Frei Pedro Palácios e a Penha do Espírito Santo
Frei Venâncio Willeke, OFM
Frei Venâncio Willeke, OFM (1906), natural da Westfalia, entrou na ordem franciscana em 1925. Ordenado Padre em 1931, trabalhou no paroquiato em Pernambuco, Bahia, Pará e Ceará, como também na imprensa, dirigindo a editora Mensageiro da Fé (1941-1944) e o setor de imprensa da Conferência dos Religiosos do Brasil (1958-1963). Desde 1967, chefia o Centro de História Franciscana do Brasil, no Rio de Janeiro; é sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e dos de S. Paulo, Recife, Olinda e Paraíba. Colaborou nas poliantéias NÓBREGA (1970) e D. PEDRO I (1972), como ainda na enciclopédia Delta Larousse (1970) e publicou a 5ª. edição de Fr. Vicente do Salvador HISTÓRIA DO BRASIL (S. Paulo 1965), São Francisco das Chagas de Canindé (Salvador 1962), História das Missões Franciscanas do Brasil 1500-1966 (Suíça 1973), tendo no prelo Os Franciscanos e a Independência do Brasil.
Nos primeiros oitenta e quatro anos depois do descobrimento do Brasil, a atividade dos missionários franciscanos era apenas ocasional, sem organização metódica e sem continuidade. Por isso também não pôde dar muitos frutos. Frei Pedro Palácios é o mais célebre missionário de entre os dez grupos desta época. Sua popularidade atravessou os tempos, até os dias de hoje. Outros podem ter conseguido maiores resultados entre os índios, porque se restringiam às atividades entre os silvícolas e trabalhavam a dois ou a mais. Frei Pedro Palácios — enviado provavelmente por São Pedro de Alcântara (1) — entregou-se em primeiro lugar à vida contemplativa. Mas, interrompia-a periodicamente para implantar a fé cristã entre os índios e conservá-la entre os europeus.
Doze anos de vida exemplar e de marcada influência religiosa sobre os filhos da terra e os imigrantes da região de Vila Velha foram suficientes para perpetuar a sua figura de apóstolo, pelos séculos afora.
O seu eremitério e a capela edificada no topo da penha tornaram-se o santuário mais importante do Espírito Santo, do sul da Bahia, do leste de Minas Gerais e do norte do Estado do Rio. O Governo estadual capixaba acolheu o convento e o santuário no brasão oficial do Espírito Santo. O Patrimônio Histórico e Artístico Nacional arrolou-os entre os monumentos nacionais.
No ano de 1970, ocorrera o quarto centenário da morte do piedoso franciscano que, espanhol de nascimento, consagrou grande parte de sua vida ao apostolado no Brasil nos primórdios de sua vida histórica. Aproveitando este ensejo, pretendemos tornar a sua vida e sua obra mais conhecidas entre os romeiros de Nossa Senhora da Penha e os amantes da histórica pátria. Apesar de, em 1616, ter sido iniciado um processo informativo sobre a vida e as virtudes de Frei Pedro, no qual foram ouvidas muitas testemunhas, os seus contemporâneos transmitiram-nos muito poucos dados certos sobre a sua origem e suas virtudes. Em compensação, o Santuário da Penha continua a proclamar o valor pessoal do humilde franciscano.
Talvez justamente por falta de lastro histórico, surgiram no decorrer dos tempos numerosas lendas, muitas delas de indisfarçáveis origens portuguesas ou simplesmente européias, chegando mesmo a substituir a primitiva invocação de Nossa Senhora dos Prazeres pela de Nossa Senhora da Penha. Finalmente os historiadores dos séculos passados e do nosso tempo não se deram ao trabalho de separar lendas de fatos reais. Por tudo isso, torna-se interessante e útil fazer um estudo crítico sobre o assunto.
I. A vida de Frei Pedro Palácios
Frei Pedro Palácios deve ter nascido pelos anos de 1500, em Medina, perto de Salamanca, na Espanha. A respeito de sua origem familiar, não há dados certos. Frei Antônio da Piedade afirma que ele descende de família nobre e é parente de Dr. Pedro Palácios, pregador na corte de D. Catarina de Portugal (2). Outros autores não aceitam tal afirmação, em vista da pobreza de Frei Pedro que lhe impossibilitou o estudo para o sacerdócio (3). Mas, com a mesma razão, poder-se-ia afirmar que ele, à semelhança de São Francisco, quis servir a Deus com profissão de votos, mas sem se ordenar sacerdote.
