Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Elisiário e Nossa Senhora da Penha – Por Maria Stella de Novaes

Retrato da verdadeira imagem de Nossa Senhora da Penha

Registramos, noutras páginas, lendas inspiradas na escravidão, capítulo doloroso da História do Espírito Santo, assim como do Brasil inteiro.

Mais uma relatamos aqui, nesta evocação da revolta dos negros, no Queimado:

- Feito o julgamento em Vitória, cinco escravos foram condenados à morte; vinte e cinco, a açoites, que variavam de trezentos a mil; e seis, absolvidos. Os demais haviam desaparecido.

Cumprida a sentença dos açoites, faltava a dos condenados à forca, presos, de pés e mãos, a ferro, na cadeia de Vitória. Aconteceu porém, que, a 7 de dezembro de 1849, o carcereiro Joaquim José dos Prazeres comunicava ao Juiz de Direito e Chefe de Polícia que, às três horas e um quarto da madrugada, haviam desaparecido da enxovia, do lado Sul, cinco presos, dois condenados às galés perpétuas, e três, à pena de morte.

- Milagre! – foi a exclamação geral.

E conta-se que ao sentir aproximar-se a hora do seu sacrifício, Elisiário, o chefe da Insurreição do Queimado, voltou-se, fervoroso, para Nossa Senhora da Penha. Rezou, com toda a confiança no poder da Virgem, perante o trono do Altíssimo. Sim, a Virgem Poderosa, jamais lhe faltaria, naquela hora de angústia!

Enlevado, murmurando ainda a súplica filial, adormece. Antes da aurora, porém, quando a cidade toda jazia ainda imersa na plenitude da noite, um clarão misterioso irradia-se, no cárcere imundo e desperta os cativos. Atônitos, em cálculo talvez da hora fatal, divisam, entretanto, ao seu lado, uma figura de meiguice infinita, que lhes acaricia as frontes doloridas, desta as correntes e aponta a porta entreaberta.

Interposta, aos seus devotos, martirizados pela “Justiça” dos homens, e o carcereiro Prazeres, que dormia, sem receber a graça de vê-la, a Celestial Protetora dos Aflitos garantiu a evasão dos cativos.

Pela manhã, quando circulou a notícia pela cidade, - notícia comentada, em todos os bancos de farmácias e transmitida, de sacada em sacada, pelas comadres e vizinhas, exclamaram todos os que se condoíam da sorte cruel daqueles negros infelizes:

- Foi Nossa Senhora da Penha!

 

Fonte: Lendas Capixabas, 1968
Autora: Maria Stella de Novaes
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2015

Folclore e Lendas Capixabas

Frei Vicente do Salvador , O.F.M. e a Penha do Espírito Santo

Frei Vicente do Salvador , O.F.M. e a Penha do Espírito Santo

Há muito bom açúcar e algodão, gado vacum, e tanto mantimento que lhe chamava o mesmo Vasco Fernandes o meu vilão farto

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

O Frade e a Freira - A Lenda por Estêvão Zizzi

Essa é a versão mais próxima da realidade...

Ver Artigo
O Caparaó e a lenda – Por Adelpho Monjardim

Como judiciosamente observou Funchal Garcia, a realidade vem sempre acabar “com o que existe de melhor na nossa vida: a fantasia”

Ver Artigo
A Igreja de São Tiago e a lenda do tesouro dos Jesuítas

Um edifício como o Palácio Anchieta devia apresentar-se cheio de lendas, com os fantasmas dos jesuítas passeando à meia-noite pelos corredores

Ver Artigo
Alcunhas e Apelidos - Os 10 mais conhecidos de origem capixaba

Edifício Nicoletti. É um prédio que fica na Avenida Jerônimo Monteiro, em Vitória. Aparenta uma fachada de três andares mas na realidade tem apenas dois. O último é falso e ...

Ver Artigo
A Academia de Seu Antenor - Por Nelson Abel de Almeida

Era a firma Antenor Guimarães a que explorava, em geral, esse comércio de transporte aqui nesta santa terrinha

Ver Artigo