A genealogia paterna de Anchieta
Permite-nos o intervalo entre a conclusão deste livro e a sua impressão tipográfica incluir aqui em apêndice uma novidade documental, relativa à ascendência paterna do Venerável Pe. José de Anchieta. A 16 janeiro do corrente ano de 1966, no Jornal El Dia de Santa Cruz de Tenerife, publicava o ilustre historiador Antônio Rumeu de Armas, artigo sobre “O pai do Apóstolo do Brasil e sua vinculação à Ilha”, artigo que gentilmente nos foi enviado pelo Rev. Pe. Luís de Eguiraun, S. J.
Revela o documentado trabalho que, a 18 de junho de 1528, nomeava o Imperador Carlos V ao Escrivão Real João de Anchieta, para atuar como notário num juízo de residência, movido contra o segundo Adelantado de Canárias D. Pedro Fernandez de Lugo. Para juiz desse processo era nomeado o licenciado Pedro Fernandez de Reina. Venceria o escrivão 200 maravedís de salário “desde a da saída da corte até o regresso”. Calculava-se que para isso bastassem sessenta dias. Protraiu-se o processo durante longos meses do ano de 1529, concluindo pela reabilitação do Adelantado.
Estribado sobretudo na homonímia entre o escrivão real e o pai do nosso Venerável, não hesita o historiador em identificá-lo. Julga que se teria decidido o escrivão a permanecer em Tenerife, unicamente por motivos sentimentais. Cremos, pelo contrário, que o escrivão real de 1528 se identifica com João de Anchieta, escrivão e notário público na corte, para esse ofício nomeado, desde 4 de abril de 1520, pelo Imperador em Santiago de Compostela, antes de embarcar para Flandres. Pouco provável é que simples razão sentimentais o fizessem renunciar à sua alta posição na corte, para onde deve ter regressado, juntamente com o juiz Fernandez de Reina, ainda em 1529.
Reproduzindo, na sua conferência, publicada na Poliantéia Anchietana, a cédula real de 4 de abril de 1520, faz notar o Pe. Francisco Mateos, S. J. que o escrivão real, expressamente mencionando como morador de Medina Del Campo, não pode ser confundido com o pai do Pe. José de Anchieta, nascido, segundo todas as fontes mais seguras, em Urrestilha, vindo para Tenerife em 1522 e que só veio a exercer aí o ofício de escrivão em 1538. Seu casamento, aliás, só se realizou no ano 1531. Nomeado escrivão real nos primeiros meses de 1520, deveria esse outro João de Anchieta, notário público na corte, ser alguns anos mais velho que o pai nosso Venerável, nascido em 1599 e 1500.
O trabalho de Romeu de Armas, todavia, nos oferece preciosos elementos para esclarecer o trecho da biografia anchietana escrita por Baltasar de Anchieta, o pai do Apóstolo do Brasil, “que estavam em serviço dos mesmos reis”, o aconselharam a mudar-se para Tenefire. Ilustra outrossim o texto da cédula real de 24 de novembro de 1536 da Imperatriz Isabel, no qual se alude ao parentesco deste mesmo João de Anchieta com “criados e servidores nosso”
Um desses servidores deve ser exatamente o notário público na corte... Outro, igualmente mencionado agora pelo catedrático da Universidade de Madrid, no seu artigo de El Dia, é o “moço de esporas” do soberano espanhol Dom Fernando, o Católico, e que desempenhou esse ofício entre 1493 e 1504 pelo menos, de nome Pedro de Anchieta. Sem esquecer evidentemente, ao chantre da Capela Real e pároco depois de São Sebastião de Soreazu em Aspêitia , João de Anchieta, o músico.
É possível que novos documentos nos obriguem a rejeitar a hipótese, aceita como muito provável e como tal inculcada pelo Pe. Francisco Mateos, S.J., e que identifica João de Anchieta, o Pai do Venerável Apóstolo do Brasil, com o chefe da revolta dos Comuneros na Província de Guipúscoa. Hipótese que poderá não menos ganhar focos de evidência, mediante novas pesquisas. A existência do Escrivão Real João de Anchieta e da sua missão de 1529 nas Canárias, não chega entretanto a abalar atual ponto de vista.
Fonte: Anchieta – O apóstolo do Brasil, 2ª Edição, 1980
Autor: Hélio Abrantes Viotti
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2014
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