Segundo as suas próprias anotações, Frei Pedro Palácios emitiu os votos na província espanhola de São José. Mais tarde, passou para a custódia portuguesa da Arrábida que aderiu à reforma de São Pedro de Alcântara e que durante algum tempo foi para ele dirigida (4). Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão, O.F.M. acha que o motivo da transferência foi um pedido da rainha D. Catarina e do Dr. Paulo Palácios (5).
Os franciscanos da Arrábida estavam encarregados dos cuidados do Hospital Real de Lisboa, ou seja, Santa Casa de Misericórdia. Lá, Frei Pedro dedicou-se por vários anos à assistência aos doentes. Mais tarde, a seu pedido, recebeu um campo maior para sua atividade. Com a permissão do Custódio Frei Damião da Torre, seguiu para o Brasil na qualidade de missionário, onde pretendia por em prática os ideais de São Pedro de Alcântara, vivendo como eremita e trabalhando como missionário.
Entre os poucos objetos que trouxe ao Brasil estava também um artístico painel de Nossa Senhora dos Prazeres, que iria exercer, como até agora exerce, uma grande atração numa extensa zona do Brasil. É bem possível que o referido painel seja a mais antiga pintura a óleo existente no Brasil.
O ano exato e as circunstâncias da sua travessia do Atlântico continuam desconhecidos; somente um milagre com sabor de lenda foi transmitido para a posteridade. Durante a viagem, surgiu uma grande tempestade e um marinheiro, tomando o manto de Frei Pedro, jogou-o sobre o mar e as ondas amainara (6).
Frei Pedro desembarcou em Salvador, na Bahia, onde iniciou a sua atividade no Brasil. As crônicas franciscanas omitem-se sobre a sua presença na primeira capital do Brasil. Mas, o Padre José de Anchieta, S.J., patrício e grande admirador de Frei Pedro Palácios, refere a sua estadia e a sua atividade em Salvador. Atesta-o a carta seguinte: "Na capitania do Espírito Santo há duas vilas de Portugueses, perto uma da outra meia légua por mar. Em uma delas, que está na barra e chamam Vila Velha por ser a primeira que ali se fez, está, num monte mui alto e em um penedo grande, uma ermida de abóbada, que se chama Nossa Senhora da Penha, que se vê longe do mar e é grande refrigério e devoção dos navegantes, e quase todos vêm a ela em romaria, cumprindo as promessas que fazem nas tormentas, sentindo particular ajuda da Virgem Nossa Senhora, e diz-se nela missa muitas vezes. Esta ermida edificou-a um Castelhano sem ordens sacras, chamado Frei Pedro, frade dos Capuchos, que cá veio com licença de seu superior, homem de vida exemplar, o qual veio ao Brasil com zelo da salvação das almas, e com ela andava pelas aldeias da Bahia em companhia dos padres. Desejando batizar alguns desamparados e como não sabia letras nem a língua, porque este seu zelo não fosse, non sine scientia, batizando alguns adultos sem o aparelho necessário, admoestado dos padres (Jesuítas) lhes pediu em escrito algum aparelho na língua da terra para poder batizar alguns que achasse sem remédio e os padres não pudessem acudir; e assim remediava muitos inocentes e alguns adultos. Com este mesmo zelo se foi à capitania do Espírito Santo onde fez o mesmo algum tempo, confessando-se com os padres e comungando a miúdo, até que começou e acabou esta ermida de Nossa Senhora com ajuda dos devotos moradores, e ao pé dela fez uma casinha pequenina à honra de São Francisco, na qual morreu com mostras de muita santidade"(7).
Como não houvesse Franciscanos em Salvador, Frei Pedro apresentou-se aos Jesuítas. É difícil determinar quanto tempo exerceu lá a sua atividade. Frei Odulfo van der Vat, O.F.M. é de opinião que no mínimo tanto tempo quanto no Espírito Santo. Pois, parece que também em Salvador construiu um santuário, a Igreja de S. Francisco no Monte Calvário, que no ano de 1587 foi oferecida ao Custódio Frei Melchior de Santa Catarina O.F.M., que não a aceitou (8).
De modo geral admite-se que Frei Pedro chegou a Vila Velha, no ano de 1558. É a voz do povo de que Nossa Senhora dos Prazeres indicou a seu grande devoto um sinal onde deveria construir uma capela. Por isso, quando Frei Pedro, ainda no mar, avistou num alto monte duas Palmeiras, recolheu os seus poucos pertences e o painel de Nossa Senhora e desembarcou no porto de Vila Velha. Hoje, existem a meio caminho para o topo da Penha algumas palmeiras imperiais, que recordam aos romeiros a significativa lenda. Estas palmeiras, porém, não descendem daquelas vistas por Frei Pedro; pois, a imigração de palmeiras imperiais para o Brasil realizou-se somente no ano de 1808.
