Cachoeiro de Itapemirim e a República
O povo cachoeirense sempre se orgulha com o seu Município, seu passado e seu progresso. Reais motivos existem para esse entusiasmo, para esse orgulho cívico nobilíssimo e louvável, apanágio de todo bom cachoeirense, motivos justos e dignos de aplausos, que se conhece e admira, quando se ouvem as interessantes narrativas da gente antiga deste rincão, ou quando se lê aquilo que os pesquisadores e amigos da História como Antônio Marins, Levy Rocha, Newton Braga e Joaquim Amorim, e outros hão publicado em livros ou pelas colunas dos jornais.
O amor à terra, como o indestrutível apego a suas tradições, é característico do cachoeirense. Não se trata do barrismo estreito e fofo, apenas egoísmo, desprezível emulação oriunda de mesquinhos imediatismos. O cachoeirense ama e serve realmente sua terra, tanto pelas riquezas e belezas naturais que ela ostenta, quanto por seus antepassados ilustres, cujas virtudes exemplares e cujas preclaras realizações constituem monumental padrão de benemerência a ser venerado e seguido pelas novas gerações, tesouro de glória que é, para um povo de coração aberto e consciência altiva como o nosso.
O que o cachoeirense tem e ostenta é fruto de sua iniciativa, de seu labor perseverante, de seu espírito empreendedor, de sua feição independente, de sua coragem para agir e progredir!
A golpes de tenacidade e em surtos de trabalho inteligente e esforçado, o cachoeirense, em pouco mais de um século, construiu um município rico e uma cidade florescente, onde a ação decidida, o elevado civismo, a hospitalidade generosa e, também, o saber sentir e querer conquistaram-lhe o título de princesa, o qual, de muito deveria ter sido substituído pelo maior e mais justo, de rainha: Rainha do sul, altiva e esplendorosa!
O sentimento de patriotismo e a consequente dedicação aos problemas locais e de âmbito nacional, sempre trouxeram os cachoeirenses alertados para as grandes conquistas da Pátria Brasileira. Assim é que, no século passado, as idéias republicanas inspiraram e inflamaram a pequena vila de Cachoeiro de Itapemirim, fazendo-a virar ao influxo de cidadãos esclarecidos e intrépidos, cuja vanguarda era integrada pelo Doutor Joaquim Pires de Amorim Aguirre, de ‘O Cachoeirano’. O esforço daqueles pioneiros das idéias republicanas foi destemido e sem limites; e de tal modo operoso que, em 23 de Maio de 1887 era formado o primeiro Clube Republicano, na então Província do Espírito Santo.
Segundo o cachoeirense primocentão, nosso inteligente amigo Joaquim Amorim, o auspicioso acontecimento verificou-se na residência do Dr. Joaquim Pires de Amorim, no local em que, presentemente, se ergue o majestoso prédio de nossa Faculdade de Filosofia.
‘O Cachoeirano’, em sua edição de 29 de Maio de 1887, ao noticiar o acontecimento relacionou os fundadores do Clube, que foram: Farmacêutico Bernardo Horta de Araujo, Dr. Antônio Gomes Aguirre, Leopoldo Rocha, João Loiola, Joaquim Alves, Henrique Wanderley, Joaquim Matos, Eugênio Brandão do Vale, Diogo Amorim, Longo Batista Pereira, Julião de Oliveira, Rafael di Martino, Francisco Henrique dos Santos, João Bicalho, José Manoel Rodrigues, Antônio Ursino Toscano e Joaquim Pires de Amorim, cuja atuação na campanha republicana atesta o valor da gente daquela época.
Aquela primeira vitória do ideal republicano teve grande repercussão pela Província. A propaganda republicana tomou forte incremento, encorajando os tíbios e exaltando os paladinos. A primeira diretoria do prestigioso Clube, cuja importância histórica é indiscutível, reuniu os nomes do Dr. Joaquim Pires de Amorim (presidente), Dr. Antônio Aguirre (secretário), João Loiola (subsecretário) e Henrique Wanderley (tesoureiro).
A propaganda republicana tornou-se mais forte e desassombrada em toda a Província, graças ao estimulante exemplo de Cachoeiro de Itapemirim. Outros Clubes republicanos foram instalados, aderindo o espírito popular ao grande movimento pró-república.
No ano seguinte (1888), no dia 16 de Setembro, realizou-se em Cachoeiro, e com justiça, o primeiro Congresso Republicano Provincial, presidido pelo Dr. Afonso Cláudio de Freitas Rosa, a que compareceram os representantes dos clubes republicanos de outros municípios. Aquele conclave foi a afirmação positiva de que estava plenamente vitoriosa a luta pela República. Quando de sua realização, foram eleitos membros da Comissão Permanente do Partido, os cidadãos:
Dr. Afonso Cláudio, Bernardo Horta, Pedro Vieira da Cunha, Dr. Antônio Aguirre e Diogo Amorim, este último, Diogo Amorim com o Barão de Monjardim, Antônio Aguirre e Aristides Freire, viriam a fundar o Partido União Republicana, em 1890.
Observa-se, compulsando o cuidadoso trabalho dos estudiosos da história republicana em nosso Estado, o papel relevante que os cachoeirenses desempenharam no movimento republicano, exercendo evidente liderança. E não seria exagerado dizer-se, sem receio de erro ou injustiça, haver sido Cachoeiro de Itapemirim a capital republicana da então Província, foco irradiador das idéias novas que prepararam o povo espírito-santense para o glorioso evento de 15 de Novembro de 1889.
O povo cachoeirense jamais se afastou dos verdadeiros princípios republicanos, que abraçara por vocação, na época da luta mais acesa em prol do novo regime.
Uma e sempre a mesma tem sido sua marcha pela senda luminosa da Democracia jornada ascensional, em que se tem continuamente engrandecido e glorificado.
Fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. N 39, ano 1989
Autor: J. Xavier do Valle
Compilação: Walter de Aguiar Filho, fevereiro/2013
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