Morro do Moreno: Desde 1535
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Luísa Grimaldi e o Padre Anchieta

Em 1935, na comemoração do 4º Centenário do Solo Espírito-santense, Miguel Aguiar, na exaltação de seu amor cívico, organizou a maior festa de Vila Velha, representando Vasco Fernandes Coutinho ao lado da nora Luísa Grimaldi (Oraide Freitas Lima)

D. Luísa Grimaldi, nascida em território italiano, com a morte do marido, Vasco Fernandes Coutinho filho, promoveu profícua gestão pública. Ela foi a primeira mulher a ocupar o mais alto cargo da administração no Espírito Santo, tendo sido no Brasil colonial precedida apenas por Leonor de Teles, em São Paulo, e Dona Brites, em Pernambuco. Consta que, na histórica direção, foi ela quem incentivou a vinda dos mais diversos religiosos que se tornaram o esteio da colonização européia na Capitania. Entre esses os frades franciscanos, em cujo sítio que lhes foi doado, o Morro das Palmeiras, ergueu-se mais tarde, pelo frei Pedro Palácios, o Convento da Penha, um dos mais importantes exemplares da arquitetura religiosa do Brasil colonial.

Conforme o padre Hélio Abranches Viotti (1966, p.218), durante o seu governo no Espírito Santo, D. Luísa não dava um passo sem que o venerando Pe. Anchieta fosse consultado: “era ele quem inspirava todos os seus atos”. Ela própria, já recolhida no Convento do Paraíso em Évora, em Portugal, demonstra a amizade havida com o taumaturgo do Novo Mundo. De acordo com o pe. Frota Gentil (1935, p.76), chamada a depor sobre Anchieta, no processo de beatificação do Padre, em 1626, d.Luísa testemunhou o “zelo e caridade com que assistira à morte do esposo Coutinho Filho; como com um simples sinal da cruz havia sarado seu filho, Pedro Alves Correia; o espírito de profecia com que fizera voltar aos homens, já dispensáveis, que ele mesmo levava para socorrer certo lugar cercado de inimigos”.

Revela-se em Anchieta, pelo depoimento de seus contemporâneos e por si próprio, tal estima pela pioneira governadora a ponte de tornar-se procurador solícito da Capitania do Espírito Santo e de seus moradores, mesmo depois que dona Luísa retirou-se para Portugal, em 1593, quando ficou adjudicado a Francisco de Aguiar Coutinho o direito de senhorio da capitania; conforme se pode deduzir da carta de Anchieta escrita da Bahia, a 1 de dezembro de 1592 ao capitão Miguel de Azeredo, cunhado e adjunto da governante.

Ter-se-ia revelado mais ainda defensor de Vitória, quando animara a dona Luísa para construção dos fortes de São Miguel e de São Marcos que haveriam de defender a cidade, sob o comando da mesma governante, frustrando o ataque do pirata inglês Thomas Cavendisch, depois que este saqueara a Capitania de São Vicente em 1592. Anchieta aliás, possivelmente o primeiro a fazer teatro no Espírito Santo, não deixou de imortalizar dona Luísa através de autos, escritos e ensaiados na Capitania, onde a governante cumpriu importante e histórico papel.

 

Autor: Gabriel Bittencourt, Cadeira nº 12 da AESL
Fonte:Revista da Academia Espírito Santense de Letras, Vitória - ES,2007
Compilação: Walter de Aguiar Filho, junho/2011
Nota do Site: A compilação abrangeu apenas uma pequena parte do texto. Seu título origianal chama-se: "A mulher na formação do Espírito Santo".

 

 

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