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Preservar a memória – Por Sebastião Pimentel

Imóveis preservados que acolheram as instalações da Casa da Memória de V.Velha e do Museu Homero Massena

Em 1995, fui eleito membro titular da Câmara de Patrimônio Cultural e tomei assento no Conselho Municipal de Cultura de Vitória.

Durante o tempo em que participei das reuniões (pena que, desde dezembro de 1995, nunca mais o Conselho foi convocado), pude, em importantes discussões com os demais integrantes do Conselho, conhecer melhor o patrimônio cultural de nossa cidade.

Juntamente com os outros integrantes da Câmara de Patrimônio Cultural (Carlos Benevides Lima Júnior, Clenir Regina Pela Meneghel, Maria Cristina Coelho Duarte), apresentamos um levantamento, referente a imóveis localizados na cidade de Vitória, propondo o seu tombamento, respaldados na importância da preservação de significativo conjunto arquitetônico existente em nossa cidade.

O tempo é fugaz e extremamente veloz, fazendo com que o passado seja freqüentemente relegado ao esquecimento, contribuindo dessa forma para que lentamente percamos nossas referências.

A memória faz parte de nossa vida, e por isso, precisamos urgentemente recuperá-la. Neste sentido concordamos com Bunel quando afirma que uma vida sem memória, não é vida. Segundo este autor, "nossa memória é nossa razão, nossa ação, nosso sentimento. Sem ela não somos nada".

Quando nos referimos à importância de se preservar a memória da nossa cidade, não visamos apenas a conservar elementos da nossa cultura material estranhos ao tempo e à história que nos envolve, por sua beleza estética, raridade ou singularidade, mas também a permitir que o resgate possibilite o confronto entre o passado e o presente.

Vitória é uma das mais antigas cidades do Brasil, e poucos exemplos arquitetônicos existem atualmente para atestar nossa antigüidade. Nos últimos anos, foram postas abaixo ou destruídas verdadeiras preciosidades: O calçamento "pé de moleque" da Rua Duque de Caxias, o "castelinho" da rua Cel. Monjardim, o casario da Cidade Alta (poucas se mantêm erguidas), e a antiga sede da Prefeitura, entre tantas outras.

A falta de planejamento urbano contribui para a descaracterização de nossas paisagens e horizontes visuais. Assim, perdemos a Praia Comprida, a Praia do Barracão, a Praia do Suá, a Praia de Santa Helena, a beleza rural da estrada do Contorno.

Todo o casario da Cidade Alta, inclusive o palácio do governo, o prédio da assembléia legislativa, a igreja de São Gonçalo e a Igreja do Rosário, está perdido no meio de edifícios.

A Prefeitura de Vitória tem procurado, num esforço elogiável, revitalizar o centro da cidade, incentivando a recuperação visual de antigos prédios, mas os esforços não têm conseguido sensibilizar a maioria dos proprietários. Os tapumes continuam vedando a visibilidade de velhas edificações do início do século, perdendo esteticamente a nova cidade diante da destruição suas antigas características.

A cidade de Vitória precisa pois, urgentemente, resgatar a sua memória, antes que percamos definitivamente os resquícios dela existentes.

Monumentos arquitetônicos devem ser tombados e preservados, no sentido de serem colocados a salvo da cobiça e ignorância do homem de hoje.

Imóveis cuja importância histórico-social ou beleza arquitetônica sejam consideradas imprescindíveis à memória da sociedade não podem ser destruídos, desfigurados ou modificados.

Depoimentos de significativas personalidades — políticos, esportistas, artistas, educadores, líderes comunitários, juristas, comunicadores — devem ser coletados objetivando-se preservar pela oralidade a história de nossa cidade. Museus, casas de cultura, bibliotecas, arquivos, devem ser instalados e organizados no sentido de familiarizar o público da cidade com a história regional.

No entanto, gostaríamos de ressaltar que não basta apenas a preservação da memória como uma iniciativa do governo municipal. É preciso que o povo, a sociedade como um todo, compreenda a razão da preservação. Caso contrário, a não compreensão da importância desta resultará em que a sociedade não valorize, os nossos bens culturais.

 

Fonte: Você – Revista da Secretaria de Produção e Difusão Cultural/UFES – ano V – nº 42 – set/1996
Autor: Sebastião Pimentel
Compilação: Walter de Aguiar Filho, julho/2015

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