Festa do Mastro
Em muitas regiões do Espírito Santo, principalmente nas áreas dos municípios de Vitória, Cariacica, Serra, Aracruz, Fundão, Timbuí, Acioli, Ibiraçu, Alfredo Chaves, Guarapari, Colatina, São Mateus e Conceição da Barra, são realizadas Festas do Mastro, quase sempre divididas em duas partes: cortada e puxada do mastro.
Dias antes da festa de comemorações para São Benedito, é feito o corte do mastro, isto é, um tronco, previamente escolhido, limpo e depois arrastado por juntas de bois, cujas cangas e chifres são enfeitados com flores e folhagens. À festa comparecem o Festeiro, os integrantes da Banda de Congo, os devotos do Santo e as pessoas do povo. O mastro é conduzido, festivamente, ao som de músicas da Banda, à casa do Festeiro, e lá permanecerá o tempo necessário ao seu preparo, lixamento e pintura, até o dia da puxada. Há mastros trabalhados com arte, roliços ou facetados, pintados de uma ou várias cores e desenhos. Outros, porém, são mal acabados e quase da grossura natural, menos na ponta, onde será colocada uma bandeira com a pintura do Santo, encaixada em uma armação de madeira. O mastro, a bandeira e o navio, os três elementos mais importantes da festa, são renovados anualmente pelos festeiros encarregados disso. Aliás, o encargo de prepará-los constitui, geralmente, honrarias das mais disputadas. A puxada do mastro é realizada, quase sempre, nas vésperas ou no dia de São Benedito. Colocado o mastro sobre o Barco ou Navio, começa a puxada.
A festa é uma procissão sem a imagem e sem o andor do Santo. Utiliza-se apenas a bandeira, conduzida por moças ou crianças, na frente do cortejo. A Barca, armada sobre um carro, toda enfeitada de bandeirolas de papel, conduz, deitado no “convés”, o mastro consagrado ao Santo. Na frente do Barco vão alguns devotos a cumprir penosa promessa, isto é, puxam e conduzem o Barco, enquanto rezam.
Uma corda de longo comprimento é colocada atrás, onde se apega o resto dos devotos, de ambos os sexos e de todas as idades, em grande parte penitentemente descalços, vela acesa numa das mãos, sérios, calados ou contritos, rezando e cantando músicas religiosas, cumprindo, dessa forma, sua parte na festiva Puxada do Mastro. Atrás e ao lado do Barco, segurando-o com as mãos, outros fiéis acompanham o cortejo. Seguindo a embarcação, as Bandas de Congo tocam, sem descanso, suas cantigas, ao som das quais todos dançam e cantam por todo o percurso. O cortejo percorre as ruas da cidade ou vila, dirigindo-se, afinal, à igreja. Retira-se, então, o mastro do barco, dança-se com ele, jogando-o ao alto e aparando-o nos braços, de forma festiva e dando-se vivas. Fogos de artifício, sinos e batidas dos tambores das Bandas encerram a parte ritualística da festa, que continua até horas indefinidas com barraquinhas, leilões, músicas e bebidas(81).
NOTAS
(81) Santos Neves, 1978, p. 57 a 61
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GSA
Fonte: Negros no Espírito Santo / Cleber Maciel; organização por Osvaldo Martins de Oliveira. – 2ª ed. – Vitória, (ES): Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2016.
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2021
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