Nas Orelhas do Livro - Por Elmo Elton
Nem todos os autores que, no passado, escreveram a história do Espírito Santo, ou mesmo trabalhos abordando aspectos dessa história, citando-se além de outros, Basílio Daemon e Misael Pena, eram naturais deste Estado, embora tenham alguns deles vivido em nosso meio, onde granjearam estima no exercício de suas funções, ora administrativas, ora políticas. César Augusto Marques, maranhense, chegou a publicar, dizem que por encomenda de Pedro II, um Dicionário Histórico Geográfico e Estatístico da Província do Espírito Santo (1878), sem jamais ter tido qualquer contato com terra e gentes capixabas, daí dizer-se da razão de seu trabalho ter saído com tantas informações duvidosas, quando não totalmente incorretas. Em compensação, a História do Estado do Espírito Santo, escrita por José Teixeira de Oliveira e publicada em 1951, é tida como obra das mais bem documentada de nossa história, sem que seu ilustre autor tenha residido, tempo algum, nesta unidade da Federação, o que, afinal, não constitui novidade, quando se sabe que, de uns tempos para cá, autores estrangeiros, os chamados brasilianistas graças a pesquisas, inteligentemente conduzidas, às vezes, mesmo realizadas fora do nosso país, têm historiado e interpretado, com precisão, entre demais assuntos, a vida de brasileiros ilustres, também estágios diversos da formação de nossa nacionalidade, publicando, com frequência, livros dignos da maior atenção.
No Espírito Santo, sobretudo a partir da criação da Universidade Federal do Espírito Santo, registra-se o aparecimento de jovens historiadores, aqui nascidos, muitos deles já com excelentes trabalhos publicados referentes a temas estritamente locais, outros com teses de mestrado ou de doutorado, também versando assuntos congêneres, apenas aguardando a oportunidade de edita-los, todos cientes de que "uma das tendências atuais da historiografia brasileira privilegia a história local e regional, objetivando reconstruir um quadro econômico político e social tão completo quanto possível do processo histórico". Assinale-se que esses trabalhos, mais do que os aparecidos anteriormente, se revestem de caráter científico, são resultantes de pacientes pesquisas levadas a efeito, o mais das vezes, em arquivos, públicos e particulares, do próprio Estado.
Gabriel Bittencourt, dos que cursaram a UFES, sendo ali, agora, professor, "não quis ficar só na apresentação de teses de conclusão de curso, continua pesquisando, colhendo material para novos ensaios, com vários livros já entregues às livrarias, tendo outros em preparo, afora os que, ora concluídos, aguardam o momento de serem levados ao prelo.
Alguns aspectos da Independência ao Espírito Santo, em segunda edição, aumentada, confirma, de modo claro, sua vocação para a pesquisa histórica. Trata-se de significava contribuição ao estudo de independência em nosso Estado, durante o período de 1820 a 1824, numa abordagem transcendental a área regional, procurando detectar a conjuntura e estrutura que a geraram. O autor não se limita a estudar a questão apenas de modo superficial, porque, se assim o fizesse, estaria naturalmente repetindo coisas já ditas e sabidas, mas foi ao âmago das causas que levaram o povo do Espirito Santo a exigir, politicamente, nossa emancipação do jugo português. Valorizando as fontes primárias sem, contudo, abandonar a bibliografia existente sobre a matéria, em síntese valiosa, põe ao alcance da visão dos que o leram todos os contornos e nuances do movimento libertador, antes se detendo nos tantos tropeços que teve de ultrapassar a província, para sobreviver, tão esquecida vivia, então, dos favores da Coroa.
Livro de análise correta, sem floreios, tudo dito com equilíbrio de linguagem e acuidade crítica. Alguns aspectos da independência do Espírito Santo enriquece, sem dúvida, a historiografia capixaba, daí a sinceridade de nossos aplausos ao autor.
Vitória, dezembro de 1984.
ELMO ELTON
Fonte: Espírito Santo - Alguns Aspectos da Independência 1820/1824 - 2ª Edição - Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo,1985
Autor: Gabriel Bittencourt
Compilação: Walter de Aguiar Filho, abril/2022
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