Vitória e os navios
Com
a morte do meu pai, vim a Vitória, pela primeira vez,
com meu tio. E me apaixonei por esta cidade e por seus navios.
Sempre que podia, subia as escadas do Palácio Anchieta
e ficava horas literalmente "a ver navios", até
o momento de pegar o ônibus e voltar para Guaçuí.
Fui,
cada vez mais, sendo atraído por Vitória e por
seus navios. Eu sabia que um dia nos iríamos definitivamente
encontrar. E a oportunidade surgiu com um edital no jornal
convocando professores para a Escola de Aprendizes Marinheiros.
Eu, preparadíssimo, só poderia passar. Não
deu outra. Durante dez anos, fui professor de marinheiros,
em frente ao mar. Chegando ou partindo, havia sempre um navio
a avistar. Algumas vezes, embarquei com meus alunos e, enquanto
eles aprendiam as duras faxinas do homem do mar, eu ficava
na proa, ou no convés, conversando com os oficiais
ou o comandante e aprendendo também um pouco dessa
profissão milenar.
Homem
de letras, nunca entendi muito bem o que faz um navio enorme
daqueles flutuar ou um jato voar. É claro que já
estudei tudo isso. Mas prefiro acreditar que são milagres
da audácia do homem de querer se tornar o criador.
O
melhor de uma viagem no mar é ver, que sem sentir,
se o mar é de almirante, a terra ficar cada vez mais
distante e sua cumplicidade com o mar aumentar. Ele começa
a mostrar-lhe seus segredos: os peixes que pulam ou mesmo
voam distâncias enormes, os golfinhos que aparecem aos
bandos e até baleias. Você nunca está
só, no mar. Toda a natureza vem te acompanhar. Taí
o Amyr Klink que não me deixa mentir.
Melhor
que viajar de navio é ver os navios passar. Durante
vários anos, antes da Terceira Ponte, fiz o trajeto
Vila Velha - Vitória e vice-versa, pelas lanchas da
Comdusa. Vivi vários momentos de emoção
quando a pequena lancha diminuía sua velocidade ou
parava totalmente para deixar passar aquele enorme navio cargueiro
gentilmente carregado por dois rebocadores, para ficar de
frente para onde irá. É um espetáculo
imperdível, gratuito, constantemente oferecido aos
habitantes de Vitória e seus visitantes.
Dizem
que Amsterdam é parecida com Vitória. Eu não
conheço. E que as três baías mais belas
do mundo são as do Rio de Janeiro, Hong Kong e Sydney.
As duas primeiras eu conheço. São realmente
bonitas e grandiosas. Mas eles que fiquem com as deles. Eu
é que não troco Vitória e seus navios
por nenhuma delas.
Por:
Francisco Aurélio Ribeiro
Livro: Escritos de Vitória - Porto.
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