Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Jogos praianos: uma lembrança que ficou

Jogos Praianos - Agachados: Paulo Pimenta, Dirceu Carneiro, Luiz Fernando Guimarães, Nenel Miranda, Allan Haynes. Em pé: Nelson Godero, José Alfredo Cabral, Nelson Pretti, Ana Angélica, Cuca Pretti, Celso Saadi e Murilo Morgado Horta.

A década de 60 começava, e a necessidade de fornecer melhor educação aos filhos trouxe nossa família para Vitória, vinda do município de Itapemirim. Fomos morar na rua Ulisses Sarmento, 280, no bairro de Santa Helena, que ficava no início da atual avenida César Hilal, sentido Praia-Centro. Bem em frente da casa havia um ponto de bonde e os trilhos ficavam a mais ou menos um metro do portão. Da varanda, avistávamos o bar e mercearia de Pedro Daniel, comerciante da região, onde se comprava de tudo um pouco. Entre o bar e minha residência, já na avenida Desembargador Santos Neves, estava localizado — exatamente como nos dias atuais — o Praia Tênis Clube, tradicional e aristocrático clube, frequentado pela sociedade dos bairros Santa Helena, Praia do Canto e, principalmente, Praia Comprida. Os bairros eram tipicamente residenciais, sem violência, com muita amizade entre os moradores. Andávamos pelas ruas ocupados com diversas brincadeiras típicas da época — pique, bolinhas de gude, ferrinho —, todas comuns até às 22 horas, sem problemas de assaltos e roubos.

Ah, éramos felizes e não sabíamos! ...

Tempos de twist, rock, Jovem Guarda, amizades sinceras que perduram até os dias atuais: Luís Alberto Varejão, Gilson Mansur, José Hildo Garcia, José Augusto Lisboa, Sérgio Bruzzi, Sérgio e Sérvulo Vidal, Ronald Rubim, Ronald Sado, Marcos Murad, Henrique Farias, Paulo Magalhães, Vinicius Alves, Álvaro e Afonso Abreu, Nenel Miranda, Toninho Neves, Joel Cabral Charles Bitran, que até hoje nos deixam muita saudade e ótimas recordações de amizade.

O Praia Tênis Clube era a segunda casa de todos, e pessoas como Álvaro Nogueira (Nogueirinha), o verdadeiro criador e o maior incentivador dos Jogos Praianos, Inácio Pessoa, Érico Neves, Orlando Espíndula, Guga Saleto, Guilherme Rody Soares, Solano Farias, formaram diretorias que fizeram daqueles anos os tempos de ouro do clube.

E entram na jogada principal os Jogos Praianos.

Criados e incentivados pela Sociedade Esportiva e Cultural do Praia, com fins de unir, integrar, criar, desenvolver e despertar o gosto pelos diversos esportes praticados, conseguimos em consequência, o aparecimento de novos valores para o esporte amador de Vitória. Os Jogos eram disputados durante todo o mês de janeiro, entre associados, dependentes, atletas do clube e de outras agremiações, como o Saldanha da Gama e Iate, que também pertenciam ao quadro de sócios do Praia Tênis como Jayme Navarro, José Augusto Esteves, Rogério Medeiros, Renato Sarlo, Cacau Penedo e Paulete.

As equipes eram formadas e designadas com as cores Branca, Vermelha, Azul, Preta, mas havia também a equipe dos Casados. Nos dias de semana, à noite, e igualmente aos sábados e domingos, eram disputados os jogos. O maior momento de concentração e de integração se dava na abertura, com e pelas ruas do bairro e chegada triunfal ao clube. As bandeira com suas candidatas a Rainha dos Jogos, se preparavam com esmero e carinho, cada qual desejando conquistar o primeiro lugar do desfile. Bem defronte ao Bar Miramar, Bar do Valter, onde hoje se localiza a Praça dos Desejos, jogávamos as partidas de futebol de areia, com grande concentração de jovens e adultos, colocando também em dia os acontecimentos sociais, políticos e esportivos. Os sábados e domingos eram destinados aos eventos sociais, programados e dirigidos por Ronaldo Nascimento, com a perene presença de Hélio Dórea, assim como de Jairo Maia, com suas tradicionais domingueiras dançantes, com direito a sessões de piadas gratuitas retiradas do repertório do próprio discotecário.

Amizades, namoros, compromissos firmados, casamentos, podemos afirmar que, a partir dos Jogos Praianos, vários atletas formaram famílias, criando os filhos que fazem a história atual da cidade de Vitória, nas diversas áreas do desenvolvimento humano.

As fotos que aqui aparecem complementam esta simples contribuição, levando-nos a um tempo distante, mas sempre perto do coração. Afinal, a Vitória de hoje existe para os jovens com sentimentos semelhantes aos que tínhamos naqueles memoráveis e saudosos dias dos jamais esquecidos Jogos Praianos.

 

ESCRITOS DE VITÓRIA — Uma publicação da Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Vitória-ES.
Prefeito Municipal - Paulo Hartung
Secretário Municipal de Cultura e Turismo - Jorge Alencar
Diretor do Departamento de Cultura - Rogerio Borges De Oliveira
Coordenadora do Projeto - Silvia Helena Selvátici
Conselho Editorial - Álvaro Jose Silva, José Valporto Tatagiba, Maria Helena Hees Alves, Renato Pacheco
Bibliotecárias - Lígia Maria Mello Nagato, Elizete Terezinha Caser Rocha, Lourdes Badke Ferreira
Revisão - Reinaldo Santos Neves, Miguel Marvilla
Capa - Remadores do barco Oito do Álvares Cabral, comemorando a vitória Baía de Vitória - 1992 Foto: Chico Guedes
Editoração - Eletrônica Edson Malfez Heringer
Impressão - Gráfica Ra
Fonte: Escritos de Vitória, nº 13 – Esportes- Prefeitura Municipal de Vitória e Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 1996
Autor: Guilherme Filgueiras
Compilação: Walter de Aguiar Filho, janeiro/2020

Literatura e Crônicas

Bodas de Prata de Cinira Benezath Furtado

Bodas de Prata de Cinira Benezath Furtado

Conhecemos Cinira Benezath Furtado quando ela andava, ainda menina, estudando, pela Escola Normal

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Ano Novo - Ano Velho - Por Nelson Abel de Almeida

O ano que passou, o ano que está chegando ao seu fim já não desperta mais interesse; ele é água passada e água passada não toca moinho, lá diz o ditado

Ver Artigo
Ano Novo - Por Eugênio Sette

Papai Noel só me trouxe avisos bancários anunciando próximos vencimentos e o meu Dever está maior do que o meu Haver

Ver Artigo
Cronistas - Os 10 mais antigos de ES

4) Areobaldo Lelis Horta. Médico, jornalista e historiador. Escreveu: “Vitória de meu tempo” (Crônicas históricas). 1951

Ver Artigo
Cariocas X Capixabas - Por Sérgio Figueira Sarkis

Estava programado um jogo de futebol, no campo do Fluminense, entre as seleções dos Cariocas e a dos Capixabas

Ver Artigo
Vitória Cidade Presépio – Por Ester Abreu

Logo, nele pode existir povo, cidade e tudo o que haja mister para a realização do sonho do artista

Ver Artigo