Ao lado da lenda acima, há também uma razão natural por que o frade desembarcou em Vila Velha. Procedente da Arrábida litorânea de Portugal, Frei Palácios terá descoberto a grande semelhança entre ela e o morro de Vila Velha resolvendo criar aqui a Arrábida brasileira, em forma de eremitério para a vida contemplativa.
Frei Pedro missionário de índios e de portugueses
Conta Frei Jaboatão que Frei Pedro, baseando-se na experiência adquirida na Bahia, iniciou imediatamente a catequese dos índios, tornando-se assim o primeiro missionário do Espírito Santo, pois os Jesuítas estabelecidos em Vitória, desde 1551, não haviam ainda iniciado as missões(9).
Os índios Aimorés viviam em paz com os europeus, mas continuavam pagões. Frei Pedro começou a visitá-los regularmente e a instruí-los na doutrina cristã. À primeira vista, pode parecer estranho este seu procedimento. Por que não se fixou entre os índios? Para compreender isso não devemos perder de vista o fato de que ele pertencia à reforma alcantarina, tendo em grande apreço o ideal de eremita. Além disso, seguia o exemplo dos Jesuítas da Bahia, que visitavam os índios apenas periodicamente (10).
Acompanhado de um jovem, chamado André Gomes, Frei Pedro empreendia as longas caminhadas às mais afastadas malocas dos Aimorés, permanecendo no meio deles o tempo necessário para instruí-los e prestar-lhes a assistência exigida pela caridade cristã. Referem os cronistas que o franciscano, não sendo sacerdote, administrava o batismo somente em casos de urgência, enquanto que os catecúmenos de boa saúde, depois de instruí-los solidamente, os mandava batizar pelos padres Jesuítas em Vitória (11).
Em vão, consultaríamos as crônicas para conseguirmos informações sobre os resultados dos trabalhos de Frei Pedro. Aliás, acontece o mesmo em relação a seus confrades da Custódia de Santo Antônio, que a partir de 1591, continuaram os seus trabalhos missionários no mesmo sistema.
Impulsionado pela caridade cristã, Frei Pedro quis incluir na sua atividade missionária também os moradores de Vila Velha e de Vitória. Como eremita que era, instalou-se numa pequena caverna ao pé do morro, que até hoje é visitada. Ao lado construiu um nicho para o painel de Nossa Senhora, diante do qual reunia o povo, todos os dias, para rezar o rosário e ensinar-lhes as verdades da santa religião (12).
O zelo pelas almas impelia-o para uma atividade maior. Vestido de sobrepeliz, com crucifixo na mão, reunia regularmente nas ruas de Vila Velha e de Vitória as crianças e os adultos para falar-lhes sobre as verdades religiosas e pregar-lhes a necessidade de penitência. Também em conversas particulares, insistia nos mesmos assuntos para conseguir o perdão dos pecados (13).
A quase obsessão de falar sobre a penitência, deve ter nascido das circunstâncias daquele tempo. Pois, os colonizadores não pertenciam ao grupo de melhores cristãos. Muitos deles vinham ao Brasil com o fito de conseguir riquezas, e depois voltar a Portugal para viverem folgademente. É facilmente compreensível que tais ambições os levavam a toda a sorte de injustiças, como a escravização dos índios, a usura, a sonegação de débitos, as brigas, as mortes e muitos outros males morais. Acresce ainda que cerca de sessenta por cento deles tinham deixado mulher e filhos em Portugal e aqui constituído outras famílias (14).
Segundo Frei Manuel da Ilha, O.F.M., o irmão missionário alertava os colonos sobre a tibieza religiosa em que viviam e sobre o mau costume de jurarem em vão (15). Portanto, havia realmente motivos de sobra para falar freqüentemente sobre a necessidade da penitência. E sua pregação era exemplificada pela sua própria vida de fé inabalável e penitência constante.
Restringia as suas saídas ao necessário ou então ao realmente útil. Todos os domingos ia à igreja paroquial de Vitória, a fim de cumprir o seu dever dominical. No encontro com o sacerdote, beijava-lhe a mão e, ajoelhando-se, pedia-lhe a bênção. Ao entrar na igreja, em primeiro lugar adorava a Jesus no SS. Sacramento. Depois beijava o chão, como era costume dos franciscanos naquela época. Confessava-se com o padre jesuíta Brás Lourenço. Comungava durante a missa. Todas as vezes que ia à igreja Matriz pedia ao pároco a renovação da licença para continuar a instrução ao povo (16).
Assim este frade menor ensinava não só com a simplicidade de suas palavras, mas, também com a eloqüência do dever cumprido. Levando uma vida de eremita, não se esquecia das necessidade do próximo. Pedia esmolas para os pobres e levava-as pessoalmente aos mais necessitados (17).
