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Jerônimo Monteiro - Capítulo VI

Jerônimo Monteiro acompanhado pelo irmão, bispo diocesano Dom Fernando em frente à Catedral de Vitória, após as exéquias do Barão do Rio Branco (1912). APEES — Coleção Jerônimo Monteiro

Façamos um resumo das causas da situação financeira do Estado, segundo a Mensagem do Dr. Jerônimo, em 1912, e o noticiário dos jornais da Biblioteca Pública, além de outras fontes informativas consultadas: Havia o honrado Presidente José Marcelino Pessoa de Vasconcelos (1898-1900) tomado ao Banco da República do Brasil, depois Banco do Brasil, um empréstimo de 1.500:000$000, operação autorizada pelo Congresso Estadual, na Lei n° 322, de 28 de fevereiro de 1899, para enfrentar a depressão das rendas estaduais e prosseguir na construção da estrada de ferro Sul do Espírito Santo, empresa dispendiosa — repetimos, porque numa topografia acidentada, com altitudes que superavam até seiscentos metros, teria de vencer desfiladeiros abruptos e ladear encostas, ora agrestes, ora desnudas. Lembremo-nos do Morro do Sal!

Eram de 8% os juros avançados e o capital amortizado, em três anos, à razão de 500:000$000 anuais. Como garantia da operação, o Estado apresentou as Agências Fiscais de Santo Eduardo, Mimoso do Sul e Itapemirim.

Em consequência das eleições realizadas em fevereiro de 1900, a 23 de maio, assumiu o Governo do Estado o Dr. José de Melo Carvalho Moniz Freire, pela segunda vez. Coube a Vice-Presidência ao Dr. Henrique Alves Cerqueira Lima. Teve, igualmente, de enfrentar forte crise financeira, agora agravada pela seca — "a maior de todas as adversidades com que o Estado tem-se visto a braços", conforme declarava, na Mensagem apresentada ao Congresso Legislativo, a 8 de setembro de 1902.

Viu-se o Dr. Moniz Freire obrigado a pedir moratória aos credores estrangeiros e, podemos dizer, congelar as contas, medida cujos efeitos repercutiram no Governo seguinte, de 1904 a 1908.

Seriam exaustivas e inoportunas as minúcias em empréstimo realizado pelo Dr. José Marcelino e consequente aumento do seu compromisso, consequente das medidas adotadas pelo Dr. Moniz Freire, acima registradas. O certo é que, em fevereiro de 1907, a dívida ultrapassava 2.300:000$000, situação agravada desde 1901, com a falta de pagamento desse e de outros encargos assumidos na Europa, em 1894, no primeiro quadriênio do Dr. Moniz Freire.

Recorreu, então, mais uma vez, o Cel. Henrique Coutinho ao Dr. Jerônimo e encarregou-o de providências para solucionar as dificuldades mediante uma operação que liquidasse a dívida do Banco do Brasil, e a alienação da Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo a alguma empresa poderosa.

Os credores rondavam a Capital. E felizmente para o Estado o transporte dependia de vapores, em determinados dias. Não se tratava, ainda, das viagens, de surpresa, dos modernos aviões...

No seu Relatório, diz o Dr. Jerônimo:

Valendo-me de relações particulares, pude, a grande custo, celebrar, com o Sr. Cel. José Vicente Xavier Lisboa, o contrato de 31 de dezembro próximo findo, pelo qual ele se obrigava a adquirir a dívida do banco, no prazo de três meses e dar quitação da mesma ao Estado, recebendo em pagamento, 1250 apólices de 1:ooo$ooo — juros de 6%, e 1000 apólices de 1:ooo$ooo — juros de 5%.

O Cel. Henrique Coutinho fez uma caução de 30:000$000.

Liquidou-se a operação a 9 de fevereiro de 1907, quando a dívida apurada elevava-se a 2.308:099$250 (Confirma-se o que registramos: “ultrapassava 2.300:000$000").

As vantagens dessa operação foram assim discriminadas:

1) Transformar em consolidada uma pesada dívida flutuante;

2) Conseguir para a solução da mesma, que era exigível a qualquer hora, prazo superior a vinte anos;

3) Obter a liberação das rendas das Agências Fiscais já enumeradas;

4) Colocar acima do par as apólices da nova missão de 25 de janeiro de 1907.

