Contos e Estórias - Por Maria da Glória de Freitas Duarte

Como muito bem se expressou o Dr. Aerobaldo Lelis, “povo sem tradições, não é povo, não devendo por isso mesmo existir. Si não cultuamos o nosso passado, si não realizamos neste sentindo uma obra de difusão através das gerações que se sucedem, jamais poderemos acompanhar de perto a marcha do progresso”.
Corroborando as palavras desse insigne capixaba, procuremos, na memória dos nossos avós, legar aos nossos netos e culto às nossas tradições.
Da Vila Velha do passado muito se tem o que contar. Dentre os inúmeros contos e estórias conhecidos das gerações passadas e quase sempre de fundo religioso, selecionamos os seguintes:
Em uma matinha que separava a Praia de Itapoã do centro da cidade havia uma árvore à qual deram o nome de “Árvore do Espírito Santo”. Contavam os antigos que um dia em que os “foliões” traziam o Divino, da Ponta da Fruta para esmolar em Vila Velha, cansados da viagem que faziam a pé, resolveram descansar e comer alguma coisa em Itapoã. Enquanto se alimentavam, apoiaram o Divino justamente na tal árvore que mais tarde receberia o Seu nome. Algum tempo depois, a cidade foi assolada por uma grande seca. Os rios quase desapareceram, as matas secaram e era grande a aflição do povo, vendo a miséria rondando seus lares. No meio de toda esta seca, a árvore que servira de descanso para o Divino Espírito Santo se conservou exuberante na sua verdura, e até florida, segundo palavras de pessoas idôneas que foram vê-la.
Contam também que um rico e poderoso fazendeiro, ao receber a visita do Divino, como sempre conduzido pelos Seus “foliões”, expulsou-os de sua fazenda, chamando-os de vadios e outros qualificativos semelhantes, e até desrespeitando também a pombinha que representa a Terceira Pessoa da SS. Trindade.
Nem bem o Divino tinha deixado as terras da fazenda, chega à casa do fazendeiro um escravo, apavorado, avisando que o canavial estava em chamas, bem como o paiol e outras dependências da fazenda.
O homem até então onipotente e autoritário, ajoelha-se e, em lágrimas, pede perdão a Deus pelo que havia feito ao Divino e seus “foliões”.
O Sr. Joaquim dos Santos, vilavelhense, homem bom, simples e piedoso, era incapaz de maltratar um inseto e, até pelo contrário, protegia-os. Se, por acaso viesse a cavalo e visse um besouro ou outro inseto qualquer, ariscando a ser pisado ou maltratado, descia da montaria, apanhava o inseto e colocava-o num galhinho de mato, em lugar seguro.
Quando morreu, seu corpo ficou completamente coberto de bichinhos verdes que, numa forma de agradecimento, prestavam aquela última homenagem ao seu protetor.
Fonte: Vila Velha de Outrora, 1990
Autora: Maria da Glória de Freitas Duarte
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2013
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