Parque Moscoso (ex-Campinho) - Por Elmo Elton
O aterro do Campinho, local primitivamente chamado Lapa do Mangal, área pantanosa, foi ativado, a partir de 3 de setembro de 1888, quando presidente da província o Dr. Henrique Ataíde Lobo Moscoso. Dois meses depois, o engenheiro Augusto Olavo Rodrigues Ferreira apresentou estudo sobre a referida área, sendo que, a 2 de abril do ano seguinte, já estava concluída parte considerável do aterro, visto que, para tal empresa, empregaram-se numerosos operários, incluindo presos da Cadeia Pública e desocupados, todos recebendo salário razoável.
O Presidente Moscoso, trabalhador, empenhado em mudar a fisionomia da capital da província, ia, diariamente, fiscalizar a obra, "mais parecendo um engenheiro do que um bacharel de Direito". Acontece que, a 27 de abril de 1889, foi o mesmo transferido para a província do Pará, para ali exercer idêntico cargo, mas, atacado de beribéri e febres, não chegou a viajar, falecendo, a 8 de junho, em Vila Velha (ES).
"A Câmara Municipal de Vitória deu ao lugar aterrado o nome de Vila Moscoso, demarcado. no mesmo ano, para edificações e arruamento. A 21 de junho, inaugurou-se ali um chafariz, com água da fonte dos Cavalos. No governo do Dr. Afonso Cláudio, em 1889, ergue-se um monumento do Presidente com o resultado de subscrição popular. em toda a Província. O mausoléu foi transferido para o cemitério de Santo Antônio. no governo de Jerônimo de Souza Monteiro, que transformou a Vila no grande Parque Moscoso."
Dois anos após a morte do Dr. Henrique Moscoso, tiveram reinicio as obras do aterro fizeram-se os primeiros estudos para uma rede de esgotos e o abastecimento de água, na Capital, mas a empresa contratada para tal empreendimento, a Companhia Torrens, não cumpriu a contento suas obrigações.
Em 1911, já de todo aterrado o Campinho, o Governo contratou, a 26 de março, o Sr. Paulo Motta para transformá-lo num amplo jardim.
Luiz Derenzi, engenheiro e historiador, registra:
"No plano Torrens, os terrenos do Campinho foram divididos em lotes e vendidos antes de serem recuperados ao pântano. Desapropriou o presidente as partes alienadas, requereu, por aforamento, ao Patrimônio da União. toda a gleba, legítimos terrenos da Marinha. Cometeu ao Dr. João Thomé Alves Guimarães, culto e honesto advogado, a incumbência da desapropriação. Não esperou, porém, o governo pelo término do processamento para iniciar os trabalhos de desmonte e terraplanagem, pois, a 27 de agosto de 1910, e, a 26 de fevereiro do ano seguinte, contratava, respectivamente, com o Cel. Antônio José Duarte o aterro e com Paulo Motta, o ajardinamento da maior parte da área a ser beneficiada (...)
À medida que o aterro avançava, Paulo Motta ia estaqueando os canteiros do magnífico parque florestal e florido, que veio a ser o Parque Moscoso, orgulho dos capixabas e um dos mais belos de todas as capitais. Paulo Motta merece menção especial. Não teve curso superior, mas era um esteta, um panteísta romântico. Toda a sua alma se refletiu na forma harmoniosa do jardim, que desenhou, construiu e matizou de mil arbustos policrônicos. As minúcias são quase de ourives: lago, "ruínas", repuxos, fonte luminosa, recantos sombrios, labirintos, pontes, tudo caprichosamente perfeito. Não esqueceu os cisnes abstratos e os gansos vigilantes contra os profanadores intrusos."
O Parque Moscoso foi inaugurado, festivamente. a 19 de maio de 1912, com a presença do presidente Jerônimo Monteiro, passando, desde então, a ser considerado o mais belo e acolhedor logradouro de Vitória, conforme acentuado acima, embora nem sempre devidamente conservado pela Prefeitura. Infelizmente, seu antigo traçado já não é o mesmo de antes, modificaram o desenho dos canteiros, demoliram o coreto, sua iluminação não prima pelo bom gosto, sendo que, ultimamente, toda a área do parque foi cercada por muro com gradis de ferro, mesmo sem a aprovação da maioria dos ilhéus. Uma pena!
Fonte: Logradouros antigos de Vitória, 1999 – EDUFES, Secretaria Municipal de Cultura
Autor: Elmo Elton
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2017
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