Inauguração da iluminação elétrica em Vila Velha, 30.7.1910
Na capital do Estado do Espírito Santo, havia chegado grandes melhorias urbanas entre elas a iluminação pública elétrica, com isso resolveu-se estender o benefício ao município vizinho, Vila Velha, então denominado Cidade do Espírito Santo.
Pela ata da inauguração fica restrito a benfeitoria apenas à iluminação pública, na região da Prainha, então maior núcleo urbano e sede do Município, até então provida de precária iluminação pública por lampião a óleo de mamona, que inclusive em dias de lua cheia não eram acesos.
Na ata não há nenhuma citação técnica. O investimento abriu caminho para em 1912 ser inaugurada a linha de bondes elétricos, que já era esperado por décadas.
O evento deve ter-se realizado à noitinha. Não há registro que tenha havido alguma cobertura jornalística, e mesmo comes e bebes.
Na certa a oferta de energia era pequena, e no máximo poderia atender a poucas ruas e a alguma repartição pública, no caso a sede da municipalidade, a única existente. Até mesmo a iluminação interna do Convento da Penha só surgiu alguns anos depois; a externa o foi por volta de 1955.
Na Prainha funcionava a Câmara Municipal com funções legislativas e executivas, dotada de um xadrez para passagem de presos. Ficava na esquina da atual Rua Coronel Mascarenhas com a quase extinta travessa municipal (hoje remanesce como beco do Ataíde), continuação da extinta Rua do Sacramento.
A inauguração deu-se no largo da Matriz do Rosário, com chave instalada na residência do Major da Guarda Nacional, Joaquim da Cunha Vieira Mascarenhas, vice-presidente do Governo Municipal.
Os Vereadores eram chamados de Governadores Municipais, e a sede do governo local era denominada de paço.
Essa casa existe até hoje, e fica na Prainha, na esquina da Rua Coronel Mascarenhas esquina com Rua Dr. Ailson, em frente da porta lateral do Dispensário dos pobres São Judas Tadeu.
A eletricidade era a fada do século XX, e trazia grande esperança desenvolvimentista.
No referido ano ainda não existia a figura das Prefeituras Municipais, como ente público, com autonomia política e administrativa ainda que limitada, o que veio existir em Vila Velha somente após 1913 em diante.
Nessa época o positivismo influenciava muito ainda a política, quando enfatizavam a separação republicana da Igreja do Estado, e não consta ter havida benção religiosa na inauguração.
Não há registro que tenha havido fotografia do ato.
A ata foi lavrada pelo Secretário do Congresso Legislativo Estadual, Cirilo Tovar.
Usaram da palavra o Major Joaquim Mascarenhas, o Dr. Julio Leite, e ainda o Dr. Antonio Athayde, que congratulou a relevância do serviço inaugurado. Houve ruidosa salva de palmas e ovações.
Falou em seu término o Presidente do Estado, e ainda, os senhores João Carneiro, Dario Araújo, Getúlio Serrano, e a menina Yolanda Adnet; e ainda o Capitão Jayme Silva.
Lista dos presentes na inauguração da iluminação elétrica em Vila Velha, no dia 30.7.1910
Estiveram presentes por parte do povo, e autoridades locais e da Capital, com algum comentário de minha autoria:
Aureliano de Almeida Falcão e Silva (na certa grande proprietário na região da Barra do Jucu)
Lavinia M.Velozo
Arnaldo Antonino de Barcellos – parente do grupo Mauro que iria surgir por força de casamento entre famílias
Perjentino Ignácio Machado
Armando da Silveira Ayres (denota ser da família que deu origem à toponímia Ilha dos Aires)
Lippmann d’Olivér
Corina Hitchings ( por certo era uma moradora da Prainha )
Joanna Hitchings
Eugenia d’Olivér
Emilia Mascarenhas (deveria ser talvez a própria Emilias Tesch Mascarenhas que era casada com o major Joaquim da Cunha Vieira Mascarenhas, proprietário na região de São Torquato e de área vizinha do sítio Batalha, onde hoje existe o Shopping Praia da Costa)
Eudila Guimarães (seria dona Didila Guimarães quando nova, e que veio ser atuante em teatro mambembe sob liderança de Clementino Barcelos )
Maria Pivante
Maria Dinorah Nunes
Adelaide Ferraz Coutinho (da família do Coronel Ferraz Coutinho )
Zulmira Ferraz Coutinho (idem acima)
Leonor Batalha (por certo da família proprietária do sítio Batalha)
Maria José Ferreira Coelho – provável esposa do des. Ferreira Coelho
Manoel Duarte de Freitas (veio a ser Prefeito de Vila Velha )
Antonio Pio d’Assis
Alexandrino José Caldeira – parente de Milton Caldeira
João Ramires da Costa (famoso como fitoterapeuta, e foi o último sacristão do Convento na primeira fase e que lá estava quando da posse do mosteiro pelo bispo D.João Nery no final do século XIX quando da quase extinção dos franciscanos)
Luis Geraldo Mathias
João Pinto Carneiro
João Nicolussi
Climerio Ribeiro Guimarães (Dr. 1º Tenente)
Antenor Guimarães – empresário de navegação em Vitória
Sebastião Rodrigues – em nome de seus herdeiros estava o sítio Batalha quando da desapropriação em 1950 para surgir o Marista
Durval Araujo- chegou ser prefeito interino de Vila Velha na revolução de 30
J.de Lucena
Ramiro Martins (Alferes)
José Ferreira Braga
Francisco de Paula Pacheco
João Joaquim P. da Silveira
Dario Araujo
Alcebiades .....
Manoel da Costa Morgado Horta - proprietário na região de Capuaba
Joaquim C.
Antonio Ferreira Coelho – advogado, futuro Desembargador no Estado
Lafayette do Valle – Chefe de Polícia
Joaquim da Cunha Vieira Mascarenhas – Vice Presidente do Governo Municipal, ora no exercício da Presidência
Antonio Francisco de Athayde - Diretor da Agricultura Estadual - engenheiro - futuro Prefeito Municipal de Vila Velha
Getulio Augusto de Carvalho Serrano –Presidente da Corte de Justiça
Julio Pereira Leite
Jerônimo de Souza Monteiro – Presidente do Estado do Espírito Santo
Joaquim Cassão – engenheiro chefe da Empresa de água, Luz e Esgotos
Mais meia dúzia de nomes a decifrar pela assinatura.
Citados na ata ainda:
Julio Pereira Leite _ Presidente do Congresso Legislativo
Coronel da Guarda Nacional Joaquim Lyrio – Presidente do Conselho Municipal de Vitória
Cassiano Castelo – Prefeito de Vitória
Dr. José Bernardino Alves Jr – Secretário do Governo Estadual
Dr.Ubaldo Ramalhete – Secretário do Interior
João Tovar – Diretor Interino de Finanças
Dr. Deocleciano de Oliveira – Inspetor Geral de Ensino
Capitão Hortencio Coutinho – Ajudante de Ordens da Presidência do Estado
Comandante e oficiais da Escola de Aprendizes Marinheiros e da Sétima Companhia Isolada e Corpo Militar da Polícia do Estado
Presidente e demais membros do Governo Municipal da Cidade do Espírito Santo
Várias outras autoridades federais, estaduais e municipais, estiveram presentes, bem como pessoas gradas, mocidade escolar e populares, conforme consta na ata.
Copilado por Roberto Brochado Abreu, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Vila Velha – Casa da Memória, em 12.2.2016
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