Feira do Barro
Há algum tempo montamos o projeto que pretendia realizar em nosso Estado um evento da mais alta importância e com caráter pioneiro, visando realizar aqui a I Feira Nacional do Barro, acontecimento que deverá trazer a Vitória as mais famosas manifestações artesanais, criando para o barro e a cerâmica um espaço próprio, exclusivo e altamente importante para a valorização da mais pura e brasileira das artes: a do barro.
Felizmente a nossa idéia não se perdeu no tempo e no espaço. O Secretário Hermes Laranja resolveu encampá-la, dando-lhe inteiro apoio e criando, através da EMCATUR as condições para a efetivação do evento, já agora incluído, oficialmente, no Calendário editado pelo Ministério da Indústria e Comércio e programado para os dias 12, 13, 14 e 15 de abril próximo.
Com o apoio da UCIS foi possível enquadrar o evento no Parque de Exposição e Feira de Camburi, acoplando-se a ele a oportunidade, também, da realização do Pavilhão Industrial do Barro e da Cerâmica, convivendo a arte e a produção no estuário largo da criatividade e da qualidade nacional.
Quando criamos as primeiras linhas desta promoção, estávamos também tentando criar no Espírito Santo, pela sua excelente localização geográfica, uma central nacional de comercialização para o artesanato de barro, identificando aqui todas as linhas de produção nacional, através da presença garantida de todos os Estados. Este critério, objetivo e dinâmico, permitirá que todos os setores comerciais que se dedicam à venda de artesanato, possam, com apenas uma deslocação, adquirir os seus estoques, conhecer a diversificada linha de artigos e conviver, ainda, no meio dos grandes artesãos de todo o país, sem nocivas intermediações comerciais.
Realiza-se, anualmente, a Feira Nacional do Artesanato, caleidoscópio maravilhoso da arte popular brasileira, mesclando-se em grandes áreas de exposição, todo o conjunto de nossa produção, alinhando-se dentro de uma mesma amostragem o vidro, a corda, a madeira, o vime, o cipó, as fibras, as conchas, o cobre, o ferro, o aço, as pedras, frutos de toda uma interminável série de lançamentos, o que apresenta um lindo visual, mas impede realmente, que se possa valorizar a mais pura e antiga manifestação da arte popular, a do barro.
E, justamente, por ser o barro um ponto de identidade e estudo na rota de todas as civilizações é que resolvemos colocá-lo, verdadeiramente, em espaço próprio.
Sendo a mais rica das manifestações populares, revelando o utilitário e o decorativo, o barro, muito antes da chegada do europeu, já era conhecido do indígena brasileiro, sublime possui-dor de uma tradição oleira preciosa e digna de ser mais compreendida e valorizada.
A I Feira Nacional do Barro (FEBARRO) no conjunto maravilhoso de sua amostragem, na oportunidade de ouro que oferecerá com a sua comercialização, não só aos capixabas, mas, sobretudo, ao país, é um evento que dará ao Espírito Santo, pelo seu caráter pioneiro, a chance, ainda, de destacar as suas paneleiras, estas condutoras de uma arte que complementa o encanto da nossa culinária, da nossa moqueca, criando também uma política de preservação de seus mananciais de produção, ameaçados pelo imediatismo imobiliário. Preservar estas jazidas, espinha dorsal de uma arte centenária em nosso Estado, é também um apelo sensível no âmbito da Feira Nacional do Barro.
Para fixar bem o espírito da Feira do Barro, seria oportuno lembrar o que escreveu Saul Martins, em sua Arte Popular Figurativa (1977):
“Não confundir causa e efeito, supondo-se que foi a inteligência que conduziu o homem a usar as mãos para fazer objetos; ao contrário, de trabalhar com as mãos, em vista de estrutura destas, o homem foi adquirindo a capacidade de pensar e desenvolveu a inteligência”.
Fevereiro de 1984.
Fonte: Capixaba, sim (hoje mais do que ontem) – 2006
Autor: J.C. Mojardim Cavalcanti
Compilação: Walter de Aguiar Filho, outubro/2014
Nestas propriedades seriam mantidas as tradições que poderiam vir a ser incluídas na programação e formação de uma rede estadual de turismo rural ou melhor, de turismo-natureza
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