O Relatório ao Presidente do Estado datou de 7 de março de 1907, no Rio de Janeiro, e foi publicado a 9 de abril, no “Jornal Oficial", na Vitória.

Outra vantagem foi que os juros de 2.308 contos de réis, a 8%, eram 188 contos anualmente, ao passo que as apólices — 2.250 contos — exigiam apenas 125 contos, portanto com a diferença de 63 contos por ano, que, capitalizados a 5%, concorreriam para a liquidação da dívida.

Tratava-se, portanto, para aquele tempo, de uma operação brilhante, que se refletiu, beneficamente, no crédito do Estado, enquanto a alienação da Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo possibilitou a conclusão do trecho Cachoeiro-Matilde, porque a Leopoldina providenciou, logo, estudos para o reinício das obras. Antes mesmo da aprovação pelo Congresso Legislativo do Estado ao contrato da venda, a empresa, a 18 de julho de 1907, despachou, para Cachoeiro do Itapemirim, o Engenheiro Marcelino Ramos da Silva, a fim de estudar, no terreno, a projetada ligação.

É certo, porém, que as paixões políticas arrastam, algumas vezes, os homens a atitudes que repercutem na coletividade, e prejudica-os a si próprios, além de comprometer o nome do Estado, fora e dentro de suas fronteiras. Aquela operação difícil e brilhante, para o tempo, realizada pelo Dr. Jerônimo, consagrou-o, naturalmente, candidato ao quadriénio que se aproximava; custou-lhe, porém, durante anos, dolorosa via de injustiças e outras amarguras.

O "Correio da Manhã" de 23 de março de 1907, em artigo rubro, qualificou a operação bancária de "Ladroeira Despejada"; mas o Dr. Jerônimo nada respondeu, embora acusado duramente e chamado a depor, de modo veemente, na Câmara Federal, pelo Deputado Graciano Neves, a 31 de maio do mesmo ano, e noutros discursos, respondidos brilhantemente pelo Deputado Torquato Moreira, na sessão de 1° de junho seguinte, quando explicou a operação, com clareza e sinceridade, de modo a mudar, por completo, o julgamento da Câmara sobre o assunto, e desanuviar-se o ambiente. Conduziu mesmo alguns Deputados a manifestar-se em concordância com a operação bancária. Destacou-se o Deputado Paulo Ramos que, em certa altura, declarou: — "Eu tinha dúvidas a respeito da operação, mas, pela brilhante exposição de V. Exa., estou convencido que ela foi boa para o Estado".

O Dr. Graciano Neves continuou sua cruel oratória contra o Dr. Jerônimo, embora, de certo, soubesse que são sigilosas certas minúcias de negócios financeiros. Era inteligente e culto.

O Deputado Torquato Moreira, em brilhante discurso, prosseguiu:

Senhor Presidente — Responderei ao nobre Deputado, lembrando, apenas, que o faço com verdadeiro pesar, porque brasileiro sou — que não é o Dr. Jerônimo Monteiro o primeiro homem público que, pelas colunas do mesmo ilustre órgão — o "Correio da Manhã", foi acoimado de desonesto. Não é o primeiro. Antes de S. Exa. homens os mais ilustres, notáveis pelo seu saber, pelos seus grandes serviços à Pátria, têm sido acremente acusados.

O discurso é extenso. Finalizou:

Posso agora concluir, Sr. Presidente, dizendo que, felizmente, não está tudo perdido, entre nós; que, ainda, há homens honrados neste país e que as acusações levantadas contra os nossos homens públicos não são senão um fenômeno muito especial, característico de nossa falta de educação política, aliás muito para se lamentar e combater. E ao deixar a tribuna a que ascendi, apenas, para cumprir um dever, para mim iniludível, folgo em dizer que, transmitindo o telegrama que li ao Dr. Jerônimo Monteiro, o Presidente do Espírito Santo não abriu uma solução de continuidade, na sua tradicional honestidade.

O telegrama era: — "Rio, 27 de maio de 1907. Dr. Jerônimo Monteiro. Hotel dos Estados. Peço dê publicidade que, sabendo das insinuações e censuras que têm publicado aí inimigos da situação dominante no Estado, com o fim manchar V. Exa. e a mim, apresso-me declarar que operação financeira, para liquidação dívida Estado com o Banco do Brasil, mereceu minha aprovação e da opinião pública do Estado. Declaro-me pois solidário com V. Exa. na repulsa que essas acusações merecem e garanto merecer-me V. Exa. inabalável confiança. Henrique Coutinho, Presidente do Estado.

