Igrejas e Irmandades – Por Areobaldo Lellis Horta
Quando Vitória não possuía arrabaldes nem subúrbios, limitada que se achava entre a Pedreira, para o norte e, para o sul, pela colina em que assenta o Hospital de Misericórdia, existiam as seguintes igrejas: Matriz, edificada para o culto de N. S. da Vitória, padroeira da cidade, mais tarde elevada a Catedral com o estabelecimento do bispado; São Gonçalo, construída para o culto da Senhora da Boa Morte e Assunção; Carmo Pequeno, edificada para o culto da Senhora do Monte Carmelo; Carmo Grande, reaberta pelo primeiro bispo Don João Nery, para o culto de N. S. Auxiliadora e do Sagrado Coração de Jesus; Santiago, anexa ao convento dos jesuítas, hoje Palácio Anchieta. Essa igreja, de uso particular dos jesuítas, foi reaberta por Dom Nery, para funcionar como Matriz, por haver a antiga sido elevada à categoria de Catedral; Nossa Senhora da Conceição da Prainha, construída para o culto de N. S. da Conceição; a do Rosário, voltada ao culto da N. S. do Rosário e, mais tarde, ao de São Benedito; o Convento de São Francisco, edificado para o culto do mesmo santo, de São Benedito e Santo Antônio; a da Penitência, anexa a esse convento; a de Santa Luzia, ou da Senhora dos Remédios, a mais antiga da cidade, construída para o culto da mesma santa; a da Misericórdia sob cujos auspícios funcionava a Santa Casa.
A primeira a desaparecer foi a da N. S. da Conceição, erguendo-se no local, o teatro "Melpômene", depois demolido, levantando-se em seu terreno o atual Hotel "Império". Seguiu-a, a da Misericórdia, para em seu lugar levantar-se o atual edifício da Assembléia; a de Santiago, quando foi feita a remodelação do Palácio do Governo, e o Carmo Pequeno, para alargamento da Rua Coronel Monjardim.
Existiam naquele tempo as seguintes irmandades: de Santa Luzia, do Sacramento, de São Benedito, de São Francisco, de N .S. do Rosário, da Ordem Terceira do Carmo, da Boa Morte, da Ordem Terceira da Penitência, da N. S. da Conceição e da Misericórdia. Em torno de três dessas irmandades, formou-se a seguinte lenda:
Não sendo admitido, como irmão do Sacramento, pessoa que não fosse branca, fundaram, a título de distinção, a dos "pardos da Boa Morte" e a dos "pretos de São Francisco". Verdade, ou história, o fato é que não se conhece até o presente, um homem de cor pertencente à irmandade do Sacramento.
O impedimento, se existia, parece ser ligado à questão racial, porque vi muitas vezes, figurando nas procissões, com a opa vermelha, um cidadão italiano, de nome Pio, hortelão, residente em Jucutuquara, e que todas as manhãs percorria as nossas ruas, em mangas de camisa, carregando dois cestos de verduras, vendendo à freguesia.
A posição social do indivíduo, parece, não influía no caso; mas, sim, a cor da pele.
Fonte: A Vitória do meu tempo – Academia Espírito-Santense de Letras, Secretaria Municipal de Cultura, 2007 – Vitória/ES
Autor: Areobaldo Lellis Horta
Organização e revisão: Francisco Aurelio Ribeiro
Compilação: Walter de Aguiar Filho/ junho/2020
Assim se explica a construção da igreja de Santa Luzia, a mais antiga da cidade
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