Sobre a penitência e a união com Deus no eremitério não podemos aduzir provas diretas. Mas, o seu corpo macilento e o desprendimento das coisas do mundo em que vivia, dão testemunho eloqüente. Depois da sua morte, verificou-se que não usava cama e uma pedra lhe servira de travesseiro. Muitas testemunhas declararam no processo informativo feito em 1616 que, quando pernoitava em casas particulares, logo que todos se recolhiam, levantava-se da cama e dormia no chão (18).
Avançado em idade, debilitado pelas penosas viagens missionárias, curtido pelas severas penitências, cansado pelos trabalhos na construção de capelas, Frei Pedro pressentia a proximidade da morte. Pedia, no entanto, a Deus a graça de celebrar mais uma vez a festa de Nossa Senhora dos Prazeres; pois, conseguira na Europa uma imagem da Padroeira e desejava entronizá-la e entregá-la ao culto público. Antes da festa desceu à Vila Velha para se despedir dos seus amigos. À pergunta sobre o destino de sua viagem, respondia, sem rodeios que viajaria para a eternidade. Realmente, pouco depois da festa foi encontrado morto em sua ermida, diante do altar de São Francisco. Os doze anos de vida exemplar foram suficientes para levar o povo a considerá-lo santo e sepultá-lo na capela (19).
A fama da santidade de Frei Pedro levou os Franciscanos da Custódia de Santo Antônio, residentes em Vitória desde 1592, a trasladar os seus restos mortais para o seu convento, em 1609. O povo de Vila Velha opôs-se a tal pretensão. Mas, o guardião Frei Antônio da Estrela convenceu-o da obrigação de respeitar a tradição dos frades de sepultar os confrades em conventos. Assim, a trasladação resultou em uma homenagem triunfal, durante a qual vários doentes ficaram curados (20).
Secundando os desejos das autoridades eclesiásticas, Frei Vicente do Salvador, superior da Custódia de Santo Antônio, iniciou em 1616 o processo informativo sobre a vida e as virtudes de Frei Pedro. Foram ouvidas pessoas que conheceram o virtuoso franciscano ou as que ouviram referências a seu respeito. Silva Neto destaca, entre elas, as seguintes testemunhas: Capitão Amador de Freitas, da aldeia dos índios de Rerigtiba, morador há muito tempo em Vila Velha; Frei João da Assunção, O.F.M., guardião de Vitória; Nuno Rodrigues que, apesar dos seus 102 anos, deu informações bem precisas; Lourenço Afonso, Gomes Fernandes, Brás Pires, além de outros cidadãos honrados. Frei Manuel de Santa Maria, O.F.M., Custódio de 1642 a 1646, deu-se ao trabalho de copiar as atas do processo, talvez com a esperança de continuá-lo. Mas, com o término do mandato de Frei Vicente do Salvador, em 1617, cessaram as inquirições de testemunhas, e as atas das já feitas desapareceram, sem deixar pista. Em 1880, Silva Neto procurou-as sem resultado. Nas crônicas antigas, apenas raros fatos são apresentados como milagres (21).
Não se compreende porque os restos mortais de Frei Pedro não foram devolvidos à igreja de Nossa Senhora da Penha, quando em 1650 foi fundado a seu lado um convento franciscano. Em 1926, depois de fechados os dois conventos, fazia trinta anos, um sacerdote diocesano, encarregado da igreja conventual de Vitória, resolveu exumar todos os ossos das sepulturas antigas e reuni-los num ossário comum. Assim desapareceram os vestígios da sepultura e dos restos mortais do primeiro eremita do Brasil, Mas, o santuário da Penha continua a manter viva a sua gloriosa memória entre os romeiros, o povo e os estudiosos. É o que veremos no próximo capítulo.
II. A obra de Frei Pedro Palácios
Quando Frei Pedro Palácios aportou em Vila Velha no ano de 1558, talvez lhe parecesse a penha de cento e quarenta metros de altura um lugar ideal para realizar o seu acalentado sonho de eremita. De qualquer maneira, esta penha tornou-se uma fortaleza inexpugnável de tradições do povo do Espírito Santo e dos estados vizinhos. Como na maior parte do território brasileiro, também aqui um santuário dedicado à Mãe de Jesus mantém muitos católicos longe das fragmentadas e confusas seitas americanas. Já faz séculos que brasileiros de todas as raças encontram aos pés de Nossa Senhora da Penha consolo, conforto e coragem para a vida material e religiosa. Muitos acham também o caminho de retorno para a fé dos seus antepassados.
