Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Festa do Mastro

Três Barras em Fundão - Festejos de São Benedito e São Sebastião

Em muitas regiões do Espírito Santo, principalmente nas áreas dos municípios de Vitória, Cariacica, Serra, Aracruz, Fundão, Timbuí, Acioli, Ibiraçu, Alfredo Chaves, Guarapari, Colatina, São Mateus e Conceição da Barra, são realizadas Festas do Mastro, quase sempre divididas em duas partes: cortada e puxada do mastro.

Dias antes da festa de comemorações para São Benedito, é feito o corte do mastro, isto é, um tronco, previamente escolhido, limpo e depois arrastado por juntas de bois, cujas cangas e chifres são enfeitados com flores e folhagens. À festa comparecem o Festeiro, os integrantes da Banda de Congo, os devotos do Santo e as pessoas do povo. O mastro é conduzido, festivamente, ao som de músicas da Banda, à casa do Festeiro, e lá permanecerá o tempo necessário ao seu preparo, lixamento e pintura, até o dia da puxada. Há mastros trabalhados com arte, roliços ou facetados, pintados de uma ou várias cores e desenhos. Outros, porém, são mal acabados e quase da grossura natural, menos na ponta, onde será colocada uma bandeira com a pintura do Santo, encaixada em uma armação de madeira. O mastro, a bandeira e o navio, os três elementos mais importantes da festa, são renovados anualmente pelos festeiros encarregados disso. Aliás, o encargo de prepará-los constitui, geralmente, honrarias das mais disputadas. A puxada do mastro é realizada, quase sempre, nas vésperas ou no dia de São Benedito. Colocado o mastro sobre o Barco ou Navio, começa a puxada.

A festa é uma procissão sem a imagem e sem o andor do Santo. Utiliza-se apenas a bandeira, conduzida por moças ou crianças, na frente do cortejo. A Barca, armada sobre um carro, toda enfeitada de bandeirolas de papel, conduz, deitado no “convés”, o mastro consagrado ao Santo. Na frente do Barco vão alguns devotos a cumprir penosa promessa, isto é, puxam e conduzem o Barco, enquanto rezam.

Uma corda de longo comprimento é colocada atrás, onde se apega o resto dos devotos, de ambos os sexos e de todas as idades, em grande parte penitentemente descalços, vela acesa numa das mãos, sérios, calados ou contritos, rezando e cantando músicas religiosas, cumprindo, dessa forma, sua parte na festiva Puxada do Mastro. Atrás e ao lado do Barco, segurando-o com as mãos, outros fiéis acompanham o cortejo. Seguindo a embarcação, as Bandas de Congo tocam, sem descanso, suas cantigas, ao som das quais todos dançam e cantam por todo o percurso. O cortejo percorre as ruas da cidade ou vila, dirigindo-se, afinal, à igreja. Retira-se, então, o mastro do barco, dança-se com ele, jogando-o ao alto e aparando-o nos braços, de forma festiva e dando-se vivas. Fogos de artifício, sinos e batidas dos tambores das Bandas encerram a parte ritualística da festa, que continua até horas indefinidas com barraquinhas, leilões, músicas e bebidas(81).

 

NOTAS

(81) Santos Neves, 1978, p. 57 a 61

 

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Governador

Paulo Cesar Hartung Gomes

Vice-governador

César Roberto Colnago

Secretário de Estado da Cultura

João Gualberto Moreira Vasconcelos

Subsecretário de Gestão Administrativa

Ricardo Savacini Pandolfi

Subsecretário de Cultura

José Roberto Santos Neves

Diretor Geral do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo

Cilmar Franceschetto

Diretor Técnico Administrativo

Augusto César Gobbi Fraga

Coordenação Editorial

Cilmar Franceschetto

Agostino Lazzaro

Apoio Técnico

Sergio Oliveira Dias

Editoração Eletrônica

Estúdio Zota

Impressão e Acabamento

GSA

 

Fonte: Negros no Espírito Santo / Cleber Maciel; organização por Osvaldo Martins de Oliveira. – 2ª ed. – Vitória, (ES): Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2016.
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2021

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

O Frade e a Freira - A Lenda por Estêvão Zizzi

Essa é a versão mais próxima da realidade...

Ver Artigo
O Caparaó e a lenda – Por Adelpho Monjardim

Como judiciosamente observou Funchal Garcia, a realidade vem sempre acabar “com o que existe de melhor na nossa vida: a fantasia”

Ver Artigo
A Igreja de São Tiago e a lenda do tesouro dos Jesuítas

Um edifício como o Palácio Anchieta devia apresentar-se cheio de lendas, com os fantasmas dos jesuítas passeando à meia-noite pelos corredores

Ver Artigo
Alcunhas e Apelidos - Os 10 mais conhecidos de origem capixaba

Edifício Nicoletti. É um prédio que fica na Avenida Jerônimo Monteiro, em Vitória. Aparenta uma fachada de três andares mas na realidade tem apenas dois. O último é falso e ...

Ver Artigo
A Academia de Seu Antenor - Por Nelson Abel de Almeida

Era a firma Antenor Guimarães a que explorava, em geral, esse comércio de transporte aqui nesta santa terrinha

Ver Artigo