Terminaram, assim, os debates sobre a operação bancária. Entretanto superior aos juízos das criaturas, porque, desde a infância, aprendera a confiar na Providência Divina, o Dr. Jerônimo jamais perdeu, nessa e noutras passagens tormentosas, a serenidade e a firmeza de suas atitudes, nem se desviou do roteiro conducente à projeção do Estado no cenário nacional.

Tratemos, agora, da alienação do Sul do Espírito Santo à Leopoldina Ry.

A 9 de julho desse ano, o "Jornal Oficial" noticiava: "Está efetuada a compra da Estrada de Ferro de Cachoeiro do Itapemirim pela poderosa companhia Leopoldina Ry. — S. Exa. o Sr. Presidente do Estado, já telegrafou, nesse sentido, ao digno fiscal da mesma estrada, Dr. Pio Ramos. Sabemos, também, que a Leopoldina vai fazer completa remodelação do material fixo e rodante".

Embora figurasse o Dr. João Luiz Alves como representante do Estado na venda do Sul do Espírito Santo, as negociações foram, de fato, conduzidas pelo Dr. Jerônimo.

A 1° de agosto de 1907, comunicava ele ao Cel. Coutinho:

Sr. Presidente Estado. Vitória. — Acabo receber comunicação oficial aprovação venda Sul do Espírito Santo, pela Assembleia dos acionistas da L.R., em Londres. Só agora ficou definitiva a transação que recebeu enorme auxílio do Governo Federal. O Ex. Se. Conselheiro Afonso Pena mostrou praticamente seu interesse pelo progresso de nossa terra. A ele a nossa gratidão e a V. Exa. muitos aplausos e congratulações, pelo acertado passo que trará vantagens incalculáveis para o nosso Estado e tornará notável seu Governo. Saúde. Jerônimo Monteiro.

O "Diário da Manhã", de 25 de agosto de 1907, divulgava o seguinte telegrama, do dia 24:

Ex. Sr. Presidente do Estado. Vitória. — Tenho a honra de comunicar a V.Exa. que estando terminada a aquisição da Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo, cuja escritura definitiva foi lavrada, no dia 22 do corrente, fiz seguir comissão no paquete Espírito Santo, que se apresentará a V. Exa. para tomar conta da mesma Estrada. Apresento a V. Exa. respeitosas saudações. Knox Little, Superintendente Geral.

A alienação da Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo foi aprovada na Lei n° 494, do Congresso Legislativo do Estado, sancionada a 22 de novembro de 1907, pelo Presidente do Estado e publicada no "Jornal Oficial" de 27 seguinte.

No Art. 2°, dizia que "os 3.000:000$000 seriam aplicados:

a) Na aquisição de títulos correspondentes três anos de amortização da dívida externa de 1894;

b) Na liquidação do débito proveniente do contrato de 12 de dezembro de 1899 com o Banco de Paris e Pays Bas;

c) No pagamento da quota de amortização da dívida externa relativo ao presente ano (1907) e juros de 2° semestre, também deste ano;

d) No resgate da dívida flutuante e pagamento de juros de apólices, pelo modo que o Governo julgar mais conveniente;

e) Na fundação de núcleos coloniais, e, finalmente:

f) Nas despesas da operação.

No art. 3° afirmava que o "Governo determinará as operações de créditos necessários, para os fins da Presente Lei, aplicando ao serviço da fundação de Núcleos coloniais as sobras que se verificarem nas verbas dos §§ 5° e 6°, do Art. 1°, da Lei n° 454F do ano passado".

 

 * * *

 Simultaneamente, o Estado vendeu à mesma Companhia a Estrada de Ferro Caravelas por 1.500:000$000, com a obrigação de construir as suas expensas (da Companhia) um trecho de setenta quilômetros, em direção a Afonso Cláudio. A 17 de janeiro de 1908, o "Diário da Manhã" noticiava que o

Dr. Jerônimo, como representante do Estado, assinara a escritura relativa a essa alienação.

