Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Aventura no topo do Guajuru - Por Sônia Aguiar

Guajuru

Uma enorme lasca de pedra eriçada de cactos era o Guajuru, que virou o Morro do Cruzeiro quando o tempo passou. Os meninos mais arteiros e os jovens aventureiros tinham como hábito subir até o topo da pedra, pela Rua Moacir Avidos — onde hoje está instalado o Colégio Nacional —, para olhar o mar aberto, casas grandes que ficavam pequenas a seus pés.

Contam antigos moradores que, um dia, Frei Pedro Sanches, vigário da paróquia de Santa Rita, e os padres passionistas Luca da Apresentação e e Gregório da Virgem Dolorosa tiveram a ideia de colocar uma enorme cruz lá em cima. A história foi reproduzida pelo escritor Reinaldo Santos Neves, através de uma entrevista feita com o fotógrafo Augusto Azevedo, para a revista Você, há alguns anos.

Duas peças de sucupira (30 x 30 cm de diâmetro) foram cedidas pela Serraria Santa Helena, na Praia do Suá, de propriedade de José Maria Vivacqua Santos. Uma com dez, outra com quatro metros de altura. Um marceneiro, Casto Mombrini, e um cavouqueiro, Antônio Bom Filho, trataram de fazer a base de pedra para a cruz. Muita gente participou do mutirão, inclusive frei Pedro, que carregou cimento para o ponto mais alto do morro.

Cruz pronta em 27 de março de 1955, saiu da igreja, levada em procissão nos ombros do povo. Colocaram-na em pé, no lugar certo, funcionários da Central Brasileira, como o faziam com os postes de luz. A propósito: seis lâmpadas foram instaladas no madeiro e Augusto Azevedo puxou a fiação de sua própria casa para iluminar o cruzeiro. Depois da procissão, missa na pedra, 18 horas, a hora mais sagrada, rezada pelo bispo D. José Joaquim Gonçalves. Desde então, o Guajuru ganhou outro nome.

A iluminação definitiva, com 74 lâmpadas, veio pouco tempo depois, por iniciativa do fotógrafo. No início, a pedra ficava iluminada de 18 horas até 21 horas, mas depois, a pedido de pescadores que usavam o cruzeiro iluminado como ponto de orientação em alto-mar o horário foi estendido até meia-noite.

Por 35 anos a primeira cruz permaneceu no local. Não se sabe como nem por quê, ao certo, um dia pegou fogo. Substituiu-a uma de ferro. Obra de um rapaz doente, desenganado pelos médicos, que ao ver o cruzeiro em chamas fez a seguinte promessa: se voltasse a andar, não deixaria o morro nu, sem sua principal referência.

A cruz da promessa foi roubada da pedra, ainda eriçada de cactos, e vendida como ferro velho. A Prefeitura de Vitória recolocou uma cruz de ferro no topo do Guajuru, que lá, de braços abertos permanece abençoando a Praia do Canto.

 

Fonte: Praia do Canto – Coleção Elmo Elton nº 4 – Projeto Adelpho Poli Monjardim, 2000 – Secretaria Municipal de Vitória, ES
Prefeito Municipal: Luiz Paulo Vellozo Lucas
Secretária de Cultura: Cláudia Cabral
Subsecretária de Cultura: Verônica Gomes
Diretor do Departamento de Cultura: Joca Simonetti
Administradora da Biblioteca Adelpho Poli Monjardim: Lígia Mª Mello Nagato
Conselho Editorial: Adilson Vilaça, Condebaldes de Menezes Borges, Joca Simonetti, Elizete Terezinha Caser Rocha, Lígia Mª Mello Nagato e Lourdes Badke Ferreira
Editor: Adilson Vilaça
Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Cristina Xavier
Revisão: Djalma Vazzoler
Impressão: Gráfica Santo Antônio
Texto: Sandra Aguiar
Fotos: Cláudia Pedrinha
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2020

Bairros e Ruas

Primeiros moradores do Farol de Santa Luzia

Primeiros moradores do Farol de Santa Luzia

Os primeiros moradores da região do Farol de Santa Luzia, na Praia da Costa, Vila Velha, foram...

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Primeiros moradores do Farol de Santa Luzia

Os primeiros moradores da região do Farol de Santa Luzia, na Praia da Costa, Vila Velha, foram...

Ver Artigo
Arrabaldes de Vitória - Os 10 mais frequentados por Eurípedes Queiroz do Valle

Primitivamente a expressão significava o habitante desse arrabalde. Passou depois a significar os que nascessem em Vitória. Hoje é dado a todo espírito-santense

Ver Artigo
Centro de Vitória

Palco de batalhas ferrenhas contra corsários invasores, espaço para peladas de futebol da garotada, de footings de sábados e domingos, praças, ladeiras e ruas antigas curtas e apertadas, espremidas contra os morros — assim é o Centro de Vitória

Ver Artigo
Cercadinho – Por Edward Athayde D’Alcântara

Ao arredor, encosta do Morro Jaburuna (morro da caixa d’água), ficava o Cercadinho

Ver Artigo
Avenida Jerônimo Monteiro (ex-rua da Alfândega)

Atualmente, é a principal artéria central de Vitória. Chamou-se, antes, Rua da Alfândega, sendo que, em 1872, passou a denominar-se Rua Conde D'Eu

Ver Artigo