Luiza Grinalda
Luiza Grinalda foi viúva de Vasco Fernandes Coutinho Filho, e por conta disso é homenageada com nome de rua que começa na Prainha de Vila Velha, ladeando o morro do Convento e vai até a atual Av. Champagnat.
Por conta de pesquisa de sua história, pela professora Maria Stela de Novaes, que tinha oportunidades em acessar informações junto a administração estadual, e por iniciativa própria, ao divulgar que a mesma seria Grimaldi, e não Grinalda, surgiu polêmica, uma pendência até hoje não resolvida.
Imagino a dúvida, a angústia de algum proprietário ou residente, do citado logradouro, ao ficar sem saber ao certo onde mora: na rua Luiza Grinalda ou na rua Luíza Grimaldi.
Pois bem, vamos lá:
A já há muito falecida professora, grande pesquisadora capixaba, e precursora de linha feminista na participação da mulher na literatura, nas ciências e diversos ramos do saber, publicou na imprensa de Vitória, no Folhetim do Jornal do Commercio, artigo com o título: A governadora Luiza Grimaldi. Tal matéria depois foi reproduzida por transcrição na imprensa da Capital em meados para o final do século XX.
Informa que os pais de Luiza foram Pedro Álvares Corrêa (português) e Catarina Grimaldi. Seria interessante obtermos disso os documentos primários. O pai dela, estivera na Itália em missão diplomática e isso justificava o casamento com a italiana Catarina. Por sua vez essa seria filha de Honorato I, Barão de Beuil, falecido em 1537 e membro da primitiva Casa dos Grimaldi. Não se deve confundir o nome do pai dela com Honorato I do Principado de Mônaco que faleceu em 1581. Não se sabe como se deu seu casamento com Vasco Filho. Aqui, ao falecer seu marido, de quem não deixou filho, assumiu o governo da Capitania, havendo no seu mandato:
- assalto do pirata Tomas Cavendisch;
- recepção dos primeiros franciscanos que vieram depois da morte de Frei Pedro Palácios;
- recepção dos beneditinos, que aqui estiveram em breve período, e que receberam doação de Luísa;
- recepção ao primeiro Bispo Prelado do Rio de Janeiro, Padre jesuíta Bartolomeu Simões Pereira que aqui procurou refúgio, e viveu certo tempo;
- em seu tempo conviveu como o Padre Anchieta que e aqui estava quando da morte do donatário Vasco Filho a quem lhe deu assistência espiritual;
- em 1591 fez doação aos franciscanos do outeiro da Penha em Vila Velha e o de São Francisco em Vitória, por escritura confirmada por Decreto de 7.3.1592 do Administrador Prelado Bartolomeu Simões Pereira.
Terminou seu mandato em 1593 passando-o para Francisco de Aguiar Coutinho. Retirou-se da Capitania retornando para Portugal. consagrou-se ao Serviço de Deus com o nome de "Sor" Luisa das Chagas. Tornou-se freira, irmã de caridade, mulher recolhida como se dizia na época. Era comum mudar de nome ao entrar numa ordem religiosa católica. Viúva também podia entrar numa ordem religiosa feminina.
Faleceu no Convento do Paraíso, das Dominicanas, em Évora Portugal, em 1626, aos 85 anos de idade, "mais ou menos", conforme declaração prestada no Processo de Canonização de Anchieta. Então nascera provavelmente em 1541, e deixara a Capitania do Espírito Santo aos 52 anos de idade, uma anciã para a época.
No "Poemeto Descrito" de 1884, o Padre Francisco Antunes de Sequeira, consta no canto XIV:
Possuía Vila Velha os seus brasões
De alta fidalguia portuguesa,
E nela generosos corações
Primavam pela mais reals nobreza.
Luiza de Grimaldi, em doações,
Fez ricos a miséria e a pobreza;
Com os excessos de da sua potestade
Muitos cofres encheu de Caridade.
Na obra Páginas de História Franciscana no Brasil, no que tange ao Convento da Penha, pág. 200, de autoria de Frei Basílio Rower Ofm, nos transcreve na integra a escritura de doação feita por Luiza Grinalda e não Grimaldi, aos frades, e no máximo admite entre conchetes Grimalda.
