Deomar Bittencourt Pereira
Biografia do escritor Deomar Bittencourt Pereira
Do político e cidadão Deomar Bittencourt Pereira pode-se destacar como superior virtude ter sido sempre um homem afirmativo. Oposicionista ou governista, conforme o curso dos acontecimentos, nunca obliterou sua paixão pela verdade e pela maneira direta de dizer as coisas. Temperado pelas lutas cruentas da política do interior mineiro, onde começou, não foram poças as vezes em que esta virtude foi testada pelo desafio dos revólveres e pelas ameaças de demissão.
O culto da sinceridade não o tornou, entretanto, um homem rude. O convívio com a violência do coronelato não o fez um apologista da força. Conservando a mesma bravura com que desafiou ministros e presidente, durante os corajosos discursos dos seus mandatos parlamentares, manteve intacto o cavalheirismo de atitudes e gestos. Sempre coerente e nunca obstinado, combateu homens e idéias sem anular-se na paixão e no ódio.
Hoje afastado dos palcos políticos, não desaprendeu seu curso de brasilidade e de patriotismo. Conserva-se atento ao desenvolvimento dos acontecimentos e entusiasma-se do mesmo modo com aqueles que ainda lutam o bom combate, enfrentando os vícios da vida pública contra os quais sempre se bateu.
Nascido em São Manoel do Mutum, em Minas Gerais, a 21 de setembro de 1913, Deomar Bittencourt Pereira adquiriu do seu pai farmacêutico, Nino Amâncio, a paixão pela cura. Via o pai permanentemente ocupado em curar as pessoas e decidiu ser médico. Dona Cândida, sua mão, animou-lhe o sonho. Foi assim que a 8 de dezembro de 1937 colou grau na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Para exercer a profissão no interior, onde o médico especialista não existia e o clínico era obrigado a tornar-se operador, fez vários cursos de aperfeiçoamento e pós-graduação.
Com o diploma debaixo do braço, pensava poder tornar-se um bom médico, amigo e companheiro de todos. Esquecia-se ou procurava esquecer-se da velha São Manoel do Mutum, onde aprendera que a política do interior traça fundos limites, separa os territórios sentimentais e desrespeita a santidade das profissões. Numa dessas primeiras tentativas, já na vila do interior onde morava seu sogro, influente político, foi advertido pelos adversários deste para que não tomasse partido. Ficasse eqüidistante, porque senão seria perigoso conservar-se ileso naquela comunidade. A ameaça valeu. Não para amedrontá-lo, mas para espicaçá-lo. Daquele dia em diante deu as mãos ao sogro, fez-se político e clinicou carregando entre os instrumentos de sua heróica cirurgia um revólver de grosso calibre, com o qual curou para sempre a audácia de adversários dispostos à ameaça e à violência.
Em 1958, já em Vitória, foi eleito deputado estadual pela UDN, de cuja bancada tornou-se líder por 4 anos. Foi presidente do diretório partidário em Vitória, viu os adversários caírem e seus amigos se elegerem. Aos primeiros tratou com benevolência e respeito. Aos segundos, quando errados, deu-lhes o acicate de sua crítica contundente.
Derrotado numa tentativa de reeleição, recusou tornar-se Secretário de Serviços Especiais, como mais tarde recusaria, ao seu amigo Christiano Dias Lopes, ser Prefeito de Vitória. E vem resistindo, firme, a todas as tentativas de atraí-lo novamente às lides político-partidárias. Retirou-se da vida pública, aposentou-se da Medicina, vive só para a família, os amigos. E para a paixão de toda a sua vida, esporte, desafio e terapia: a pesca. Desde menino acostumara-se a desfrutar as horas de lazer à beira rio, varinha de bambu nas mãos, uma lata de minhoca ao lado, a curtir a paz da natureza e a viver a sensação primeva do duelo de esperteza e de argúcia que então se estabelece entre o Homem, rei, todo poderoso, senhor da técnica e dos artifícios e o Peixe, primeiro na escala da criação, só instinto e liberdade, permanentemente despertos os sentidos de luta e de sobrevivência. Com os anos, aprendendo mais e mais, tornou-se um campeão. Hoje é chamado o Mestre.
Receitas do livro de Deomar Bittencourt:
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