para a região.
“A pergunta que eu faço é a seguinte: o que sobra da região se retirarmos as bacias dos rios São Mateus e Itaúnas? Teríamos ali um grande deserto. Por isso mesmo, problemas como assoreamento e o esgoto precisam ser compartilhados pela sociedade civil organizada e pelo poder público”, defende.
Manguezal corre risco
Uma das maiores reservas de manguezais do Estado, localizada entre a foz do rio Barra Seca e a foz do rio Ipiranga, em Barra Nova, São Mateus, rica em diversas espécies animais e vegetação de restinga, está ameaçada de extinção. O alerta é do historiador e ex-secretário estadual da Cultura Maciel de Aguiar.
Maciel, que também é escritor e já ocupou os cargos de secretário da Cultura de São Mateus e vereador da cidade, conta que, após o fim da Estação Ecológica de Barra Nova, há cerca de quatro anos, a área foi invadida pelo setor imobiliário e marcada pelos loteamentos irregulares, pelas atividades industriais e pela pesca de arrasto do camarão.
O escritor e ativista ambiental alertou que, se nada for feito de imediato, o manguezal, local que serve de berçário e reprodução para peixes, anfíbios, aves e mamíferos, além de ser área de desova de tartarugas marinhas, vai estar totalmente destruído.
“Na bacia do rio São Mateus, não tenho dúvida de que esse é o mais grave problema. Depois, vemos projetos que assoreiam os córregos que alimentam a bacia, para a construção de pontes”, enumera.
Fonte: A Tribuna, Suplemento Especial Navegando os Rios Capixabas – Rio São Mateus – 15/07/2007
Expediente: Joel Soprani
Subeditor: Gleberson Nascimento
Colaborador de texto: Flávia Martins
Diagramação: Carlos Marciel Pinheiro
Edição de fotografia: Sérgio Venturin
Autor: Gleberson Nascimento
Compilação: Walter de Aguiar Filho, setembro/2016
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