Auxiliado, assim, pelo Dr. Jerônimo, lutou o Presidente Coutinho e venceu, de modo a conseguir o domínio da situação, para, criteriosamente e calmo, conduzir o frágil barquinho capixaba.

No Relatório de 1908, registrava o mesmo Presidente a situação financeira em que se encontrava o Estado e as providências tomadas, para o equilíbrio da sua Administração; o que fizera pela educação da mocidade, com as escolas primárias criadas, a reorganização da Escola Normal e a instituição do Ginásio do Espírito Santo; o que promovera sobre a imigração, com o início do Núcleo Afonso Pena; os melhoramentos realizados na Capital, como o alargamento e consequente jardim do Largo do Palácio, ou Praça Dr. João Clímaco.

A 24 de outubro de 1906, o Presidente Henrique Coutinho sancionaria a Lei n° 460, criadora do Ginásio Espírito-Santense, cujo Projeto apresentado ao Congresso Legislativo do Estado, pelo Deputado Monsenhor Eurípedes Pedrinha, com o substitutivo do Dr. Diocleciano de Oliveira, foi, na verdade, ideia de Dom Fernando de Sousa Monteiro. O Ginásio iniciou as aulas a 11 de abril de 1908, sob a direção do Dr. Henrique Alves de Cerqueira Lima.

Para o Núcleo Afonso Pena, o Presidente do Estado contratou a vinda de cento e cinquenta famílias de colonos estrangeiros. Comissionou, ainda, o Cel. Henrique Coutinho o Ten. Cel. Cristiano Espíndula para ir à Ilha de São Miguel escolher cinquenta famílias de lavradores e trazê-las para início da viticultura, no Estado.

Deve-lhe o Espírito Santo consolidar a viação férrea, com a alienação das estradas à Leopoldina Ry., o que facilitou as ligações ferroviárias do Sul do Estado a Minas Gerais, e da Vitória ao Rio de Janeiro.

No seu Governo, foi realizado o serviço de bondes a tração animal na Vitória, sendo empresário o Cel. Aristides Navarro. A linha de bondes ia da Avenida Schmidt ao Forte de São João, e da Praça Santos Dumont à Rua 7 de Setembro. Cada secção era de 100 réis.

A 5 de março de 1907, o Presidente Coutinho concedeu ao Colégio Nossa Senhora Auxiliadora o privilégio de suas alunas prestarem exames na Escola Normal do Estado e, assim, receberem o diploma de professoras. Foi medida preliminar, para a equiparação do educandário, que se reanimou com a vinda de alunas do interior para o seu internato e com a preferência das famílias vitorienses, para suas filhas.

Lembremo-nos, agora, de que, muito antes de liquidados os negócios das estradas, já se cogitava da sucessão presidencial do Estado: movimentavam-se as opiniões e fervilhavam os palpites.

Escureciam-se os horizontes.

Tudo indicava tremenda luta política, ao passo que, amigo íntimo do Dr. Moniz Freire, desde a visita feita ao Espírito Santo, em 1893, para firmar o convênio, segundo a Lei Mineira n° 56, de 18 de julho do mesmo ano, o Conselheiro Afonso Pena, então Presidente da República, desejava, sinceramente, conciliar a política espírito-santense.

Voltou-se, novamente, o Cel. Henrique Coutinho para Dom Fernando: que aceitasse a candidatura à Presidência do Estado, no futuro quadriênio, a fim de congraçar as diversas correntes políticas.

Dotado de elevado conhecimento dos homens e dos fatos, prudente e conciliador, amigo, tanto do Cel. Henrique da Silva Coutinho quanto do Dr. Moniz Freire, em cujo governo recebera finezas, Dom Fernando exercia, pela força de sua personalidade e apurada inteligência, ação nobre e segura em benefício da coletividade.

Pensa e reza.

Não. Era um filho de São Vicente de Paulo; jamais deixaria a humildade do trato com as almas, para investir-se de funções estranhas à Santa Vocação. Trabalharia, sempre, na modéstia e na pobreza.

(Sentadinha, num canto do escritório, às voltas com os seus desenhos infantis, uma estudante tudo apreciava das entrevistas. Guardou a frase: "Minha vida é de Nosso Senhor". (Quem poderá duvidar da atividade mental de uma criança quietinha?...)