Na reprodução da escritura lê-se na grafia antiga conforme tivemos acesso carta de doação de 1591, o sobrenome Grinalda.
Pelo princípio histórico o documento mais antigo, conexo ao Convento no caso, se refere a Grinalda e não Grimaldi.
Na placa de identificação de rua fixado em meados do século XX, consta rua Luisa Grinalda e não Grimaldi. Esse logradouro na planta cadastral de 1894 elaborada pelo engº Antonio Francisco de Athayde, consta que era chamada rua Dona Luisa Grinalda ladeando o Torrão, toponímia dada a pequenas barrancas do sopé do morro da Penha.
- dicionário prático ilustrado - Lello vol III 1964 - Porto - Portugal, temos o verbete: Grimadi - antiga e ilustre família genovesa a quer pertenceram até 1715, os príncipes de Mônaco, época em que foram substituídos pela Casa dos Goyon-Matignon.
- em meados dos anos 50 com ampla divulgação pelas revistas O Cruzeiro e Manchete do casamento da atriz americana Grace Kelly com o Príncipe Renier de Mônaco da Casa dos Grimaldi, tornou interessante esclarecer se haveria parentesco com a nossa Luisa, o que foi descartado pela própria Maria Stella no artigo que escreveu. Ao que se sabe inclusive que nem os atuais Grimaldi de Mônaco eram Grimaldi, mas por negociação passaram a ser.
- Grinalda em verbete de dicionário é: Festão de flores de verdura. Enfeite de pedrarias em forma de festão. Ornato ornamental de flores e folhas. Moldura da popa de um navio. E grinalda é um enfeite que consta no alto do altar mor, da Igreja do Rosário.
Então a nosso ver, mesmo que tenha existido em nosso meio uma Luisa Grimaldi, na consagração popular seu sobrenome foi aportuguesado, para Grinalda e merece assim ser divulgado, sem prejuízo de que a dúvida pode contribuir para aprofundar pesquisa sobre a biografia da mesma e em paralelo esclarecer fatos de nossa historiografia, e a trazer à luz, revelações inéditas.
Um verdadeiro Códice em torno do assunto pode ser montado e coordenado pela Casa da Memória de Vila Velha, juntando num volume todas informações a respeito, de preferência primárias.
Por: Roberto Brochado Abreu, membro da Casa da Memória de Vila Velha em (17/09/2009),
Dona Luzia Grinalda, nora de Vasco Coutinho, era casada com Vasco Coutinho Filho. Ao falecer o “velho” Coutinho, herda o governo seu filho bastardo Vasco Fernandes Coutinho Filho
Ver ArtigoEm 1589, com a morte do donatário Vasco Fernandes Coutinho Filho, sucedeu-lhe no Governo da Capitania sua viúva, Dona Luísa Grinalda. O casal não tinha filhos para seguir a linha de sucessão. Dessa maneira, uma mulher herdou o posto e nomeou seu adjunto o Capitão Miguel Azeredo...
Ver ArtigoFui a Évora visitar o Convento de Nossa Senhora do Paraíso, para onde se retirou a primeira governadora em terras do Brasil, Dona Luísa Grinalda, logo após ter deixado a direção da Capitania do Espírito Santo
Ver ArtigoA Governadora Luiza Grimaldi e seu Adjunto, Miguel de Azeredo, e oficiais da Vila da Vitória, e assim os da Câmara desta Vila do Espírito Santo da dita Capitania que este ano de noventa e hum servimos, etc. Fazem saber...
Ver ArtigoO testamento confirma o ano de 1573 como o início do governo de Vasco Fernandes Coutinho (filho) e não a data tradicionalmente apontada, 1563, pela historiografia capixaba
Ver ArtigoNa história do Espírito Santo, um dos vultos mais emblemáticos conjuga-se na personalidade de Luíza Grinalda. Nascida cerca de 1541 e falecida após 1626, foi casada com o filho bastardo, perfilado, do primeiro donatário da Capitania: Vasco Fernandes Coutinho (VIº) Filho.
Ver ArtigoD. Luiza "Grinaldi", a governadora, firmou a doação da Penha ao franciscano Baltazar Lisboa. D. Luiza "Grinaldi" era filha de Pedro Alves ou Álvares Correia e de Catarina "Grinaldi"
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