American Bar Michel - Sérgio Figueira Sarkis
No final de 1958, inauguramos o Bar Michel, localizado na Avenida Saturnino de Brito, em uma loja do Edifício Moema, de frente para o mar da Praia Comprida. Foi o maior sucesso naquela época. Além de trazer novidades gastronômicas, era considerado por todos como o de melhor música da cidade.
E não era para menos! Estava começando a Bossa Nova e tínhamos fontes, na cidade do Rio de Janeiro, que nos enviavam todas as novidades musicais, ora em discos de 78 RPM (rotações por minuto), ora em compactos duplos.
Isto acontecia através de minha prima Maysa, já despontando como uma cantora de sucesso, e Carlos Lindenberg Filho, o Cariê. Este, apaixonado por música, estudando no Rio, mantinha contato permanente com os criadores da Bossa Nova: João Gilberto, Roberto Menescal, Tom Jobim e outros.
Era comum patrocinarmos jogos de futebol, na areia da praia em frente ao Michel. Por vários anos seguidos, fomos patronos da modalidade nos Jogos Praianos, promovidos pelo Praia Tênis Clube. Vale registrar que, por duas vezes seguidas, fomos vencedores de partidas entre o Michel e o Bob's, na quadra preparada para tanto, inclusive com iluminação noturna, tudo por nossa conta e risco.
Toda a sociedade de Vitória frequentava o bar, principalmente após as últimas sessões do Cine São Luiz, localizado na Rua 13 de Maio, no Parque Moscoso. Entre esses frequentadores, havia um cidadão muito conhecido. E todas as vezes que aparecia, pedia Ice Cream Soda, orientando com detalhes a maneira como deveria ser preparado o mesmo:
— Coloque duas bolas de sorvete de creme no fundo do copo duplo, acrescentado um pouco de xarope de caramelo, mexendo bem até dissolver o sorvete. Abra uma soda limonada e, balançado a garrafa para aumentar a pressão, despeje no copo, até à beirada. Coloque uma bola de sorvete de creme flutuante, despeje na lateral do copo, bem devagar, um pouco de xarope de caramelo e sirva.
Tudo era feito religiosamente conforme a receita. Mas, ao provar, sempre tinha algo a reclamar. Mandava o Ice Cream de volta para copa e, só após idas e vindas, era aceito com elogios. Isto ocorria sempre que aquele cliente pedia a bebida.
Algum tempo depois, fui obrigado a dispensar um copeiro por indisciplina. Logo que ele foi embora, o garçom chamou-me discretamente e disse-me estar muito feliz com a demissão do fulano. Ele já não sabia mais o que fazer quando ocorria o fato do Ice Cream Soda. O copeiro, após as voltas para o preparo, urinava no copo e o cliente adorava a bebida, não reclamou mais.
Vai gostar de xixi assim na casa do...!
Fonte: No tempo do Hidrolitol – 2014
Autor: Sérgio Figueira Sarkis
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2019
GALERIA:
O ano que passou, o ano que está chegando ao seu fim já não desperta mais interesse; ele é água passada e água passada não toca moinho, lá diz o ditado
Ver ArtigoPapai Noel só me trouxe avisos bancários anunciando próximos vencimentos e o meu Dever está maior do que o meu Haver
Ver Artigo4) Areobaldo Lelis Horta. Médico, jornalista e historiador. Escreveu: “Vitória de meu tempo” (Crônicas históricas). 1951
Ver ArtigoEstava programado um jogo de futebol, no campo do Fluminense, entre as seleções dos Cariocas e a dos Capixabas
Ver ArtigoLogo, nele pode existir povo, cidade e tudo o que haja mister para a realização do sonho do artista
Ver Artigo