Igreja de São Pedro - Por José Carlos Mattedi
Não há registros históricos sobre a Igreja de São Pedro. As anotações paroquiais realizadas pela Cúria de Vitória datam a partir dos anos 70. Portanto, as informações que constam abaixo foram descritas pelos moradores do bairro. Segundo eles, o primeiro oratório foi levantado nas areias da extinta prainha, sob uma palhoça, "que servia como uma casinha de oração".
No início da década de 30, as missas eram improvisadas no sobrado de alvenaria da Colônia de Pescadores, na Almirante Tamandaré, numa época em que não havia peixaria. No salão, os fiéis faziam devoções a duas pequenas imagens sacras: a de São Pedro, que veio de Póvoa do Varzim, e a de Nossa Senhora dos Navegantes, que deu nome à avenida que corta a Enseada do Suá. Para a celebração da liturgia, padres vinham de outras paróquias, sempre aos domingos.
Cansados do lugar pouco confortável e improvisado, os pescadores tomaram a iniciativa de construir um templo católico. O local escolhido foi o terreno de João Batista Parra, localizado na esquina das ruas Neves Armond e General Câmara. Ali havia um pequeno sobrado que foi demolido. Conta Amélia Maio Rodrigues, 71 anos, que durante quase toda a década de 30, a comunidade se uniu para arrecadar fundos para a construção da Igreja de São Pedro.
Portugueses e brasileiros se juntaram para construir o santuário. "Cada casa de pescador tinha uma espécie de cofrinho, e ali depositavam suas moedas. E todo final de mês se recolhia o dinheiro", lembra José Pedro. História confirmada por Moacyr Reis: "Cada barco tinha um mealheiro onde se colocava uns trocadinhos. Era um tipo de dízimo. Os pescadores de fora, principalmente os cariocas, também ajudavam quando vinham para essas bandas".
Outra forma de arrecadação era com as festas, principalmente a de São Pedro, já popular na ocasião. A colônia participava ativamente. "Trabalhávamos na festa do padroeiro para se fazer a igreja. Aquele templo não foi feito por padres, mas pelos pescadores do bairro. O dinheiro era guardado por gente séria, por isso não havia desconfiança", recorda Moacyr. E assim, em 1937, a capela foi inaugurada, mesmo ainda não estando totalmente pronta.
Ficou faltando o acabamento. Tinha altar, bancos para os fiéis, confessionário e até um mezanino interno para cantatas. Uma paroquiana ofertou uma nova imagem de São Pedro, só que de origem espanhola, o que não causou mal-estar. Era uma capela simples. Agora, orgulho mesmo sentia a comunidade quando, aos domingos, o sino tocava chamando para a missa. "Era um badalar lindo, que enchia a todos de prazer ou de dever cumprido com o padroeiro", sublinha Amélia com satisfação. Alguns freis marcaram presença naquele período: Elias Tommasi, Severino e Gabriel.
Mas a igrejinha precisava continuar recebendo ajuda dos fiéis para concluir as obras. Já na década de 40, conta Gilda Maio, cunhada de Amélia, o frei Gabriel iniciou uma série de "procissões do tijolo" pelas ruas da Praia do Suá, quando os fiéis rezavam ao santo apóstolo, deixavam o dízimo e ainda tinham que doar o bloco cerâmico que carregavam. "O padre Gabriel dizia: 'Rezemos dez ave-marias'. Depois disso, ele pedia: 'Vamos rezar agora com o tijolo na cabeça para pagar penitência'. E todos obedeciam. Isso durou até concluir a capela."
Os anos se passaram e o templo passou por uma série de reformas. O prédio hoje, descaracterizado, já não guarda tanto um aspecto de igreja — teve que ser ampliado e modernizado para responder ao aumento do número de fiéis. Dado o progresso do bairro, em 1975 o arcebispo Dom João Baptista da Motta e Albuquerque criou a Paróquia de São Pedro da Praia do Suá. Os primeiros párocos foram: Antônio Brandão Pereira; José Ayrola Barcellos e Geraldo Lyrio Rocha. Atualmente, responde pela paróquia o padre Josemar Rubens Stein.
Fonte da foto: Fotos e Vídeos Antigos do Espírito Santo (Grupo de FacebooK)
Carlos Benevides Lima Junior postou e comentou: Anos 50 - Pedacinho da Praia do Suá com a primitiva Igreja de São Pedro. Esta é parte de uma foto panorâmica, em três cromos, que estamos preparando para postá-la na íntegra.
Sandro Chiabai Paterlini comentou: O interessante é que a antiga Praia do Suá era um bairro semelhante a um "oásis urbano", pois era cercado de manguezais. Lindas as residências daquela época, das quais muitas ainda sobrevivem até hoje.
Fonte do Livro: Praia do Suá – Coleção Elmo Elton nº 9 – Projeto Adelpho Poli Monjardim, 2002 – Secretaria Municipal de Vitória, ES
Prefeito Municipal: Luiz Paulo Vellozo Lucas
Secretária de Cultura: Luciana Vellozo Santos
Subsecretária de Cultura: Joca Simonetti
Administradora da Biblioteca Adelpho Poli Monjardim: Lígia Mª Mello Nagato
Conselho Editorial: Adilson Vilaça, Condebaldes de Menezes Borges, Joca Simonetti, Elizete Terezinha Caser Rocha, Lígia Mª Mello Nagato e Lourdes Badke Ferreira
Editor: Adilson Vilaça
Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Cristina Xavier
Revisão: Djalma Vazzoler
Impressão: Gráfica Sodré
Texto: José Carlos Mattedi
Fotos: Raquel Lucena
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2020
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