Discurso de Recepção a Ester Abreu na Presidência da AEL Por Francisco Aurélio Ribeiro
Pela segunda vez, dou posse a uma mulher como Presidente da Academia Espírito-santense de Letras. A primeira, em 2001, passava o cargo a Maria Helena Teixeira de Siqueira, a primeira mulher a chegar à Presidência de nossa casa de letras. Os tempos eram outros. Iniciávamos um novo século e estávamos todos imbuídos de um espírito esperançoso, acreditando num futuro mais promissor para o nosso país, para a cultura e as artes. Dona Maria Helena, juntamente com o Prof. Aylton Bermudes, eu e Ester trabalhamos muito para sanear financeiramente nossa Academia, para conseguir recursos para a manutenção de nossa casa, para nossas publicações e a nossa Revista. Desde 1998, conseguimos fazer nossa Revista, tendo conseguido publicar 24 v. nesses 21 anos. O mais recente está sendo lançado hoje. Sempre acreditamos que uma Casa de Letras deveria ter a publicação de seus acadêmicos divulgada e a sua história registrada. No entanto, até 1991, durante 70 anos, a Academia Espírito-santense de Letras não teve uma Revista própria, diferentemente do que ocorreu com o IHGES. Nossa administração priorizou o registro da memória escrita e talvez tenha sido aí o nosso maior mérito, se algum o tivemos, e a fonte de nosso maior desgaste. Não é fácil escrever, publicar e pôr em circulação nossos escritos, dependendo de patrocinadores para isso. Ester esteve durante todo esse tempo na diretoria, ora como tesoureira, ora como vice-presidente e tem sido a parceira fiel, laboriosa e generosa que toda associação fraterna almeja. Ser acadêmico não é apenas tomar posse numa instituição, receber diplomas e medalhas ou servir-se dela para trampolim para algum cargo político ou administrativo na gestão pública. Ser acadêmico é participar das reuniões, colaborar com seus projetos, votar e ser votado, escrever e publicar, opinar e criticar, concordar e discordar, contribuir financeiramente ou com o trabalho voluntário, ou seja, estar junto, integralmente, em todos os momentos da instituição. A partir de 2007, passamos a firmar convênio com a PMV e, de 2010 a 2016, com o Instituto Sincades, o que viabilizou a publicação periódica de nossa Revista e a de dezenas de livros. Até 2019, publicamos 18 livros da coleção Roberto Almada, sobre escritores capixabas, 20 livros da Coleção José Costa, sobre memória capixaba, e 11 edições da série "Escritos de Vitória". Muitas outras publicações foram feitas com o apoio da Lei Rubem Braga da PMV, como o livro de "Patronos & Acadêmicos", o "Dicionário de Escritores do Espírito Santo", de Thelma Maria Azevedo, a republicação de "Esmaltes e Camafeus", o primeiro livro de uma escritora capixaba, Guilly Furtado Bandeira, "Festa na Sombra", de Haydée Nicolussi, em parceria com o antigo Departamento Estadual de Cultura e "Imigração no ES”, de Gabriel Bittencourt, em parceria com a Fundação Jônice Tristão.
Ester, agora é a sua vez de nos conduzir à frente de nossa Casa Prof. Kozciusko Barbosa Leão. Sabemos todos de sua competência, de sua disposição e de sua luta pelas letras capixabas e a prova incontestável disso é o trabalho que desempenhou à frente da Academia Feminina Espírito-santense de Letras. Sem você e suas companheiras não teriam ocorrido as cinco edições da Feira Literária Capixaba. Conte com nosso apoio e a nossa mão amiga, para você nos conduzir ao centenário de nossa Casa e esteja certa de que jamais a abandonaremos em sua luta e em seus sonhos. Mais do que qualquer outro entre nós, você é a representação feminina de Dom Quixote, o sonhador, aquele que acredita que "a vida só é possível reinventada", como nos disse Cecília Meireles. Que Deus a proteja em sua administração e a todos nos guie, seus companheiros e discípulos.
Fonte: Revista da Academia Espírito-Santense de Letras, vol. 1 – 1998, Vitória/ES
Autor: Francisco Aurelio Ribeiro
Professor e Escritor. Pertence à cadeira 6 da AEL. Presidente de Honra da AEL
Compilação: Walter de Aguiar Filho, outubro/2021
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