O Folclorista Capixaba - Por Kátia Bóbbio
Quero muita inspiração
para falar com ternura
num ilustre literato
e contador de bravura,
além de grande folclorista,
mestre na literatura.
Hermógenes Lima Fonseca,
um cidadão de valor,
nasceu no norte do Estado,
assim quis o Criador,
com seu nome sempre honrado
cheio de puro esplendor.
Foi no sítio do Zé Alves,
nas Perobas, no Angelim,
no distrito de Itaúnas,
Conceição da Barra, sim,
nasceu declamando versos
feito um poeta mirim.
Dia 12 de dezembro
seu Hermógenes nasceu,
dezenove, dezesseis (1916)
sua mãe p recebeu,
sendo o sagitariano
esse era o signo seu.
A sua mãe dona Rosa
seu pai senhor Manoel,
homem simples, todos dizem,
um cantador de laurel,
que hoje faz suas cantigas
perto de Deus, lá no céu.
Hermógenes em criança
ia assistir todo dia
os ensaios de folclore
que em novembro acontecia,
dia trinta e um a festa
que em dezembro acontecia.
Começou a tomar gosto
pela cultura da terra,
o garoto admirava
os cantadores de guerra,
entrava sertão a dentro
da chapada até a serra.
Parte da infância de Hermógenes
foi em sua terra natal,
depois ele foi levado
p’ra Vitória, a capital,
no orfanato, afinal.
Hermógenes com dez anos
saiu para trabalhar,
para obter seu sustento
sempre quis ser exemplar,
labutando com afinco
quis seu destino ceifar.
Sei que em sua adolescência
ele foi entregador
de cartas e telegramas
dos navios a vapor,
foi cabo submarino
Wester Stafera, o feitor.
Estudou na Academia
do Comércio de Vitória,
e foi durante treze anos
grande orador, de memória,
ele foi muito aplaudido
quando contou sua história.
Durante catorze anos
ele foi telegrafista,
todo esse tempo estudou
para ser contabilista,
mais tarde viria a ser
nosso grande folclorista.
Hermógenes ainda jovem
começou a escrever,
inspirado e competente
escrevia p’ra valer,
contos, crônicas, poesias
para todo mundo ler.
Hermógenes estudou
e formou-se em contador,
foi trabalhar numa firma,
uma empresa de valor,
chamada ‘A Colegial’
por dez anos, servidor.
Depois montou o seu próprio
negócio contabilista,
em 47 eleito (1947)
Vereador Progressista,
de Vitória, a capital
desse grandioso artista.
Durante treze bons anos
morou numa escadaria,
chamada de Fonte Grande
ele descia e subia,
e na Pedra do Urubu
sentiu amor e alegria.
No dia oito de julho
casou com dona Maria
Augusta, em quarenta e quatro (1944),
mulher de muita valia,
tendo com ela oito filhos,
todos de sabedoria.
Luiza, Maria Angélica
depois Rita e Manoel,
e mais tarde outros filhos,
a Margarida e a Raquel,
após Marcus e Marília
para formar o quartel.
Com o professor Guilherme
Hermógenes se encontrou,
começou a contar cosias,
sobre o folclore falou,
Doutor Guilherme depressa
os assuntos notou.
Hermógenes convidado
foi para participar,
de um Congresso Brasileiro
do Folclore, vou narrar,
foi no Rio de Janeiro
e agora vou relatar.
Chegando ao Rio encontrou-se
com o Câmara Cascudo,
ministros e autoridades
e que entendiam de tudo,
no folclore brasileiro
fizeram grandes estudos.
Para uma grande turnê
convidou esse imortal
a vir ao Espírito Santo
conhecer bem o local,
percorreram todo o norte
desse Estado e a Capital.
Sei que Hermógenes Fonseca
não parou por aí não,
percorreu vários Estados
da nossa Federação,
participou de congressos
com muita satisfação.
Su’alma simples e boa
de fraterno folclorista,
uma fonte de cultura
e dedicado cronista,
semeou sempre bondade
o laborioso artista.
Hermógenes foi honrado
com muita admiração,
pelo seus gestos fidalgos
que tinha em seu coração,
como um filho apaixonado
nunca esqueceu seu torrão.