Finalmente, o Sr. Bispo apresenta uma solução ao venerando Presidente: Jerônimo seria o candidato, ao passo que ele. Dom Fernando, continuaria atento a tudo o que se relacionasse com o benefício do Estado.

Dos entendimentos desenvolvidos pelo Dr. João Luís Alves, encarregado pelo Conselheiro Afonso Pena de reunir, num acordo, as correntes políticas chefiadas pelo Cel. Henrique Coutinho, Dr. Moniz Freire e Tor- quato Moreira, surgiu, em consequência da passagem com o Sr. Bispo, a candidatura do Dr. Jerônimo ao Governo do Espírito Santo.

Em agosto de 1907, já se lhe preparava, na Vitória, manifestação de apreço. A 6 de setembro, mesmo antes da Convenção, que a 16 de outubro o indicaria às próximas eleições, entrava ele, festivamente, em Cachoeiro do Itapemirim. No dia 8, era recebido, em triunfo, na Vitória, com a presença do Presidente Henrique Coutinho, na Estação de Argolas, enquanto o concurso popular consagrava-o, naturalmente, seu candidato, e antepunha-se, portanto, à referida e definitiva Convenção, para a Presidência do Estado.

Na Convenção realizada, no Palácio Presidencial, o Cel. Henrique da Silva Coutinho assim apresentou o candidato:

O Dr. Jerônimo Monteiro pertence a uma das mais representáveis famílias do Espírito Santo. É digno irmão do atual Bispo Dom Fernando de Sousa Monteiro, ilustre sacerdote, virtuoso, cheio de bondade e partidário extremado da difusão do ensino, tendo criado nesta Diocese dois institutos de ensino secundário.

O Dr. Jerônimo já representou o nosso Estado, na Câmara dos Deputados, deixando traço brilhante de sua passagem, conquistando a estima e o respeito dos seus pares, pelo seu espírito reto e por sua dedicação à causa pública. O Estado deve-lhe relevantes serviços, que o espírito partidário não conseguirá desmerecer, à vista eloquente dos fatos.

Apenas alguns convencionais divergiam dessa Convenção: Monsenhor Pedrinha que, logo ao início, proferiu forte e extenso discurso, a fim de provar a inelegibilidade do candidato; Pinheiro Júnior e José Belo de Amorim. Monsenhor Pedrinha apresentou-se, ainda, como delegado dos Drs. José Coelho e Eduardo de Carvalho. Dias após, no Congresso Legislativo Estadual, o Deputado José Belo de Amorim, presente à sessão de 24, votou na Moção ao Cel. Henrique Coutinho, pela escolha dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência do Estado. E continuou a prestigiá-los, com o seu apoio. O Dr. Graciano Neves foi contra.

No dia 20 de outubro, realizou-se a grande manifestação ao Dr. Jerônimo de Sousa Monteiro, que foi saudado, em nome do povo, pelo Dr. Thiers Veloso, cunhado do Dr. Torquato Moreira. A Rua José Marcelino ficou inteiramente tomada pelo povo, e os oradores sucediam-se, numa tribuna ali colocada. Vivas!... (o capixaba antigo vibrava em dar vivas!...) Marche aux flambeaux!

Em agradecimento, o Dr. Jerônimo respondeu aos manifestantes, e produziu notável oração que, segundo a imprensa local, foi verdadeiro programa de Governo.  

 Notas:

A presente obra da emérita historiadora Maria Stella de Novaes teve sua primeira edição publicada pelo Arquivo Público do Estado do Espírito Santo -APEES, em 1979, quando então se celebrava o centenário de nascimento de Jerônimo Monteiro, um dos mais reconhecidos homens públicos da história do Espírito Santo.

Esta nova edição, bastante melhorada, também sob os cuidados do APEES, contém a reprodução de uma seleção interessantíssima de fotografias da época — acervo de inestimável valor estético-histórico, encomendado pelo próprio Jerônimo Monteiro e produzido durante o seu governo — que por si só, já justificaria a reimpressão, além do extraordinário conteúdo histórico que relata.

 

Autora: Maria Stella de Novaes
Fonte: Jerônimo Monteiro - Sua vida e sua obra
2a edição Vitória, 2017 -  Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (Coleção Canaã Vol. 24)
Compilação: Walter de Aguiar Filho, julho/2019

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