Dia do Capixabismo – Por Francisco Aurélio Ribeiro
Hoje, comemora-se a chegada dos portugueses ao Espírito Santo, em 1535. É feriado apenas em Vila Velha, que se torna a capital simbólica do Estado, somente neste dia. Pouco restou da antiga Vila do Espírito Santo, a primeira capital e a primeira vila fundada pelos colonizadores. O sítio histórico da Prainha, local de chegada dos nossos fundadores, a igreja do Rosário, uma das mais antigas do Brasil, todo o entorno do Morro da Penha, doado pela governadora Luísa Grinalda aos franciscanos, com sua Mata Atlântica, flora e fauna pouco preservadas, o magnífico Convento, o maior símbolo histórico, cultural e religioso de nosso Estado, deveriam ter um apreço maior tanto pela comunidade capixaba quanto pelas autoridades que não lhe dão o valor merecido. O dia de hoje deveria ser feriado estadual e não apenas municipal. As datas da colonização do solo espírito-santense e do martírio de Domingos Martins, o único capixaba a constar do Panteão de Heróis e Heroínas Nacionais, deveriam ter um destaque maior no calendário cívico e escolar de nosso Estado. O capixaba tem baixa autoestima e pouco sabe de sua história e de sua cultura. Terra formada por imigrantes estrangeiros e nacionais, o Espírito Santo não incutiu em seus habitantes o conhecimento devido de sua história e de sua cultura como deveria. Afinal, já disse Santo Agostinho, "Só se ama o que se conhece". Não temos o orgulho de ser capixaba, como o têm o mineiro, o carioca e o baiano por sua terra. Todos que vêm pra cá se tornam capixabas, pois somos extremamente receptivos aos que vêm de fora, e esses, normalmente, não criam vínculos afetivos e profundos com nossa terra. Tornam-se nossos representantes em Brasília, mas o que fazem pelo Espírito Santo? São nossos deputados, prefeitos e vereadores, mas desconhecem nossos escritores e artistas.
Sugiro que algum deputado faça um projeto de lei para transformar o dia vinte e três de maio em feriado estadual e em data a ser comemorada em todos os municípios e escolas como o dia de celebração do "capixabismo", assim como o gaúcho tem o dia da Revolução Farroupilha para celebrar suas tradições. Seria um dia, pelo menos, de se fazer shows com artistas capixabas, lançamento coletivo de livros nas praças, encenações teatrais com fatos e personagens de nossa história; um dia para cantar o "Surge ao longe a estrela prometida", com acompanhamento da nossa gloriosa banda da Polícia Militar e ao som dos tambores de nossas bandas de congo. Um dia para o "sol nossos feitos alumiar”, como escreveu Peçanha Póvoa, saudoso professor e autor da letra de nosso hino desconhecido pelas novas gerações.
Fonte: A Gazeta, Caderno Opinião, 23/05/2016
Autor: Francisco Aurélio Ribeiro
Compilação: Walter de Aguiar Filho, maio/2016
Essa identidade consiste em juntar as pastilhas do mosaico capixaba e fundi-las num espelho que vai refletir um rosto único e imensamente rico e diverso
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