Outros tempos – Por Pedro Maia
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Por onde andam os tipos populares que em outros tempos enfeitavam de maneira pitoresca (e às vezes prosaica) as ruas da cidade? Era um punhado de pobres coitados que faziam a alegria da garotada, e cada qual tinha o seu horário de aparecer e sua maneira peculiar de vida.
Destes, o único sobrevivente, que já está definitivamente integrado ao folclore capixaba, é o Otinho, o "Poeta do Povo", como ele próprio se denomina.
Mas, os outros? Por onde andará o velho Tenerá, que viajava a pé por todo o Espírito Santo levando consigo quase uma dúzia de cães recolhidos pelos lugares onde passava? E o Violão, que despejava sempre um montão de palavrões quando alguém gritava seu apelido nas ruas?
A respeito deste Violão contava-se que ele havia sido soldado na Polida Militar e, como tal, teria praticado muitas barbaridades no interior. Depois ficou maluco e as pessoas afirmavam que era resultado de praga rogada pela mãe de um rapaz que ele matou.
Existia também o velho Banho-Quente, que ficava uma fera quando gritavam seu apelido. Este era um ferroviário aposentado que sofrera um acidente quando uma caldeira da máquina onde trabalhava explodiu. A água fervendo se espalhou sobre seu corpo, originando daí o apelido que o acompanhou por toda a vida.
Existia também o Zé-Meleca, que sobrevivia fazendo publicidade para os antigos armazéns, precursores dos modernos supermercados. Zé-Meleca parava em frente ao armazém e fazia uma festa, falando em versos sobre as vantagens do estabelecimento. Depois, sempre levava alguma coisa para casa ou um dinheirinho para a pinga.
Existiam outros que, como estes, também se foram. Bons tempos aqueles, quando a cidade tratava seus malucos com carinho e cada qual podia curtir sua loucura com a certeza de não ser maltratado!
Capa: Helio Coelho eIvan Alves
Projeto Gráfico: Ivan Alves
Edição: Bianca Santos Neves
Lúcia Maria Villas Bôas Maia
Revisão: Rossana Frizzera Bastos
Produção: Bianca Santos Neves
Composição, Diagramação, Arte Final, Fotolitos e Impressão: Sagraf Artes Gráficas Ltda
Apoio: Lei Rubem Braga e CVRD
Fonte: Cidade Aberta, Vitória – 1993
Autor: Pedro Maia
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2020
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