1. Do nicho à capela
Ao desembarcar em Vila Velha, Frei Pedro viu uma gruta a poucos passos do mar, ao pé do morro. Nela instalou-se, ao menos provisoriamente. Hoje ela está mais longe do mar em virtude do aterro realizado já no nosso século. É a essa "Gruta de Frei Palácios" que se referem os dizeres gravados e colocados ao lado da entrada, por ordem do guardião Frei Teotônio de Santa Humiliana. A intenção foi boa, mas o texto não corresponde à realidade histórica. Ei-lo:
Ecce Petri Palacios arcta habitatio prima,
Qui Dominam a Rupe vexit ad ista loca,
Mirum coenobium construxit vertice rupis,
Quo tandem Dominae transtulit effigiem.
Quam magnis mentis vita decessit onustus
Iam promissa bonis praemia coelitum habet.
Obiit 1575. Jacet in Conventu. S. Francisci Victoriae F.T.S.H. Anno 1864.
Além de gravar uma data errada da sua morte, atribui-lhe a construção do convento ao lado da capela, cujas obras tiveram início, oitenta anos depois da sua morte. Estes dados errôneos enganaram a muitos, entre os quais se encontra o célebre pintor Benedito Calixto, que inclui no quadro da invasão holandesa de 1643 o convento da Penha (22).
Ao lado da gruta, Frei Pedro construiu um nicho para o quadro de Nossa Senhora, diante do qual rezava com o povo e dava-lhe instrução religiosa. Atualmente existe uma hipotética reprodução deste nicho para lembrar aos peregrinos os começos do Santuário.
Provavelmente Frei Pedro morou pouco tempo na gruta. Sem demora, deve ter começado a construir, na pequena esplanada ao pé do maciço do topo da montanha, o eremitério definitivo. Com a esperança de construir mais tarde naquele topo uma capela dedicada a Nossa Senhora, Frei Pedro deu à ermida o nome de São Francisco e nela colocou também o painel de Nossa Senhora dos Prazeres.
O Santuário de Nossa Senhora da Penha, que estava prestes a ser terminado, quando Frei Pedro morreu, restringia-se à atual capela mor. Para construí-la Frei Pedro pedia a quem tinha possibilidade de dar auxílios. Ele mesmo juntamente com o povo levava o material de construção para o cume do rochedo. Insistentemente recomendava que, depois da sua morte, a capela fosse provida com os devidos paramentos e adornos. Conforme pedira a Deus, teve ainda o prazer de entronizar a Imagem de Nossa Senhora dos Prazeres, e poucos dias depois entregou a sua alma a Deus, no ano de 1570 (23).
2. Nossa Senhora da Penha ou dos Prazeres?
Construída sobre o topo de uma penha de cento e quarenta metros de altura, a capela projetava-se sobre o alto mar e sobre longas distâncias terrestres. Imediatamente despertou atenção e curiosidade e tornou-se ponto de romaria; surgia qualquer necessidade, grande ou pequena, nascia também uma promessa a Nossa Senhora da Penha. Sacerdotes e leigos subiam a íngreme ladeira para cumprir votos e promessas e para deixar seus agradecimentos gravados na rústica madeira, pinturas primitivas ou cera natural. O número de romeiros aumentava, de ano para ano.
Também os índios cristianizados freqüentavam assiduamente o santuário. Provam-no as cabeleiras que se encontram na sala dos milagres. Segundo a crença dos indígenas, elas são o símbolo da fertilidade. Eis porque até hoje perdura o costume de prometer a Nossa Senhora da Penha a cabeleira da criança que os esposos desejam-te a demora da sua chegada se prolonga por demais. Se são atendidos, a criança, menino ou menina, cresce até à idade de oito ou dez anos, quando os cabelos são cortados e levados aos pés de Nossa Senhora em sinal de gratidão. Assim um costume pagão cristianizou-se e passou para gente de outra origem.
Desde o século dezesseis, historiadores, literatos e poetas cantam louvores a Nossa Senhora da Penha. Não é, pois, de estranhar que também o ensejo do IV Centenário da morte de Frei Palácios o Santuário da Penha ocupasse as atenções dos devotos marianos, quer capixabas, que dos Estados vizinhos.
Na tentativa de continuar as investigações da realidade histórica acerca do santuário, alguns historiadores escolheram para temas de estudos assuntos até agora não esclarecidos ou contestados. Até há pouco não havia clareza sobre a invocação que representavam o painel e a imagem que Frei Pedro nos legou. Nem os historiadores, nem os franciscanos trataram a fundo da questão.
À primeira vista parece claro que o painel representa a invocação de Nossa Senhora da Penha. Mas, aí temos que considerar a origem desta devoção, bastante comum na Europa, já no século doze. Nos muitos Santuários de Nossa Senhora da Penha, na Europa, na França, em Portugal, na Espanha, a representação da imagem de Nossa Senhora da Penha não é a mesma (24).
