Cantigas de Roda
O bairro estava sossegado e a noite era calma e bela. Na ruinha mais estreita do que larga, começaram a aparecer crianças de idade variada. Conversam, brincam. Depois, dão-se as mãos e formam a roda. Vozes muitas se elevam nos ares calmos do bairro sossegado. Eram cantigas que atravessaram os tempos, velhas, mas sempre novas cantigas.
Ciranda, cirandinha
Vamos todos cirandar.
Vamos dar a meia volta,
Volta e meia vamos dar.
Cantaram, depois,
O anel que tu me deste
Era de vidro e se quebrou,
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou.
E veio Dona Maria, a quem pediram
Entre dentro desta roda
Diga um verso bem bonito
Diga adeus e vá-se embora.
E Maria Anita? Era a de olhos pretos que nem carvão. Alguém, nessa cantiguinha, fumava cachimbo e babava. Havia panela com feitiço e um bruto espirro.
O cravo estava doente,
A rosa foi visitar.
O cravo teve um desmaio,
A rosa pôs-se a chorar.
Pequenas histórias em pequenas cantigas. Ainda há, para nosso bem, a criança, corpo e alma do folclore, cantando cantigas de todos os tempos. Neste mundo obscurecido, resta sempre um pouco de poesia capaz de suavizar as nossas horas de desespero e angústia. Mas, nessas cantiguinhas, nem tudo é sempre doçura, satisfação, leveza, porque há a miséria da pobre peregrina "que anda de porta em porta, / com sua perna torta / pedindo a caridade".
Minha mãe gostava de me cantar aos ouvidos o "Chô Pavão!" E, dentro da noite, eu tinha a impressão de que havia mesmo um pavão dormitando sobre o telhado de minha casa. Longes tempos, esses.
Cantigas outras e muitas tenho, eu ouvido, mas sem a graça, a ingenuidade das de roda. Comigo ficou, para sempre, a saudade imensa de uns olhos negros que nem carvão — os de Maria Anita... Na memória auditiva, permaneceu a musiquinha que um dia, eu ouvi num bairro calmo, cantada por vozes de meninas que se deram as mãos e formaram a roda...
Fonte: Praça Oito, ano 2001
Autor: Eugênio Sette
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro 2014
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