O sítio Pixingolê
já foi um grande quartel
de homens de literatura
e de escritores de cordel,
estrangeiros de renome
que queriam ser fiel.
Hermógenes deu as mãos
sempre aos jovens escritores,
aos poetas e aos artistas,
e a todos os cantadores,
com sua simplicidade
sempre recebeu louvores.
Muitos livros de estórias
Hermógenes escreveu,
relatou muitas memórias
em cordéis, do torrão seu,
também fez muitas pesquisas
na terra que o recebeu.
Hermógenes um gigante
também grande idealista,
se dedicou aos estudos
na vida do folclorista,
estudioso do povo
brilhante conferencista.
Nas histórias do seu povo
ele é muito conhecido,
o poeta ‘Armojo’ foi
cidadão bom e querido,
homem simples, talentoso,
isso é por todos sabido.
Jornal “Folha Capixaba”
ele foi bom diretor,
e em outros jornais do Estado
foi grande colaborador,
para “A Gazeta” e “A Tribuna”
escreveu como um ator.
Eu sei que em vários jornais
divulgou o seu trabalho,
Revista Cuca e da UFES,
num permanente agasalho
uma grande por excelência
que agora em versos, detalho.
Para decantar Hermógenes
não me falta inspiração,
foi no Centro Capixaba
do Folclore, teve ação,
foi membro de experiência
que ajudou a região.
Sei que Hermógenes também
Fez parte da Comissão,
A Espírito-santense
de Folclore, da nação
homem de muita vivência
também na pesquisação.
‘Armojo’ foi presidente
do Conselho Regional,
o de Contabilidade
tudo isso em bom astral,
o seu nome hoje fulgura
no cenário nacional.
Sei que no Centro de Estudos
foi um grande presidente,
e nas pesquisas contábeis
foi um senhor competente,
aqui no Espírito Santo
ajudou a muita gente.
‘Armojo’ fez muitos cursos
seguindo uma trajetória,
sua figura altaneira
provou ter boa memória,
neste Estado foi brioso,
sua fama teve glória.
Muitos versos lapidou
como ourives, sem igual,
dono de muita grandeza
de uma maneira real,
escreveu diversos livros
sempre do povo – o real.
Na Academia de Letras (ES)
ocupou o seu lugar,
além do Instituto Histórico
e Geográfico é par,
harmonioso poeta
que os seus versos fez brilhar.
Sei que Hermógenes também
foi um homem denodado,
honesto, trabalhador
sempre humilde e reservado,
sua comunicação
tornou-se um aprendizado.
Muita gente o procurava
p’ra pedir-lhe opinião,
Hermógenes atendia
a todos com distinção,
satisfazia o seu povo
na hora da precisão.
Prestigiava os poetas
e os novos escritores,
que queriam publicar
seus trabalhos, seus louvores,
todos tinham em Hermógenes
muita chance, os sonhadores.
Lutou muito pela classe
do poeta brasileiro,
sempre, sempre preservando
o folclore verdadeiro,
em seus versos populares
Hermógenes foi brejeiro.
O tempo foi-se passando,
Hermógenes já cansado,
sempre escrevendo de graça
nunca foi renumerado,
mas Denise lhe ajudava,
estava sempre ao seu lado.
Sei que o Rogério Medeiros,
com muita dedicação,
foi seu maior companheiro
quando estava em aflição,
ajudando na doença
desse grande cidadão.
Pelo Instituto Histórico
Hermógenes, convidado,
para uma grande homenagem
que o deixou emocionado,
“Tenho dito”, ele falou,
e foi hospitalizado.
No dia 15 de maio,
foi o seu falecimento,
no ano de noventa e seis (1996)
levaram nosso talento,
foi cantar versos do céu,
o seu último aposento.
Sinto-me emocionada
em falar no pai e irmão,
estejas onde estiver
estás no meu coração,
esse vulto cultural
deixou-me com emoção.
Fonte: Era uma Vez... Hermógenes Lima Fonseca Um Anjo bom que passou por aqui, 1997
Autor: Kátia Bóbbio
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2014
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