Segundo contam os autores antigos, o título de Nossa Senhora da Penha era aplicado, todas as vezes que uma capela ou uma igreja dedicada a Nossa Senhora era erguida num alto rochedo. Na Espanha, há muitos santuários de Nossa Senhora da Penha como em Alfajarin do Aragão, Anies, Briginuega na Castilha, Calatayud, Graus, Murillo de Galego, San Juan, e Verga, além do que chamam de França, situado na região de Salamanca (25). Também, Portugal invoca a Maria SS. sob o nome "da Penha" ou "da Pena" como no santuário de Sintra, muito parecido, segundo o P. Cardim, S.J., com o de Vila Velha (26) e no castelo de Leiria, colocado sob a proteção de Nossa Senha da Penha cuja igreja ostentava este título (27).
Portanto o título "da Penha" referia-se primitivamente mais ao lugar do que a um mistério da vida de Nossa Senhora. O mesmo que aconteceu com os santuários de Nossa Senhora "do Monte", "da Serra", "do Prado" etc.
Comparando as várias imagens de Nossa Senhora da Penha, encontramos muitas diferenças entre elas, com a exceção daquelas de França. O escritor português Ernesto Soares se deu ao trabalho de reunir numerosas estampas de N. Sra. da Penha de França em preciosa coleção hoje existente na Biblioteca Nacional de Lisboa. Reproduzindo e confrontando as gravuras em sua obra, o autor chega a concluir que não há nenhuma de N. Sra. da Penha de França sem a característica do crocodilo e do homem postados ao pé das imagens que se veneram na península ibérica; já na introdução ao seu livro, Ernesto Soares chama a atenção do leitor para esta nota particular. Sem receio de errar tiramos, pois, a conclusão de que a invocação de nossa imagem milagrosa em Vila Velha não é nem jamais foi a de França por lhe faltarem os dois distintivos (27-A).
As igrejas de Nossa Senhora da Penha de França existentes no Brasil são muito mais recentes do que o Santuário de Vila Velha. Senão, vejamos: a igreja da Penha da capital de São Paulo é dos começos do século XVII, a da Guanabara data de 1635 (28), a do Recife de 1656 (29), a de Crato, hoje catedral, de 1740 (30), a de Itapagipe-Salvador, de 1741 (31).
Resumindo, devemos tirar a conclusão de que os capixabas, a exemplo de Portugal e de Espanha, chamaram a capela construída Por Frei Palácios de "Nossa Senhora da Penha" pelo simples motivo de ter sido construída numa rocha, ou melhor, numa Penha.
Vejamos agora os dados existentes sobre a tradicional festa da Penha de Vila Velha. Frei Vicente do Salvador e Frei Manuel da Ilha contam, em 1621, que Frei Pedro Palácios celebrava regularmente a festa e que no fins da vida predissera a sua morte para depois da festa (32). De fato, Frei Jaboatão confirma que Frei Pedro faleceu a dois de maio de 1570, logo em seguida à festa de Nossa Senhora da Penha (33).
Frei Antônio da Piedade, O.F.M. afirma, por sua vez, que se trata da festa de Nossa Senhora dos Prazeres, celebrada anualmente na segunda-feira depois da pascoela (34). Esta festa é litúrgica e comemora os mistérios gozosos e gloriosos do rosário e da coroa franciscana, relembrando os passos da vida e da glória de Jesus e de Maria. A devoção é antiqüíssima e foi enriquecida com indulgência plenária pelo Papa Leão X (1513-1521) (35).
A referida data da festa de Nossa Senhora dos Prazeres não é primitiva do Santuário de Vila Velha. Pois também em outros santuários é celebrada na mesma data, nomeadamente no Santuário dos Prazeres em Pernambuco.
Representa, por ventura, o painel trazido por Frei Pedro a devoção franciscana de Nossa Senhora dos Prazeres? Os argumentos não parecem apenas afirmá-lo, mas afirmam-no de fato. Portanto, acontece com o Santuário de Vila Velha o seguinte: ele tem dois títulos, um oficial, sempre solenemente celebrado, desde a fundação até os dias de hoje, e cujo nome é "Nossa Senhora dos Prazeres"; outro popular, originado pela situação topográfica, onde foi edificado. O povo o chamou desde logo Nossa Senhora da Penha, seguindo assim o venerando costume dos antepassados: O santuário é dedicado a Nossa Senhora, está edificado numa penha, portanto é de Nossa Senhora da Penha.
Para corroborar as afirmações acima, chamamos a atenção para a data da festa de Nossa Senhora da Penha de França, geralmente celebrada entre setembro e outubro, enquanto os capixabas conservam a data primitiva, herdada de Frei Pedro Palácios.
