Luísa Grinalda, a primeira Governadora
Em 1589, com a morte do donatário Vasco Fernandes Coutinho Filho, sucedeu-lhe no Governo da Capitania sua viúva, Dona Luísa Grinalda. O casal não tinha filhos para seguir a linha de sucessão. Dessa maneira, uma mulher herdou o posto e nomeou seu adjunto o Capitão Miguel Azeredo.
Luísa Grinalda assumiu a Capitania em 1589 e governou durante quatro anos, até 1593, quando perdeu o cargo em uma disputa judicial, para o parente mais próximo de Vasco Fernandes Coutinho Filho. Ele havia requerido e mais tarde ganhou a questão de adjudicação de direito de senhorio da Capitania do Espírito Santo.
Esse pretendente ao cargo de capitão-mor era Francisco de Aguiar Coutinho. Sua alegação era de que uma mulher não podia ter assumido o lugar do marido falecido, pois era vedado pela legislação. No entanto, a Coroa podia nomear um capitão-mor. Aliás, era o que acontecia quando um donatário, por qualquer razão, não assumia as suas funções.
Francisco de Aguiar Coutinho teve seu direito à sucessão reconhecido e Luísa Grinalda entregou o governo ao seu adjunto, Miguel de Azeredo, em 1593. Viajou para Portugal e recolheu-se ao Convento de Nossa Senhora do Paraíso, em Évora (Alentejo, Centro-Sul, cidade medieval, patrimônio histórico da humanidade).
Segundo documentação histórica, ela ainda vivia no ano de 1626, quando prestou depoimento no processo de beatificação do Padre José de Anchieta.
O vencedor da disputa, Francisco de Aguiar Coutinho, só assumiria a direção da Capitania do Espírito Santo depois de 1605. O capitão Miguel Azeredo permaneceu à frente do Governo de 1593 a 1605.
O acontecimento de maior relevância no governo de Luísa Grinalda foi o ataque de Thomas Cavendish, pirata inglês, à Baía de Vitória, em 1592.
O governo providenciou a colaboração dos índios goitacazes, acampados nas proximidades de Vila Velha. O cacique Jupi-açu atendeu ao chamado e lutou contra os invasores, com aproximadamente duzentos homens, entre índios e colonos. Construíram apressadamente dois fortins de taipa no morro em que noventa anos mais tarde ergueriam o Forte de São João.
Cavendish foi derrotado e voltou às embarcações. Perdeu cerca de oitenta homens durante a luta.
OBS: Há divergências, entre os historiadores, sobre o verdadeiro sobrenome da primeira mulher governadora nas terras do Brasil: Grinaldi, Grimaldi, Grimalda ou Grinalda.
Decidimos adotar o que se encontra registrado na documentação dos arquivos portugueses: Grinalda.
Fonte: Jornal A Gazeta, A Saga do Espírito Santo – Das Caravelas ao século XXI – 20/05/1999
Pesquisa e texto: Neida Lúcia Moraes e Sebastião Pimentel
Edição e revisão: José Irmo Goring
Projeto Gráfico: Edson Maltez Heringer
Diagramação: Sebastião Vargas
Supervisão de arte: Ivan Alves
Ilustrações: Genildo Ronchi
Digitação: Joana D’Arc Cruz
Compilação: Walter de Aguiar Filho, julho/2016
Dona Luzia Grinalda, nora de Vasco Coutinho, era casada com Vasco Coutinho Filho. Ao falecer o “velho” Coutinho, herda o governo seu filho bastardo Vasco Fernandes Coutinho Filho
Ver ArtigoFui a Évora visitar o Convento de Nossa Senhora do Paraíso, para onde se retirou a primeira governadora em terras do Brasil, Dona Luísa Grinalda, logo após ter deixado a direção da Capitania do Espírito Santo
Ver ArtigoLuiza Grinalda foi viúva de Vasco Fernandes Coutinho Filho, e por conta disso é homenageada com nome de rua que começa na Prainha de Vila Velha, ladeando o morro do Convento e vai até a atual Av. Champagnat
Ver ArtigoA Governadora Luiza Grimaldi e seu Adjunto, Miguel de Azeredo, e oficiais da Vila da Vitória, e assim os da Câmara desta Vila do Espírito Santo da dita Capitania que este ano de noventa e hum servimos, etc. Fazem saber...
Ver ArtigoO testamento confirma o ano de 1573 como o início do governo de Vasco Fernandes Coutinho (filho) e não a data tradicionalmente apontada, 1563, pela historiografia capixaba
Ver ArtigoNa história do Espírito Santo, um dos vultos mais emblemáticos conjuga-se na personalidade de Luíza Grinalda. Nascida cerca de 1541 e falecida após 1626, foi casada com o filho bastardo, perfilado, do primeiro donatário da Capitania: Vasco Fernandes Coutinho (VIº) Filho.
Ver ArtigoD. Luiza "Grinaldi", a governadora, firmou a doação da Penha ao franciscano Baltazar Lisboa. D. Luiza "Grinaldi" era filha de Pedro Alves ou Álvares Correia e de Catarina "Grinaldi"
Ver ArtigoConforme o padre Hélio Abranches Viotti (1966, p.218), durante o seu governo no Espírito Santo, D. Luísa não dava um passo sem que o venerando Pe. Anchieta fosse consultado: “era ele quem inspirava todos os seus atos”
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