Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

Histórias dos craques - Por Július César Carvalho Silva

Beto Pretti quando ainda era jogador do Rio Branco, anos 1950

Ouvir e contar histórias sempre é um bom passatempo. Quem não tem fatos interessantes para contar? Imagine, então, pessoas que foram consideradas ídolos no passado e que levavam multidões aos estádios. Estou falando de craques do nosso futebol, que fizeram a alegria de nossos pais e avós, e hoje não se cansam de falar das suas proezas nos campos. Craques que ajudaram a escrever parte da história do esporte capixaba.

São histórias maravilhosas como a que seu Adjalma gosta de lembrar. Ele, considerado um dos melhores goleiros de todos os tempos do futebol capixaba, se recorda com carinho do dia em que um time do Espírito Santo pisou pela primeira vez no sagrado gramado do Macaranã. Foi em 1955. Goleiro do Santo Antônio, não evitou a derrota para o Flamengo por 3 a 0. Mesmo assim, recebeu elogios da crônica esportiva carioca pelo seu desempenho. Hoje, seu Adjalma tem 69 anos e é administrador do Estádio Engenheiro Araripe, da Desportiva, último clube que defendeu.

Outro que também fez misérias embaixo das traves foi Jorge Reis. Goleiro do Rio Branco, conseguiu na década de 70 bater o recorde mundial de 1.604 minutos sem tomar gol, feito noticiado pela imprensa nacional na época. O recorde mundial já não pertence mais a ele, mas Jorge continua sendo lembrado e contando suas proezas. Hoje, aos 57 anos, continua trabalhando para evitar que a bola chegue às redes: é treinador de goleiros.

Já que o gol é o maior momento do futebol, o clímax, o gozo, Beto Careca, que jogou na cabeça-de-área do Rio Branco, fez um que certamente mereceria uma placa. Ele não se lembra bem quando foi. Sabe que aconteceu na década de 70, no Governador Bley, estádio do clube, que depois foi vendido para a Escola Técnica. O jogo era contra o Cruzeiro. Beto arriscou um chute quase do meio-de-campo e a bola encobriu o goleiro Raul, considerado como um dos melhores do futebol brasileiro. O gol Beto Careca não esquece. E certamente nem o Raul. O ex-jogador, com 44 anos, é fiscal da Prefeitura de Vitória.

Apesar de dono de um futebol requintado, o ex-ponta-de-lança do Rio Branco, João Francisco, prefere não contar detalhes dos gols que marcou. Ele gosta de contar a confusão em que o time se envolveu na Grécia, durante uma excursão, em 1974. O jogo era contra o Sparnatinakus e, quase no fim, o goleiro Pereira foi atingido por um jogador grego. Os ânimos se exaltaram, mas o pior foi evitado.

Tudo acalmado quando o treinador Beto Pretti resolveu se virar para a torcida, levantar a mão e fazer o sinal do V, numa alusão à paz e o amor. Os torcedores se revoltaram, jogaram foguetes contra os jogadores do Rio Branco e invadiram o campo. O pior só não aconteceu graças à intervenção da polícia. No hospital, onde alguns foram atendidos, o técnico foi informado que o sinal do V na Grécia era sinônimo de chifrudo, ou corno, como melhor desejar.

A história do futebol também é a história de quem fez o futebol. De quem tornou o esporte mais belo nos campos. Histórias de quem brindou olhos com lances mágicos, dribles divinos, gols sensacionais, defesas milagrosas, vitórias e derrotas memoráveis. Alguns desses magos do esporte, hoje simples mortais como nós, não se cansam de contar suas histórias, maravilhosas e deliciosas histórias que gostamos de ouvir.

 

ESCRITOS DE VITÓRIA — Uma publicação da Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Vitória-ES.
Prefeito Municipal - Paulo Hartung
Secretário Municipal de Cultura e Turismo - Jorge Alencar
Diretor do Departamento de Cultura - Rogerio Borges De Oliveira
Coordenadora do Projeto - Silvia Helena Selvátici
Conselho Editorial - Álvaro Jose Silva, José Valporto Tatagiba, Maria Helena Hees Alves, Renato Pacheco
Bibliotecárias - Lígia Maria Mello Nagato, Elizete Terezinha Caser Rocha, Lourdes Badke Ferreira
Revisão - Reinaldo Santos Neves, Miguel Marvilla
Capa - Remadores do barco Oito do Álvares Cabral, comemorando a vitória Baía de Vitória - 1992 Foto: Chico Guedes
Editoração - Eletrônica Edson Malfez Heringer
Impressão - Gráfica Ita
Fonte: Escritos de Vitória, nº 13 – Esportes- Prefeitura Municipal de Vitória e Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 1996
Autor: Július César Carvalho Silva.
Nascido em Cachoeiro de Itapemirim (ES). Jornalista.
Compilação: Walter de Aguiar Filho, fevereiro/2020

Esporte na História do ES

Mora

Mora

É válido destacar, resgatando os costumes dos imigrantes italianos que vieram para o ES, os jogos de lazer, como mora, baralho e bocha, ainda praticados pelos descendentes em Santa Teresa

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Festas, regatas, futebol e carnaval - Por Luiz Buaiz com texto de Sandra Medeiros

Em 1921, ano em que Luiz Buaiz nasceu, crescia na cidade o interesse por futebol

Ver Artigo
Apresentação do livro Escritos de Vitória - Esportes

O esporte abre caminhos. No Brasil, por exemplo, onde a ascensão social é driblada pela má distribuição de renda, a prática esportiva é opção de muitos

Ver Artigo
Introdução do Livro Escritos de Vitória - Por Jorge Alencar

Estes Escritos de Vitória revelam traços de figuras de Vitória — de desportistas, na sua maioria, e não de literatos

Ver Artigo