Mora
É válido destacar, resgatando os costumes dos imigrantes italianos que vieram para o ES, os jogos de lazer, como mora, baralho e bocha, ainda praticados pelos descendentes em Santa Teresa. Segundo pesquisa de alunos e professores do Grupo Escolar Pessanha Povoa, em alguns bairros e comunidades, os moradores ainda preservam essa cultura.
A Enciclopédia Britânica, em "games" (jogos), informa que, em Roma, no século IV, "morra" (pronunciava-se mórra") era um jogo de adivinhação, em que dois parceiros tentavam adivinhar a soma total de dedos a serem abertos, simultaneamente, pelos dois. A mora é uma das mais preciosas tradições dos colonos, cujos avós italianos fincaram bandeira para seus descendentes.
É jogada por dois parceiros, geralmente sentados, ao redor de uma mesa. Os dois jogadores erguem as mãos direitas e as abaixam rapidamente sob a mesa, gritando cada um a soma prevista dos dedos abertos. O total a ser gritado pode variar entre dois a dez, indicando que cada parceiro deve apresentar, no mínimo, um dedo e, no máximo, evidentemente, cinco dedos.
A mora é uma espécie de jogo de palitinhos disputado com as mãos e assemelha-se à quele jogo de par ou ímpar, porém nestes não há limites na colocação dos dedos, valem todos. As apostas da mora e a batida ocorrem em um ritmo alucinante e sempre com muita algazarra. Eles "parlam" durante toda a partida. Quem diz "tchá" está chamando um seis. O adversário desafia com algum outro número. Quem acerta a soma ganha um ponto. Os jogadores precisam ter um raciocínio ligeiro. A mora era diversão nos presídios italianos na Idade Média.
Nossos avós jogavam com maestria. Aos domingos, à tarde, após a reza do terço na capela ou na Igreja Matriz em Santa Teresa, reuniam-se nos bares ou com amigos em suas casas, em torno de uma mesa gritando 2, 2, 2, 2, 3, 3, 3, 3, 6, 6, 6... batendo na mesa. Fazia ponto quem somasse o número certo proposto, somando seus dedos e os do adversário. Nota-se, nesse jogo, a rapidez do imigrante em fazer contas de cabeça.
Livro: Santa Teresa Viagem no Tempo - 1873/ 2008
Autora: Sandra Gasparini
O jogo de bocha é muito apreciado pelos imigrantes italianos
Ver ArtigoO emigrante deseja, na verdade, que a nova terra seja uma cópia da que deixou para trás, mas sem as imperfeições que o fizeram abandoná-la
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