3. Sucessores de Frei Pedro Palácios
Depois da morte de Frei Pedro, uma irmandade encarregou-se da capela da Penha. Quando apareceu a notícia de que franciscanos portugueses da Custódia de Santo Antônio estavam em Salvador, os capixabas imediatamente lhes ofereceram a capela do grande ermitão (1587). No dia seis de dezembro de 1591, Da. Luiza Grinalda, governadora do Espírito santo, doou-lhes o santuário e a ermida de São Francisco, juntamente com todo o morro (36).
Os Frades preferiram fundar um convento em Vitória, donde todos os sábados dois religiosos iam à Penha para celebrar missa no domingo e atender aos romeiros. Desta maneira, a Irmandade tornou-se desnecessária e dissolveu-se. Durante quase sessenta anos, o Santuário da Penha permaneceu anexo ao convento de Vitória, mesmo quando alguns frades passaram a residir lá definitivamente. Quando em 1630 os holandeses ocuparam o norte do Brasil, invadiram e saquearam seis conventos, e expulsaram os frades, o Custódio resolveu fundar novos conventos mais para o sul. Esta tendência acentou-se depois que a Custódia se tornou independente da Província-Mãe, de Portugal (1647) e se previa que, em breve, passaria à categoria de Província, como de fato aconteceu, em 1657.
Com esta previsão, já em 1650, a residência franciscana da Penha foi elevada à categoria de convento (37). Devido à falta de espaço no topo da rocha, com muitas dificuldades a residência dos frades ia sendo aumentada até que em 1670 recebeu a forma atual. Por muitos anos, o convento da Penha servia como casa de recesso, onde os frades menores, com tendências para vida de eremita, procuravam realizar o seu ideal. Nos meados do século dezoito, a comunidade chegou a contar vinte e três membros (38), cuja maioria se dedicava à vida contemplativa.
Com o decreto pombalino de 1764, proibindo a aceitação de noviços nas ordens religiosas, começou a decadência do convento da Penha. Já em 1820 habitavam-no somente três frades. Durante o governo do segundo imperador do Brasil, agravou-se a situação. Em 1867, o convento da Penha foi colocado sob a dependência do de Vitória e, em 1898, foi entregue à Mitra do Bispado do Espírito Santo. Finalmente, no ano de 1942, a Mitra Diocesana devolveu o convento e o Santuário aos franciscanos da Província da Imaculada Conceição do Brasil. Agora quatro padres continuam a manter a preciosa herança do confrade espanhol, atendendo diariamente aos romeiros, ajudando-lhes a cumprirem melhor os deveres religiosos, incentivando-os ao amor de Deus e da Virgem Santíssima, Mãe divina de Nosso Senhor Jesus Cristo.
E admirável como Frei Pedro Palácios soube solucionar a aparente contradição entre a vida eremítica e missionária. Isento de todo egoísmo e por isso mesmo levando uma vida realmente santa, conseguiu dividir o tempo entre a contemplação na solidão e a atividade apostólica em prol dos irmãos em Cristo.
Passado quatro séculos após a sua santa morte, continua este Santuário por ele erguido a Nossa Senhora da Penha e dos Prazeres. Santuário por ele erguido a Nossa Senhora da Penha e dos Prazeres.
1. Já no ano de 1537, São Pedro de Alcântara passava algum tempo em Lisboa, demorando-se de nova lá mesmo de 1541 a 1543 e em 1548. CF. E.J. Piat, OFM São Pedro de Alcântara, Petrópolis 1962 pág. 111s.
2. Antônio da Piedade, OFM Espelho de Penitentes e Crônica da Província de Sta. Maria da Arrábida, Lisboa 1728, em parte traduzido por Frei Sebastião Ellebracht, OFM O Servo de Deus Frei Pedro Palácios, OFM in Vida Franciscana ano XIV no. 22 pág. 117 (citado Piedade).
3. J. J. da Silva Neto Maravilhas da Penha, Rio de Janeiro 1888 p. 229. Apenas este autor, que não cita as fontes, indica a data de nascimento de Fr. Palácios, i. é, princípios de março de 1498 (citado Silva Neto).
4. Não se confunda o convento da Arrábida com La Rábida na Espanha muito freqüentada por Cristóvão Colombo; o primeiro foi fundado em 1542 por Frei João Calvo, OFM tornando-se posteriormente sede da custódia homônima, que em 1560 foi elevada à categoria de província, pelo Breve Sicut aliquando Exposuit. Entre 1539 e 1542, a Arrábida figurava como ermida franciscana, CF. Frei Fernando Félix Lopes, OFM Fontes Narrativas e Textos Legais para a História da Ordem Franciscana Madrid 1949 p. 67.
