Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Caboclo Armojo

Ilustração de Rogério Medeiros

Como concentrar numas poucas frases esse gigante da sabedoria e bondade, amigo de seus amigos, igual a seus iguais, à gente humilde de Conceição da Barra, pés no chão de terra ressecada, gasto chapéu de palha protegendo na inclemência do sol, mãos de calos grossos, curtidos na labuta da enxada, mourejando a roça de milho e de mandioca... seus pares na vida?

Repito aqui o texto que sobre ele escrevi no livro Tradições Populares, muito oportunamente editado pela Divisão da Memória do Departamento Estadual da Cultura (e já reclamando uma reedição), pois o lemos juntos, Hermógenes e eu, no quintal de sua casa no povoado de Sant’ Ana, e me disse então ter ficado feliz com o perfil de “caboclo Armojo”, com o que retratei. Tentei apenas ser fiel ao modelo.

“Armojo é folclorista, contador de ‘causos’. Conhece como ninguém o folclore do norte do estado, suas estórias, seus tabus, suas cantigas e folguedos. Hermógenes é mestre, embora sem diploma pendurado na parede, sem anel de grau no dedo. É ‘notório saber’ das coisas do povo, que aprendeu no convívio com as gentes simples de Conceição da Barra, São Mateus, Itaúnas e adjacências, chão onde pisa como nativo, terra que não lhe esconde mistérios. Falar em Hermógenes é falar em ‘Energia Negra’ – São Benedito, São Benedito das Piabas e tantos outros Beneditos, bem ditos por Hermógenes, que fazem a força e a alma desse povo rico em suas estórias e melodias, criativo em suas danças e folguedos, crente em suas superstições, rezas e simpatias.”

Como escrever sobre Hermógenes, se já não está aqui para ler o que dele ou sobre ele se diga, se já não posso ouvir-lhe o farto discurso de agradecimento com que sempre me premiava, quando algo que eu fazia ou quando cantava as toadas do Jongo do sul do estado, sob a sombra amiga das árvores de sua varanda, lhe agradava?

Hermógenes não se descreve, porque não se continua em frases feitas. Hermógenes existia, exuberante, rico, pleno, exótico e carismático, lenda viva entre sua gente, mito que se perpetuará na memória de todos que, como eu, tiveram o prazer e o privilégio de conhecê-lo e deslumbrar-se com seu convívio.

Descanse em paz, meu amigo, ensinando aos anjos do céu as cantigas de roda de nossa terra. Que saudade!

Fonte: Era uma Vez... Hermógenes Lima Fonseca Um Anjo bom que passou por aqui, 1997
Autor: Adelzia Madeira
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2014

Folclore e Lendas Capixabas

Figuras Populares - Por Maria Stella de Novaes

Figuras Populares - Por Maria Stella de Novaes

Sinhá Honorina era uma baiana, residente para os lados do Suá. Ali, fundou sua macumba, onde se reuniam pessoas de todas as classes sociais. Sinhá Honorina arranjava casamentos e realizava todos os “milagres” do seu ofício. Um dia, em 1923 ou 24, o delegado...

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

O Frade e a Freira - A Lenda por Estêvão Zizzi

Essa é a versão mais próxima da realidade...

Ver Artigo
O Caparaó e a lenda – Por Adelpho Monjardim

Como judiciosamente observou Funchal Garcia, a realidade vem sempre acabar “com o que existe de melhor na nossa vida: a fantasia”

Ver Artigo
A Igreja de São Tiago e a lenda do tesouro dos Jesuítas

Um edifício como o Palácio Anchieta devia apresentar-se cheio de lendas, com os fantasmas dos jesuítas passeando à meia-noite pelos corredores

Ver Artigo
Alcunhas e Apelidos - Os 10 mais conhecidos de origem capixaba

Edifício Nicoletti. É um prédio que fica na Avenida Jerônimo Monteiro, em Vitória. Aparenta uma fachada de três andares mas na realidade tem apenas dois. O último é falso e ...

Ver Artigo
A Academia de Seu Antenor - Por Nelson Abel de Almeida

Era a firma Antenor Guimarães a que explorava, em geral, esse comércio de transporte aqui nesta santa terrinha

Ver Artigo