Hermógenes - Contador e Professor
Após a formatura em Contabilidade pela Escola Superior do Comércio de Vitória, em 1944, Hermógenes pediu demissão da Western Telegraph e assumiu a nova função de contador, trabalhando para o empresário Manoel Francisco Gonçalves. Em 1946 montou o seu próprio escritório, especializando-se em Contabilidade Sindical. A partir de então, ajudou a criar sindicatos, entre eles o dos Comerciários e Rodoviários, além de prestar assistência localizada, na área portuária, aos sindicatos dos Arrumadores, Estivadores, Conferentes e Doqueiros.
Teve ainda atuação requisitada na área de Perícia Contábil. Além de sindicatos, também atendia associações de moradores e empresas. Manteve dois escritórios, um no prédio do Sindicato dos Arrumadores, entidade a que ele prestava assessoria, e outro no Edifício Ricamar, chamado Asteca – Assessoria Técnica Capixaba Ltda. Ainda achou tempo para se formar em Direito, mas não chegou a advogar. Entendia que a advocacia complementava a contabilidade.
Hermógenes destacou-se como professor de Contabilidade Geral, na Escola do Comércio de Vitória, foi membro do Centro de Aplicação do Ensino Funcional e coordenador do curso de Contabilidade do Colégio Brasileiro de Vitória. Também lecionou Introdução à Contabilidade na Faculdade de Cachoeiro de Itapemirim. Tinha um estilo próprio de dar aulas, compensando a aridez da matéria contábil com o bom humor, pontilhando os apontamentos com os agradáveis casos que tinha para contar. Fazia uso desses saberes didaticamente. Resultado: foi amado também por seus alunos e lembrado como excelente professor. Presidiu o Centro de Estudos e Pesquisas Contábeis de Minas Gerais e Espírito Santo e foi membro da Associação Internacional de Contabilidade e Economia. Também foi contratado pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) para dar assistência e consultoria a algumas empresas em cidades como Colatina, Conceição da Barra e Campos (RJ).
Em 1958, assumiu a Presidência do Conselho Regional de Contabilidade (CRC). Numa edição histórica publicada anos depois, o Informativo do CRC destaca sua presença na direção do Conselho, contextualizando o fato com o período histórico vivido pelo país: “Homem da comunicação e da cultura, Hermógenes Lima da Fonseca levou sua alma literária para o comando do Conselho, em 1958. Naquele ano, o Espírito Santo deu um importante passo rumo à industrialização almejada por Jones dos Santos Neves, por meio da criação da Federação das Indústrias. Lindenberg, de perfil ruralista, voltou ao comando do Governo em 1959, e encampou as idéias de desenvolvimento pautado no crescimento industrial. No cenário federal, Juscelino Kubistchek regia o plano econômico de desenvolvimento, no qual prometera fazer “50 anos em cinco”. Quando Hermógenes deixou a Presidência do CRC, em 1960, o País assistia pela televisão à inauguração da nova capital, Brasília. No ano seguinte, a renúncia de Jânio Quadros entrou para a História e para a memória dos brasileiros, abalados pelo clima de instabilidade que tomava conta da nação. Mais atordoado ainda ficou o País em 1964, quando o presidente João Goulart foi deposto pelo golpe militar que transformou o Brasil. O então governador Chiquinho Aguiar também perdeu o cargo. Os meios de comunicação sofreram forte censura. Estudantes e pessoas ligadas a movimentos sociais foram perseguidas, e o medo se instalou na população”.
No site do Sindicomerciários-ES, há o seguinte depoimento que sustenta a participação de Hermógenes na organização dos trabalhadores: “De 1947 a 1953 o sindicato foi gerido por uma série de juntas governativas, que foram influenciadas ideologicamente tanto pelo PTB quanto pelo PCB. Hermógenes Lima Fonseca foi seu membro de maior destaque” .
Apesar de trabalhar tanto, Hermógenes não fez fortuna. “Não sabia dar preço aos seus serviços. Era despojado dos bens materiais”, diz Maria Augusta, frisando que, para ajudar nas despesas, os filhos tiveram que trabalhar desde muito cedo, a partir dos 13 anos.
Fonte: Coleção Grandes Nomes do Espírito Santo - Hermógenes Lima Fonseca, 2013
Texto: Bartolomeu Boeno de Freitas
Coordenação: Antônio de Pádua Gurgel/ 27-9864-3566
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