Rubem Braga, um cachoeirense
A história do maior cronista brasileiro, o “sabiá da crônica”, começa em 12 de janeiro de 1913, em Cachoeiro de Itapemirim. Filho de Rachel Cardoso Coelho e de Francisco de Carvalho Braga, cresceu numa família numerosa, sempre perto do Rio Itapemirim.
O pai foi lavrador, comerciante, tabelião e o primeiro prefeito da cidade. O interesse do menino Rubem Braga pela palavra começou cedo. Como era costume naquela época, entre famílias bem posicionadas socialmente, Rubem foi alfabetizado em casa.
Depois cursou o primário numa escola que funcionava no prédio do Centro Operário de Proteção Mútua, também localizado na Rua 25 de Março, onde se situa o sobrado em que a família viveu a partir de 1920.
Mais tarde Rubem estudou no Colégio Pedro Palácios, que funcionou onde hoje é o Liceu Muniz Freire. De lá saiu aos 15 anos para estudar em Niterói. Ainda em Cachoeiro, publicou seus primeiros textos no jornal Correio do Sul, fundado por seus irmãos Jerônimo e Armando.
Em 1929 Rubem matriculou-se na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Dois anos depois transferiu-se para Belo Horizonte, onde terminou o curso. Contudo, nunca exerceu a profissão de advogado.
Já no último ano da faculdade, começou a atividade de jornalista, no jornal Diário da Tarde. Na ocasião, substituiu o irmão Newton, também escritor, que retornara para Cachoeiro. A primeira reportagem de Rubem Braga foi publicada em 7 de março de 1932.
Ele cobriu a Revolução Constitucionalista daquele ano, evento político que agitou o País. Paralelamente às matérias jornalísticas, começou a publicar crônicas. Nas décadas seguintes foi repórter e comentarista político em veículos de São Paulo, Recife, Porto Alegre e Rio de Janeiro.
Rubem Braga não escapou da perseguição do Estado Novo. Em 1944 e 1945 cobriu a campanha da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália, durante a Segunda Grande Guerra Mundial.
Naquela época atuava como correspondente do Diário Carioca. Após o fim do conflito, continuou a atividade de jornalista com passagem por países como Paraguai, Colômbia, Cuba, México, Estados Unidos, Portugal, França, Itália, Inglaterra, Grécia, Angola, Moçambique, África do Sul e Índia.
Em 1950 permaneceu em paris, onde enviava regularmente suas crônicas para o Correio da Manhã, do Rio de Janeiro. De volta ao Brasil fundou a Editora do Autor, tendo como sócio o escritor e amigo Fernando Sabino.
Em 1955 foi para Santiago do Chile, como chefe do Escritório Comercial do Brasil. Deixou o cargo em novembro do mesmo ano. Em uma nova sociedade com Sabino, criou outra editora, a Sabiá, empresa que sobreviveu até 1971.
No início da década de 1960 Rubem foi para o Marrocos, na África, como embaixador do Brasil. Permaneceu no cargo até 1963, quando pediu demissão. A partir daí escrever crônicas foi sua principal atividade, Publicava os textos semanalmente em diversos jornais brasileiros. Também fazia traduções.
De 1975 até 1990, ano em que morreu vítima de câncer, integrou a equipe de jornalismo da TV Globo. Seus textos eram apresentados uma vez por semana no Jornal Hoje.
Conhecido pelo temperamento sisudo, entre amigos o velho Braga se mostrava bem humorado e afável. Deixou um único filho, Roberto, também jornalista e escritor.
A memória da infância livre, vivida em Cachoeiro de Itapemirim, entre jogos de bola de meia e outras brincadeiras de rua, permeia sua obra.
Coube ao cronista revelar para ao mundo o bairrismo cachoeirense, esse sentimento que confere aos nascidos aqui um traço muito particular, no limite do exagero.
Fonte: Caderno Especial de A Gazeta – Bienal Rubem Braga, de 27 de maio de 2006
Compilaçâo: Walter de Aguiar Filho, agosto/2012
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