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Fortificações - Estado da Capitania em 1682

Forte Piratininga - Arquivo Tarcísio Bazzarella

Informação que dou a V. S. [Francisco Gil Araújo] do estado em que fica esta capitania no breve tempo que nela assistio:

Já dey a V.S. relação do miserável estado em que estava a fortificação desta praça quando Deus o trouxe e elle, he bem que o torne a fazer do que a deixa no breve tempo em que nella assistio e não o farey só do que toca á fortificação, mas também do muito que fica augmnetada.

Estava o Forte Nossa Senhora do Monte Carmo, sómente em alicerces e muita parte arruinada. Com grande dispêndio o aprefeiçoou V.S. acabando e brindo lhe amêas para catorze peças com fortíssima muralha de nove palmos de grosso e oito de alto e tem húa fermoza praça em sy, cuja largura he de 183 palmos e da porta athé a ultima ponta de diamente 120, lageada o necessário com dois telheiros para o resguardo da artilharia e fica ao presente com cuatro peças e cuatro pedreiros com suas carretas novas e o mais necessário. O Forte de S. Joam que edificou o capitão João Ferrão de Castello Branco o achou V.S., tão arruinado que não estava capax de poder resistir a qualquer invasão, porque alem da ruína, estava a artilharia sem reparos; entre a plataforma que tinha e o primeiro fortim, fazia húa rua inútil.

Redificou o V.S. fortessimamente unindo a em hum só terrapleno, abrindo lhe mais torneiras pala parte do mar na muralha que acrescentou; e pela parte da villa vay fechar o mesmo fortim em altura que cobre a escada que V.S. lhe mandou fazer.

Neste fortim que estava inutil, está hoje artilharia e assim elle como a plataforma tudo lageado com os seus telheiros pêra resguardo assim da artilharia como dos soldados donde ficam oito peças cavalgadas. Tinha mais este Forte um eirado que estava cahido e entulhado, está hoje perfeitamente acabado de vigame junto, ladrilhado e com betume por cima pêra resguardo da madeira.

Estas Fortalezas ficam distantes da Barra, a de S. João meia legoa pouca mais a de N.S.do Carmo na marinha desta villa em que ficava a entrada sem impedimento algum e a villa do Sprito Santo sem defença.

Mandou V.S. fundar o forte S. Francisco Xavier a entrada da Barra em sitio muito conveniente pêra este effeito e de melhor segurança com o qual não he possível poder passar embarcação sem grande risco. A forma delle he de laranja, o diâmetro de 80 palmos e a circumferencia de 240, a muralha he fortíssima pois nace entre grandes penedos com doze palmos e nos mesmos continúa athé o pavimento do lageado e dahy sobe em nove de groço em dez amêas, toda a praça lageada com um grande telheiro, e sua casa de pólvora; pode ser socorrida em qualquer conflicto e de prezente fica com oito peças cavalgadas.

Na primeira relação que dey a V.S. se vê haver somente nesta praça dezessete soldados de Infantaria, dois artilheiros e hum condestável; hoje se contam trinta e três soldados, seis artilheiros e o condestável, então se socorriam aquelles poucos, apenas tinha, sinco socorros pela falta de effeito por andar a renda mui diminuta; hoje com os mais que V.S. acrescentou são mais socorridos, então não rendiam os effeitos mais que 255$000 rs. Deste se tiravam os gastos da Câmara com que ficava cousa muy limitada, aplicou V.S. todo o seu cuidado em acrecentar e vemos que subiu esta a perto de 400$000 rs. [...] Tinham estas villas quatro companhias de ordenanças e estas sem ordem, hoje ficam divididas em nove com boa disposição; na villa da Victoria ficam cinco, na do Sprito Santo duas na Viila Nova húa e outra que v.s. ordenou dos homens pardos, com que fazem as nove.

Este he o estado em que V.S. deixa a capitania em tão breve tempo tão aventajada do ínfimo em que a achou; estava incapax de defença, hoje fortificada com três fortalezas das melhores do Estado com dezessete soldados e dois artilheiros estava esta praça, hoje fica com trinta e três, seis artilheiros e hum condestável. Quatro Companhias tinha somente e hoje nove; duas villas atenuadas a da Victoria e do Sprito Santo, hoje redificados [...] em vinte e sete de julho de 1682. O Provedor Manoel de Moraes.

 

Fonte:Textos de História Militar do Espírito Santo - Vitória/2008
Compilação: Getúlio Marcos Pereira Neves - Coleção João Bonino Moreira, vol. 3

 

 

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>> Forte de Piratininga

 

 

 

 



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Na Prainha, à beira mar, de frente para a Praça Tamandaré, havia um casarão geminado em ruínas, uma das últimas edificações do século XIX, datada de 1893, conforme inscrição em seu frontispício

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