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Anos de 1567 e 1569 - Por Basílio Daemon

Anchieta, antigo mercado de peixes

1567. Em fins deste ano volta a esta capitania, vindo da de São Vicente, o padre visitador Inácio de Azevedo,(99) que havia partido do Rio de Janeiro para aquela capitania no mês de julho deste mesmo ano; concedeu o padre visitador no colégio desta capitania o grau de coadjutor formado ao padre Antônio Rocha,(100) que parece-nos ter aqui ficado quando a expedição de Mem de Sá aqui tocara em dezembro do ano antecedente. Depois de visitar as casas da Ordem e as aldeias de índios providenciou a respeito do mais; já então existiam aqui quatro padres com classes de escrever, ler, doutrina e latim; assim também duas grandes aldeias, a de Santa Cruz tendo anexa outra, contando para mais de mil e quatrocentos arcos, a do Peixe Verde com uma principiada em Benevente e outra em Roças Velhas, no distrito de Cariacica, tendo algumas engenhos montados e algumas obras. Aprovou e reformou o padre visitador o seminário, estipulando a fórmula por que se podiam batizar os indígenas e a maneira de se criarem as aldeias, seguindo depois daqui a visitar as capitanias dos Ilhéus e Porto Seguro chegando a São Salvador, na Bahia, no mês de março de 1568.

1569. Neste ano chega a esta capitania o padre José de Anchieta a visitá-la, constando mais que viera em companhia do governador Mem de Sá em sua volta para a Bahia; vinha encarregado de percorrer as novas aldeias e estabelecer outras para a catequese dos índios goitacases, puris, tupiniquins e aimorés. Foi neste ano que principiaram-se a estabelecer as aldeias dos Reis Magos, junto ao rio a que os índios chamavam Apiaputanga e hoje Nova Almeida; outra em Guarapari, nome ainda até hoje subsistente e derivado de guará, pássaro de arribação, talvez o mais lindo do Brasil, e de pari, que equivale a armadilha e laço; ainda outra aldeia em Reritiba, hoje Benevente, na rampa de uma montanha e ao redor dela com outra principiada ainda no lugar chamado Orobó, a dez quilômetros pouco mais ou menos do mar, e onde mais tarde foi erigida uma capela com a invocação de Nossa Senhora do Bonsucesso, sendo esta aldeia ali existente para onde eram enviados os índios remissos a serem castigados e sujeitos às penitências. Os índios tinham tanto respeito ao padre Anchieta e o temiam tanto, que o apelidavam de Pajé-guaçu, que equivale a dizer amarrar mãos.(101)

Idem. É nomeado o primeiro governador eclesiástico das capitanias de São Vicente, Rio de Janeiro e Espírito Santo, o presbítero do hábito de São Pedro, padre Mateus Nunes, sob a denominação de ouvidor eclesiástico, cuja provisão foi datada de 20 de fevereiro deste ano, tomando o mesmo governador posse do cargo a 15 de agosto; visitou as capitanias de sua jurisdição.

 

99 “É recebido nessa capitania o padre visitador da Companhia de Jesus Inácio de Azevedo, intensificando o batismo dos indígenas”. Dezembro de 1567. [Leite, HCJB, I, p. 216]

100 Nery, Carta pastoral, p. 81.

101 Não faz sentido essa interpretação de Daemon, já que a tradução natural de pajé-guaçu seria grande pajé, ou seja, grande sacerdote.

 

 

Nota: 1ª edição do livro foi publicada em 1879
Fonte: Província do Espírito Santo - 2ª edição, SECULT/2010
Autor: Basílio Carvalho Daemon
Compilação: Walter de Aguiar Filho, outubro/2019

 

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