Anchieta e o Milagre da Laje no Morro do Moreno - Por Elmo Elton
Com a chegada do novo superior Pero Soares e provavelmente a seu conselho passa algum tempo na fazenda do capitão-mor Miguel de Azeredo, de quem era grande amigo, em Vila Velha, junto ao Morro do Moreno, nas proximidades de Vitória. Anchieta operou vários milagres durante as vezes em que esteve em casa desse amigo, conforme relatos seguintes de Simão de Vasconcelos:
"Achava-se (Anchieta) no distrito do Espírito Santo e engenho de Miguel Azeredo: Foi celebre e notório o milagre da pedra do engenho de Miguel Azeredo, acima referido. Tempo havia que desejava este homem aquela laje para mesa de sua oficina, mas era de moderada grandeza e toda gente, que possuía, não podia movê-la; José, que tinha ânimo de fazer bem a todos, achando-se presente, foi com ele ao lugar dela e disse: mande vossa mercê vir a gente, que eu ajudarei, e espero em Deus que lhe há de cumprir seu desejo. Veio a gente e pondo o servo do Senhor uma só mão na pedra, começou ela a mover-se com facilidade, e mandou que a fossem levando para o engenho; fizeram-no assim, envergonhados das dificuldades primeiras e espantados da grande virtude de José; mas, porque fosse mais claro o milagre, ao entrar da casa, tornou a laje a parar; pediram a segunda ajuda, tornou a por a mão e assentaram-na com a facilidade primeira no lugar desejado, onde serviu e ficou por coluna da maravilha até o dia de hoje, chamando-lhe a Pedra de José,"
Porém não saiamos desta oficina de Azeredo sem alguma maravilha. Chegou-se o tempo de jantar, quis o senhor da casa convidar para ele a José, buscou-se por todo o engenho e não aparecia; mandou criados por uma e outra parte e foi ele também em pessoa, e viram todos que estava enlevado em púlpito fora dos sentidos, em profunda contemplação, sem que desse fé de alguém, nem alguém dele.
“Tiveram o caso por milagroso, porque no mesmo lugar fora buscado, sem que alguém o visse”.
Um esclarecimento: Miguel Azeredo, havendo regressado com a família a Portugal em 1620, morre em Évora pouco depois, abraçado ao retrato de Anchieta. Seus três filhos, doutrinados nos caminhos da piedade cristã por Anchieta, abraçaram a vida religiosa: o rapaz (Pedro) fez-se sacerdote e as duas moças (Cândida e Beatriz) foram madres no Mosteiro do Paraíso) na mesma cidade.
Autor: Elmo Elton
Fonte: Anchieta, Vitória - 1984
Compilação: Walter de Aguiar Filho, maio/2014
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