Luiz Buaiz - No Centro de Saúde
As coisas aconteceram assim: primeiro Luiz Buaiz voltou à sua cidade. Depois, chegando, teve uma primeira oportunidade. Ele conta: “Eu comecei na Santa Casa, em 1947. Depois, em 1948, é que fui para o Centro de Saúde, onde fiz Venereologia”.
“Os grandes males da época eram sífilis, doenças venéreas, tuberculose (quem tivesse se confinava até morrer) e lepra. Hoje você abre uma gaveta e pega uns comprimidos e manda o cara pra tomar em casa. Você fazia arsênico na veia. Cansei de fazer arsênico na veia... Eu morava lá na Santa Clara. Em frente tinha a casa que foi de um governador, Nestor Gomes. Ali era um centro de tratamento rápido. O sujeito que tinha sífilis ia pra lá pra tomar arsênico na veia todo dia. E não curava”.
Para Luiz Buaiz, desumanizaram a Medicina: “Eu sou do tempo em que se confiava no médico. A relação médico-paciente desapareceu. Há coisa de uns três ou quatro anos, uma senhora já idosa, Dona Ilca, que tinha tido indicação pra ser internada, chamou o filho e disse: ‘Só interno se o Dr. Luiz Buaiz disser que preciso internar.’ E realmente eu fui vê-la, na Rua Barão de Monjardim. Pouco tempo depois ela morreu, mas percebia-se a confiança que a pessoa tinha no médico e no farmacêutico. O médico de família saía visitando todo mundo a troco de nada, ninguém ficou rico. O próprio Dório Silva, que foi o ídolo das gerações de médicos que eu vivi, não enriqueceu. Os médicos, eles eram vocacionados. O médico tinha orgulho de saber que era médico. Havia humildade entre nós. Quando o caso era complicado, todo mundo se reunia pra discutir, pra chegar a uma conclusão”.
A pressa substituiu a cuidadosa e devotada atenção a cada paciente, lembra ainda Dr. Luiz: “Eu me lembro muito. Você examinava o doente, abria uma chave de diagnóstico diferencial. Pode ser isso, isso e aquilo. O exames de laboratório eram pouquíssimos. Era um raio X simples, exame de urina, glicose, ureia... Hoje o sujeito está com uma dor de cabeça, vai fazer uma tomografia, uma ressonância, muito médico não sabe nem interpretar aquilo. E a coisa foi se especializando, até com justas razões, mas o cara tem que ser formado médico pra entender de tudo pra depois se especializar no que ele queria, que era o que a gente fazia. Dório fazia ortopedia, cirurgia, ginecologia, obstetrícia, clínica. Fazia tudo e nunca deixou de atender ninguém. Ninguém voltava”.
PRODUÇÃO
Copyright by © Luiz Buaiz – 2012
Coordenação do Projeto: Angela Buaiz
Captação de Recursos: ABZ Projetos
Texto e Edição: Sandra Medeiros
Colaboraram nas entrevistas:
Leonardo Quarto
Angela Buaiz
Ruth Vieira Gabriel
Revisão: Herbert Farias
Projeto e Edição Gráfica: Sandra Medeiros
Editoração Eletrônica: Rafael Teixeira e Sandra Medeiros
Digitalização: Shan Med
Tratamento de Imagens: TrioStudio; Shan Med
Fonte: Luiz Buaiz, biografia de um homem incomum – Vitória, ES – 2012.
Autora: Sandra Medeiros
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2020
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