5. Frei Antônio de Sta. Maria Jaboatão, OFM Novo Orbe Seráfico Brasílico II Rio de Janeiro 1858-1862 I, 2p. 33 (cito. Jaboatão). - A partir de 1808, chegaram ao Brasil vários franciscanos da Arrábida, destacando-se entre eles Frei Antônio da Arrábida, educador de D. Pedro I e bispo titular de Anemúria e D. Frei Joaquim de N. Sra. de Nazaré, bispo do Maranhão.
6 Ibidem 1, 2 p. 34. Piedade p. 118.
7. Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e Sermões do Pe. Joseph de Anchieta, SJ Rio de Janeiro 1933 p. 319 apud Fr. Odutfo van der Vat, OFM Princípios da Igreja no Brasil Petrópolis, 1952 p. 157 (cito. Vat).
8. Vat p. 157 s.
9. Jaboatão I, 2 p. 41. O autor destaca o primado franciscano.
10. Padre Serafim Leite, SJ História da Companhia de Jesus no Brasil Rio de Janeiro 1938 ss I p. 229. O autor data a primeira residência dos jesuítas entre os índios do Espírito Santo de 1586 (cito. Leite).
11. Jaboatão I, 2 p. 40s. Frei Basílio Roewer, OFM O Convento de N. Sra. da Penha do Espírito Santo Petrópolis 1965 p. 24s (cito. Roewer).
12. Silva Neto p. 49.
13. Jaboatão I, 2 p. 39.
14. Tarcísio do Rego Quirino - Os Habitantes do Brasil no século XVI, Recife 1966. O autor baseia sobre os dados inegáveis do Sto. Ofício.
15. Frei Manuel da Ilha, OFM Divi Antonii Brasiliae Custódiae Enarratio seu Relatio, Ms de 1621. fl. 283v (cito. Ilha).
16. Leite I p. 222. Piedade p. 119.
17. Jaboatão I, 2 p. 39.
18. Ibidem p. 40.
19. Ibidem p. 44. Frei Vicente do Salvador, OFM História do Brasil 1500-1627 São Paulo 1965 p. 119s (cito. Salvador).
20. Jaboatão I, 2 p. 47s. Entre os curados se achava Frei João dos Anjos, OFM.
21. Ibidem p. 41-42. Frei Apolinário da Conceição, OFM Epítome do que em suma contém esta província de N. Sra. da Conceição (ms.) § 8. Silva Neto p. 226. 22.
22. Roewer p. 61. Frei Teotônio terá pressentido o triste futuro do Convento da Penha, como Último guardião a residir no mesmo, tendo por isso colocado a placa comemorativa.
23. Ibidem p. 26.
24. Piedade p. 117.
25. De la Fuente Vida de la Virgen Maria con la historia de su culto en Espana II Barcelona 1879 p. 94 § 276 ss.
26. Vat p. 157s. Pernão Cardin Tratados da Terra e Gente do Brasil Ria de Janeiro 1925 pág. 343s.
27. Augusto Maurício Templos Históricos do Rio de Janeiro Rio de Janeiro S. d. p. 276. Em Portugal, ainda há o célebre santuário da Penha de Guimarães (cito. Maurício).
27A. Ernesto Soares Inventário da Coleção de Registros de Santos Lis-boa 1955 p. XXVI e 208ss, números 02900, 02904, 02906, 02908ss. 28. Maurício pág. 120.
29. Frei Bonifácio Mueller, OFM Capítulos da História Franciscana em Pernambuco in Rev. do Instituto Arqueológico, Histo. e Geogro. Pernambucano, vol. XLVI (1961) p. 331.
30. Notas da Junta das Missões (Arquivo Histórico Ultramarino) ms.
31. Arquivo do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Rio de Janeiro).
32. Salvador p. 119s. Ilha fl. 283v.
33. Jaboatão I, 2 p. 44. Vat. p. 156s.
34. Piedade p. 122.
35. Do Ofício de Nossa Senhora dos Prazeres.
36. Roewer p. 34-38.
37. - CF. Atas Capitulares da Província Franciscana de Sto. Antônio do Brasil 1649-1893 in RIHGB vol, 286 p. 98 onde se lê:e: "§5 Assentou-se finalmente que em N. Sra. da Penha da Barra do Espírito Santo se faça um recolhimento de nove celas, fora duas de hóspedes, e varanda com oficinas por baixo, para o que foi esta graça aprovada pelo definitório".
38. Roewer pág. 72.
Fonte: Antologia do Convento da Penha, ano 1974
Autor: Frei Venâncio Willeke O. F. M.
Compilação: Walter de Aguiar Filho, setembro/2015
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