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A prisão do tapete – Por Pedro Maia

Estrada Jerônimo Monteiro - Paul

A confusão começou por causa da ventania da semana passada. Um tapete que estava a secar em uma janela no tranquilo aglomerado residencial chamado Paul foi erguido com o Vento Sul e com ele um jarro que servia de peso. Tapete e jarro rodopiaram pelo espaço indo cair justamente em cima do Opala do cidadão português que, indiscutivelmente, é o sujeito mais encrenqueiro daquela paróquia.

Então foi um Deus-nos-acuda! O portuga saiu de casa mais enfezado do que comerciante quando recebe cheque sem fundo, e depois de brindar com sonoros palavrões a dona do tapete achou por bem chamar a polícia. Veio então o delegado com dois soldados fortemente armados para resolver a questão.

A dona do tapete bateu o pé e afirmou que não pagaria porcaria de indenização nenhuma ao português, pois não era culpada de nada. A culpa era do Vento Sul, e se o português quisesse indenização que fosse cobrar do vento.

Nessas alturas, o já pê da vida imigrante de além-mar pulou nas tamancas, exigindo que a dona da casa fosse presa e processada por danos à propriedade alheia. A coisa tomou o domínio público e os moradores das imediações dividiam-se em opiniões diversas: uns eram a favor do português, outros defendiam a dona do tapete, e tinha até gente que culpava o vento, escrachando com o poder público por não tomar medidas que pudessem evitar acidentes como aquele.

Quando o delegado percebeu que a coisa estava ficando feia, achou por bem tomar uma atitude, e fez o que achou mais correto: levou o tapete para a delegacia, sob a acusação de ter sido ele o verdadeiro culpado pelo incidente.

E foi por isso que ontem um advogado, nosso amigo, se incumbiu da mais incrível tarefa de toda a sua carreira de criminalista: fazer um habeas-corpus em favor de um tapete. E o mais curioso disso tudo foi o delegado ter colocado o tapete no cubículo, como um preso comum.

Esta historinha pode parecer invenção, mas aconteceu no duro mesmo. Aconteceu em Paul, bairro cujo nome o dublé de jornalista e pajé de pirado Paulo Bonates garante que teve origem no ataque realizado à Vila de Vitória, em 1592, pelo corsário inglês Paul Cavendish. Mas, contrariando o criativo e imaginoso coleguinha, o Aurélio ensina que Paul é pântano, charco, mangue, alagadiço, o que realmente deveria ser em tempos passados o agora movimentado bairro do Paul. Na verdade, essa explicação nada tem a ver com o fato contado hoje. Mas, convenhamos, para um delegado que prende tapete só mesmo um médico de maluco que cisma sempre em renovar o que é velho, o que, de certa forma, é muito elogiável. Mas nem sempre.

Vai ser que inconscientemente, do fundo do ego, como bom psiquiatra que é, o que o Paulo Bonates pretendia mesmo era imortalizar o seu nome. Afinal Paulo e Paul são a mesma coisa.

Sem trocadilhos, é lógico.

 

Capa: Helio Coelho eIvan Alves
Projeto Gráfico: Ivan Alves
Edição: Bianca Santos Neves
Lúcia Maria Villas Bôas Maia
Revisão: Rossana Frizzera Bastos
Produção: Bianca Santos Neves
Composição, Diagramação, Arte Final, Fotolitos e Impressão: Sagraf Artes Gráficas Ltda
Apoio: Lei Rubem Braga e CVRD
Fonte: Cidade Aberta, Vitória – 1993
Autor: Pedro Maia
Compilação: Walter de Aguiar Filho, setembr/2020

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