Luiz Buaiz - Hospitais e preventórios
Luiz Buaiz recorda momentos raros e preciosos na história do atendimento médico em Vitória. Momentos em que se fazia Medicina com amor, devotada e responsavelmente. Ele lembra que esse era o procedimento comum e apresenta um exemplo: “Na Ilha do Dr. Américo, quando houve uma epidemia de cólera, prepararam um hospital, mas felizmente não houve nada. Você tomava uma lanchinha ou um barco, ia e voltava e carregava os doentes, os médicos e o pessoal que trabalhava lá”.
E destaca os grandes profissionais idealistas e humanitários, que foram indispensáveis ao Espírito Santo. Gente que faz falta hoje. Luiz Buaiz dá o crédito de muitas realizações, entre as quais a construção de casas de saúde. Lembra: “Deve-se a Jayme Santos Neves a construção do Hospital Getúlio Vargas, que era o Sanatório Getúlio Vargas, onde internavam os tuberculosos, e ali se fez muita coisa. Passaram por lá muitos médicos brilhantes: Jayme, Ovídio Paoliello, Jurandir Flossal, Wilson Simões Ferreira... Essa é a turma que passou por lá”.
Princípios elevados estão fazendo falta. E a nobreza de caráter é destacada por Luiz Buaiz quando diz: “Jayme Santos Neves, embora irmão do governador, nunca desfrutou de coisa alguma. Ele, que era titular do Departamento de Tisiologia, conseguiu, no Departamento Nacional de Saúde, a construção do Hospital Getúlio Vargas, da mesma forma que foi feito o Pedro Fontes, que era para os leprosos... Então, havia essas referências. E ninguém sabe o seguinte: ali no Pedro Fontes tem um Preventório, o Alzira Bley. Porque você internava o doente no leprosário e os filhos iam para o Preventório. Os tuberculosos, em Vila Velha, tinham o Preventório Gustavo Capanema, que hoje parece que é uma escola ou uma coisa dessas, e naquela época os filhos dos tuberculosos iam pra lá. Tudo isso...”
Naquele tempo, o que era novo começava aqui, assegura Luiz Buaiz, que acrescenta: “Coube a um capixaba, que viveu no Rio de Janeiro, Gerson Teixeira, o início da cirurgia toráxica no Brasil. Então veja você. Era isso que existia. Olha, hoje, quando eu vejo que você abre uma gaveta, pega um remédio e dá e manda o sujeito ir embora... Houve muita evolução, mas infelizmente não foi acompanhada pelo carinho. Pra mim, a mais dignificante profissão é a de médico. É a que mais nos aproxima de Deus. Porque ele, o médico, é que dá a saúde e nos prorroga a vida quando Deus permite. E o médico tinha que ser uma pessoa diferente. Com um sentimento de filantropia e de amor que caracterizava as gerações que eu vivi”.
E indaga: “Quantos eram assim? Você sabe? Bezerra de Farias, um pediatra dedicadíssimo, que morreu na miséria lá no Rio Grande do Norte. Ele era nordestino. Uma semana antes eu recebi dele um bilhete pedindo para eu mandar uns documentos que ele ia tentar se aposentar. E não deu tempo nem disso.
E Cassiano Antônio Moraes, que morreu novo, novo, novo, de câncer de pulmão? Fazia pena ver. Dedicadíssimo. Isso não é lembrado, poucos sabem... Então, não há um respeito por aqueles que fizeram alguma coisa em favor de terceiros”.
PRODUÇÃO
Copyright by © Luiz Buaiz – 2012
Coordenação do Projeto: Angela Buaiz
Captação de Recursos: ABZ Projetos
Texto e Edição: Sandra Medeiros
Colaboraram nas entrevistas:
Leonardo Quarto
Angela Buaiz
Ruth Vieira Gabriel
Revisão: Herbert Farias
Projeto e Edição Gráfica: Sandra Medeiros
Editoração Eletrônica: Rafael Teixeira e Sandra Medeiros
Digitalização: Shan Med
Tratamento de Imagens: TrioStudio; Shan Med
Fonte: Luiz Buaiz, biografia de um homem incomum – Vitória, ES – 2012.
Autora: Sandra Medeiros
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2020
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